A Justiça do Pará determinou que os
quatro brigadistas presos na última terça-feira (26) por suposto envolvimento
com as queimadas que atingiram a Área de Proteção Ambiental (APA) Alter do
Chão, em Santarém, no oeste paraense, fossem soltos. Por telefone, pessoas
próximas aos quatro informaram à Agência Brasil que eles já estão em liberdade.
Titular da 1ª Vara Criminal de Santarém,
o juiz Alexandre Rizzi concedeu liberdade provisória aos quatro dirigentes da
organização não governamental (ONG) Brigada de Incêndio Florestal de Alter do
Chão.
No dia (27), o mesmo magistrado negou o
pedido da defesa dos brigadistas e determinou a permanência da prisão
preventiva por, ao menos, dez dias, com o objetivo de permitir que os
investigadores aprofundassem as investigações a respeito das causas e dos
responsáveis pelas queimadas que se espalharam pela unidade de conservação em
setembro deste ano.
Hoje, poucas horas antes do juiz
determinar a soltura dos quatro brigadistas, o governador do Pará, Helder
Barbalho, determinou a substituição do delegado responsável pelo inquérito
policial, o delegado de Conflitos Agrários, Fábio Amaral Barbosa, pelo diretor
da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir Freire Cardoso.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais,
o governador alega estar preocupado com o episódio que resultou nas prisões
preventivas. “O caso requer atenção e toda a transparência necessária. Ninguém
está acima da lei, mas, ao mesmo tempo, ninguém pode ser vítima de
prejulgamento ou ter seu direito à defesa cerceado”, declarou Barbalho, sem
explicitar o porquê da troca do delegado responsável pelo inquérito.
Segundo a Polícia Civil, os quatro
brigadistas são suspeitos de ter causado os incêndios que atingiram a Área de
Proteção Ambiental (APA) Alter do Chão em setembro para se autopromover e
também para obter doações de outras organizações não governamentais.
Por sua vez, a WWF-Brasil confirmou ter
repassado cerca de R$ 70 mil ao Instituto Aquífero Alter do Chão, organização
responsável por manter as atividades da brigada. Segundo a WWF-Brasil, o
montante transferido foi para viabilizar a compra de equipamentos de combate a
incêndios florestais como abafadores, sopradores, coturnos e máscaras de
proteção usados pelos brigadistas.
“A seleção desta instituição [Instituto
Aquífero] se baseou nas boas referências recebidas de parceiros nossos e da
ampla divulgação dos trabalhos prestados pelo grupo”, afirma a WWF-Brasil.
Em entrevista à Rádio Agência Nacional,
da EBC, um dos advogados dos brigadistas, Michel Durans, desqualificou a
investigação da Polícia Civil paraense. “A acusação é infundada, uma vez que se
baseia exclusivamente em interceptações telefônicas cujo teor a Polícia
interpretou fora do contexto geral. Para além disso, ela se valeu de algumas
informações desencontradas em relação a um contrato que os brigadistas possuem
com a WWF-Brasil”, declarou o advogado.
Durans ressaltou que, antes de serem
detidos, os brigadistas já tinham conhecimento de que a Polícia Civil os
investigava. “Eles se colocaram à disposição da autoridade policial, prestaram
depoimento espontaneamente, colocaram à disposição toda a documentação,
demonstrando que a WWF-Brasil realmente firmou um contrato com os brigadistas e
que este contrato tem sido cumprido à risca, dentro da legalidade”, garantiu o
advogado.