O projeto da Ferrovia Paraense
(Fepasa) recebeu esta semana, em Brasília, apoio do governo da China
para sua construção. A garantia foi dada pelo embaixador chinês no Brasil, Li
Jinzhang, durante encontro com o secretário de Desenvolvimento Econômico,
Mineração e Energia do estado do Pará, Adnan Demachki. O encontro aconteceu na
embaixada chinesa em Brasília, e contou ainda com a participação do senador
Flexa Ribeiro (PSDB/PA), representantes do governo federal e de construtoras
interessadas no projeto. Com o apoio, o projeto da Fepasa poderá fazer parte
dos 30 projetos que o governo chinês apoiará no Brasil, investindo cerca de U$
20 bilhões, sendo até US$ 15 bilhões de capital chinês e até US$ 5 bilhões
brasileiro.
Um Memorando de Entendimento
(MoU) foi assinado em outubro do ano passado estabelecendo as diretrizes
básicas para a constituição e operação do Fundo Brasil-China de Cooperação para
a Expansão da Capacidade Produtiva, destinado a financiar projetos considerados
prioritários nos setores de infraestrutura e que poderá facilitar a cooperação
em capacidade industrial entre os dois países. O acordo é resultado de
tratativas bilaterais concluídas após a visita do presidente Michel Temer à
China em setembro de 2016. A integralização dos recursos ocorrerá projeto a
projeto, conforme o comitê diretivo delibere a aprovação do investimento.
O embaixador chinês reconheceu
que não conhecia o projeto da Ferrovia, mas ao ler um resumo sobre ele,
entregue pelo secretário Adnan Demachki e pelo senador Flexa Ribeiro, se disse
“entusiasmado com a ideia”. “Conhecia apenas os projetos das ferrovias Norte-Sul,
Ferrogrão e Leste-Oeste, mas ao conhecer o da Fepasa, vejo que eles se
completam”, disse o embaixador.
“O Pará é um gigante na produção
de minérios, tendo ainda grande capacidade de produzir alimentos, possui boa
hidrologia, muitos rios e tem todas as condições de crescer ainda mais com a
construção dessa ferrovia, escoando não só sua produção, mas a de outras
regiões do Brasil”, completou Li Jinzhang. Aproveitando a presença de um
representante da China Communications Construction Company (CCCC), uma das
maiores empresas de engenharia do mundo, o embaixador sugeriu aos
representantes paraenses que iniciem contatos de forma direta com a CCCC e
outras empresas chinesas para buscar apoio tecnológico visando viabilizar
construção da Fepasa.
O senador Flexa Ribeiro
classificou a reunião como “muito proveitosa”. Segundo ele, a presença de
representantes do governo federal, por meio de membros do Programa de Parcerias
de Investimentos (PPI), apoiando a Fepasa como um dos projetos prioritários
para o Brasil, “deu mais força para que na próxima, terça-feira (30), em São
Paulo, a ferrovia paraense seja anunciada como um dos 30 projetos apoiados
financeiramente pelo Fundo China/Brasil”.
Para o secretário Adnan Demachki,
o encontro com o embaixador chinês teve um resultado “positivamente acima do
esperado”. “Foi um enorme passo na busca pela viabilização da Fepasa”, disse o
secretário. “A cada momento, a cada novo encontro, a cada novo e importante
apoio, nos damos mais um passo essencial para a construção da ferrovia e o
desenvolvimento do Pará”, concluiu Adnan.
Fepasa - O projeto constitui-se
numa ferrovia de 1,3 mil quilômetros, criando a Ferrovia Paraense (Fepasa) e um
porto multicarga em Colares, no nordeste do Estado. Levantamentos apontam que o
local é propício para receber navios de grande capacidade, por conta de possuir
calado mais profundo e um Condomínio Industrial Portuário.
Segundo informações preliminares
de técnicos da empresa, que idealizaram o projeto, os investimentos privados
previstos para a ferrovia seriam de U$ 4.5 bilhões.
Já na fase de construção, cujo
início está previsto para 2018, seriam 14 mil empregos e, durante a operação,
somando os trabalhos na ferrovia, ramais, plataformas, superporto e condomínio
industrial, a estimativa é de mais 60 mil empregos diretos.
Diferente do projeto de extensão
da Norte-Sul, do Governo Federal, a ferrovia estadual possui um traçado bem
maior no território paraense. Inicia em Santana do Araguaia e passaria por
vários municípios, como Redenção, Xinguara, Marabá, Rondon, Nova Ipixuna,
Ulianópolis, Paragominas, Barcarena e Colares.