A Vale, por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV), com
sede na capital paraense, está realizando, em parceria com a Fiocruz, o mais
amplo estudo de sequenciamento de DNA do novo coronavírus (Sars-CoV-2) até
então desenvolvido no país. Serão coletadas pelo menos mil amostras do vírus
que provoca a Covid-19, cujo combate se tornou o maior desafio da humanidade. O
objetivo é produzir conhecimento na busca por vacinas, medicamentos para
reduzir o impacto da doença; promover estudos epidemiológicos; correlacionar as
variações genéticas do vírus com a história clínica da doença e desenvolver
testes diagnósticos mais precisos. Serão investidos R$ 2,4 milhões pela Vale na
pesquisa, a ser desenvolvida em dois anos, a partir de junho.
As amostras serão fornecidas por centros
de coletas espalhados por todos os estados brasileiros. Para se ter a dimensão
do trabalho, até maio, no Brasil, foram sequenciadas apenas 290 amostras do
Sars-CoV-2, das quais apenas 157 são consideradas de alta qualidade. Existem
outros esforços em andamento com sequencias ainda não disponibilizadas. Isto
ainda é muito pouco diante da necessidade de entender a variabilidade genética
(mutação) que o vírus apresentou no país, o que lhe dá uma identidade única. Os
trabalhos, em conjunto, contribuirão um conhecimento científico importante para
o país. No mundo, há 35 mil genomas já sequenciados com alta qualidade, que
representam as características do vírus que circulou nas regiões onde foram
coletados.
"Precisamos compreender o 'DNA
brasileiro' do Sars-CoV-2, descobrir como ele se espalhou pelo país, as rotas
de transmissão e como as mutações afetam as moléculas-alvo de testes
diagnósticos, drogas e vacinas para que essas ferramentas de controle da doença
sejam mais eficientes", explica o diretor-científico do Instituto
Tecnológico Vale, Guilherme Oliveira. Segundo ele, com um grande número de
genomas sequenciados será possível refinar a pesquisa sobre o comportamento do
vírus, considerando a sua variabilidade genética. O mapeamento do DNA permitirá
gerar informações que servirão como base para estudos de novos coronavírus que
possam surgir no futuro.
Oliveira explica que outro importante
objetivo do Projeto Genoma Covid-19 é expandir a rede de pesquisa para o estudo
de vírus potenciais causadores de endemias e pandemias na Amazônia, como os
arbovírus. "A ideia é, no futuro, fazer também o sequenciamento genético
desses arbovírus e, assim como o do Sars-CoV-2, estudar o seu comportamento na
célula, considerando a sua variabilidade genética, para o desenvolvimento de
medicamentos e vacinas", afirma.
"A ideia desse projeto nasceu das
discussões para consolidar uma parceria entre o Instituto Leônidas e Maria
Deane (ILMD), da Fiocruz Amazonas, e o ITV para a vigilância de patógenos
virais na região norte do país. Posteriormente o projeto tomou uma dimensão
nacional com a inclusão de outras unidades da Fiocruz" explica Felipe
Naveca, vice-diretor de Pesquisa e Inovação do ILMD.
A pesquisa genética sobre o novo
coronavírus envolve diretamente a participação de mais de 50 pesquisadores e
bolsistas, vinculados a centros de pesquisa e de bioinformática em Belém,
Manaus, Natal, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além de uma rede de
colaboradores espalhados pelo país e no exterior. O ITV colabora com o Projeto
Cabana, que reúne especialistas em genômica na América Latina e na Europa, e
com o Instituto Europeu de Bioinformática, em Cambridge, na Inglaterra, que mantém
um banco de dados abertos, onde as informações sobre o estudo ficarão
disponíveis para consulta de pesquisadores do mundo todo.
Referência
O Projeto Genoma Covid-19 é uma das mais
importantes iniciativas da história do Instituto Tecnológico Vale, que comemora
10 anos de fundação em 2020. O instituto detém um dos mais avançados
laboratórios de sequenciamento de DNA da América Latina. Em quatro anos, mapeou
o DNA de mais de 8 mil espécimes de fauna e flora da região de Carajás. Entre
os quais, está o sequenciamento do genoma do Jaborandi (Pilocarpus
microphyllus), cujo princípio ativo é usado em produtos cosméticos e
farmacêuticos, como no tratamento ao glaucoma.
O ITV conta com ampla atuação em
pesquisas na Amazônica nas áreas de biodiversidade, genômica de espécies,
recuperação de áreas mineradas, fauna e flora cavernícola, mudanças climáticas,
entre outras. "O Instituto Tecnológico Vale é um ativo estratégico para a
Vale, porque mostra como a empresa está comprometida com o desenvolvimento da Ciência
e com a conservação da biodiversidade. E o Projeto Genoma Covid-19 é mais uma
prova desse compromisso, afirma o diretor-executivo de Relações Institucionais,
Comunicação e Sustentabilidade, Luiz Eduardo Osorio. "O ITV e suas ações
são exemplos do novo pacto que a Vale está estabelecendo com a sociedade, mais
transparente e responsável."