Pará: mais de 70% de pessoas com sintoma de COVID19 não procurou médico



O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o penúltimo boletim mensal da PNAD COVID19, referente à coleta realizada durante todo o mês de setembro. Um total de 394 mil pessoas no Pará apresentaram algum sintoma relacionado a COVID19 em setembro, mas a maioria não procurou atendimento médico. No mercado de trabalho, a taxa de desocupados continuou em crescimento, chegando a 14,4, e mais da metade dos ocupados no estado estavam na informalidade em setembro.

 O número de desocupados no Pará vem tendo um crescimento contínuo desde maio, quando a PNAD COVID19 entrou em campo. Em setembro, foram registradas 513 mil pessoas desocupadas. Em agosto, eram 474 mil pessoas. Com isso, a taxa de desocupação, que em maio era de 10,8, chegou a 14,4 em setembro. Em agosto, registrou-se uma taxa de 13,7 na desocupação.

 Em relação ao número de ocupados não se verificaram alterações significativas. No Pará, houve um aumento de 2.979 milhões em agosto para 3.044 milhões em setembro.

 Já o número de pessoas na força de trabalho (que resulta da soma dos ocupados mais os desocupados) também vem tendo aumento: eram 3.351 milhões em maio passando a 3.558 milhões em setembro, sendo que 52,6% dos ocupados no Pará estavam na informalidade.

 Trabalho e renda

 A região Norte foi a que mais recebeu auxílio emergencial em setembro. O Pará é o 3º do Brasil que mais recebeu o benefício, com 63,3%, abaixo apenas do Amapá (68,4%) e do Maranhão (63,7%). Um total de 1.511 milhões domicílios teve pelo menos uma pessoa recebendo auxílio no Pará.

 Em setembro, todas as unidades da federação tiveram percentual de pessoas ocupadas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social menor que o registrado em agosto. No Pará, o índice ficou em 3,7%. Em agosto, o número de pessoas ocupadas que estavam afastadas por conta da pandemia no Pará era de 282 mil, passando para 203 mil em setembro. O número dos que deixaram de receber remuneração continuou em queda: de 90 mil (agosto) para 53 mil (setembro).

 Como nos meses anteriores, a região Norte foi a última em percentual de pessoas ocupadas não afastadas que estavam trabalhando de forma remota: 4,3% (em maio era de 7,1% e em agosto, 4,6%). No Pará, o percentual de pessoas ocupadas que estavam em trabalho remoto permaneceu em 3,1% em setembro (em agosto também foi de 3,1%).

 Quanto aos empréstimos, no Pará, 185 mil domicílios (7,8% do total do estado) puderam contar com esse recurso para complementar a renda familiar em setembro. A principal fonte foi a bancária (117 mil domicílios). Em outros 31 mil (1,3%) foi solicitado algum tipo de empréstimo, mas não foi obtido.

 Sintomas e testes

 A maioria dos que tiveram sintomas em setembro, 309 mil ou 77,3%, não procurou atendimento médico. Vale lembrar que 7.4 milhões de pessoas não têm plano de saúde no Pará, o que corresponde a 86,4% da população residente.

 O percentual de pessoas que fizeram algum teste para diagnosticar COVID no Pará, até setembro, foi de 9,9%. Das 854 mil pessoas que fizeram algum teste, a maioria (497 mil ou 58,2%) tinha idades entre 30 e 59 anos. Dessas, 262 mil testou positivo em setembro, o que corresponde a 3% da população do estado.

 Das 854 mil pessoas testadas, a maioria utilizou o método da gota de sangue do dedo: 525 mil pessoas. Outras 194 mil testaram pelo método SWAB e 224 mil testaram com sangue coletado pela veia do braço.

 Um total de 1.291 milhão de pessoas no Pará tinha diagnóstico médico de alguma comorbidade em setembro, o que corresponde a 14,9% da população do estado. Dessas, a maioria (738) eram mulheres, pessoas com idades entre 30 e 59 anos (618 mil) e pessoas pretas e pardas (1 milhão). As principais comorbidades eram hipertensão (727 mil pessoas) e asma, bronquite, enfisema, doença respiratória crônica ou outra doença do pulmão (367 mil).

 Escolas, comportamento e itens de higiene

 No Pará, das 2.380 milhões de pessoas que frequentariam escolas em setembro, 1.274 milhão (53,5%) teve atividades disponibilizadas, sendo a maioria, 996 mil, com idades entre 6 e 16 anos (59,1%).

 Em setembro, 60,1% dos estudantes de ensino fundamental tiveram atividades disponibilizadas em setembro. Em julho, apenas 39,2% desse nível de ensino teve atividades. Já os de nível médio, apenas 34,8% tiveram atividades no mês passado, enquanto 51,4% dos estudantes de nível superior tiveram atividades disponibilizadas.

 A região Norte foi a de maior percentual de pessoas que não fizeram restrições em setembro: 6,6%. No Pará, a quantidade de pessoas que não fez restrições quanto ao contato social aumentou: de 568 mil em agosto para 886 mil em setembro (10,2% da população do estado). O grupo mais numeroso foi o de pessoas que reduziram o contato social mas continuaram saindo de casa: 3.356 milhões (eram 2.874 milhões em agosto), o que representa 38,7% dos residentes no Pará. Caiu o número de pessoas que saíram de casa só por necessidade básica: de 3.640 milhões em agosto para 3.153 milhões em setembro, ou 36,4% da população. Só 13,9% da população ficou rigorosamente isolada em setembro (eram 1.475 milhões em agosto passando para 1.212 milhões em setembro).

 Quanto à presença de itens básicos de limpeza, 2,378 milhões (99,7%) de domicílios no Pará tiveram acesso a sabão e detergente; 2,283 milhões (95,7%) tiveram acesso a álcool em gel 70%; 2,370 milhões (99,3%) tinham máscaras; 742 mil (31,1%) tinham luvas; 2,350 milhões (98,5%) com acesso a água sanitária ou desinfetante.

 Coleta da PNAD COVID19 encerra em dezembro

 Em maio, por meio de parceria com o Ministério da Saúde, o IBGE entrou em campo (por telefone e em caráter experimental) com a PNAD COVID19. O objetivo era monitorar os impactos da pandemia no mercado de trabalho brasileiro e na renda total da população, bem com levantar dados sobre ocorrência de sintomas, medidas adotadas e testagens. Entre dados mais relevantes estão as informações sobre trabalho remoto (“home office”) e o papel do auxílio emergencial na renda domiciliar.

 Nesse momento, quando a pesquisa completa seis meses, o IBGE resolve encerrar a coleta no dia 11 de dezembro próximo. O primeiro motivo para o encerramento da coleta é seu próprio caráter temporário da pesquisa. O segundo visa reduzir a sobrecarga dos informantes, pois se trata de uma pesquisa feita a partir de um painel fixo de domicílios, ou seja, os mesmos informantes são procurados todos os meses para responder, o que gera desgaste.

 Com o fim da coleta em dezembro, o IBGE pretende divulgar ainda mais dois resultados mensais referentes aos meses de outubro e novembro.

 Os dados completos da PNAD COVID19, com relatórios semanais e mensais, estão disponíveis em www.ibge.gov.br.