O caranguejo é peça chave na
culinária paraense. O crustáceo dos mangues movimenta a economia da região e
gera renda para os pescadores tradicionais. Para que o manejo aconteça de forma
sustentável, neste ano, já foram realizados três cursos de extensão pesqueira
no estado. Cerca de 250 pescadores artesanais de caranguejo de 13 diferentes
comunidades de Reservas Extrativistas (Resex)
Marinhas do Pará participaram das atividades para o manejo do
caranguejo-uçá.
Esta é 69ª edição do curso. Desde
o início, já foram beneficiados com as capacitações 2.700 pescadores de 20
diferentes municípios. A iniciativa é
realizada em parceria pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário
e da Pesca do Pará (Sedap), o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Mamirauá, e conta com o financiamento da
Fundação Moore.
“A extração do caranguejo
representa, no aspecto social, o trabalho de mais de 15 mil pescadores de
caranguejo em Resexs no Pará. É uma das principais atividades, pois possibilita
ocupação e gera renda todos os dias”, afirmou Patrick Passos, que é sociólogo
na Sedap e um dos responsáveis pelos cursos.
Neste ano, participaram dos
cursos 121 pescadores da Resex Cuinarana, localizada no município de Magalhães
Barata; 71 pescadores da Resex Mocapajuba, município de São Caetano de
Odivelas; e 57 pescadores da Resex Mestre Lucindo, município de Marapanim. As
três Reservas fazem parte do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do
Governo Federal, que visa fortalecer o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação na Amazônia.
Patrick ressalta que a Resex
Mocapajuba é referência no estado pela qualidade e quantidade de extração
diária de caranguejo. De acordo com o sociólogo, o relatório sobre exportação
de caranguejo, divulgado em 2016 pelo governo do estado do Pará, apontou que
60% da produção comercializada do Pará para outros estados brasileiros, naquele
ano, eram provenientes dessa região.
O curso é demandado pelas
associações de usuários de cada Resex. Patrick reforça que a expansão deste
conhecimento entre diferentes grupos de pescadores artesanais contribui para
internalização e fortalecimento do método de manejo do caranguejo entre os
manejadores. “É importante pela manutenção da vida, pela valorização da
identidade cultural dos povos da Maré e pela fixação do homem à terra, dentro
de condições que ele conhece e sabe administrar cotidianamente. Que é o contato
com ecossistema manguezal, seus mistérios, encantos, saberes e sabores. O homem
da beira do rio desenvolveu habilidades e capacidades que o diferenciam dos
demais”, disse.
Histórico
O projeto existe desde 2010. O
Instituto Mamirauá - unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações - passou a apoiar formalmente a iniciativa em 2013,
para a realização de cursos de extensão pesqueira sobre o transporte sustentável
do caranguejo. A iniciativa surgiu a partir da proibição da comercialização da
carne de caranguejo pelo Ministério Público do Pará em 2008, em função de
questões higiênicas e sanitárias. Desde então, foram desenvolvidas pesquisas
científicas para identificar um método de transporte do animal vivo para
comercialização.
Em 2015, foi lançado o Protocolo
de Manejo do caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte
sustentável. A publicação, com as orientações para o manejo sustentável, está
disponível para consulta e download gratuitos no site do Instituto Mamirauá.
De acordo com Patrick, a
comercialização de caranguejo-uçá (Ucides cordatus) acontece diariamente no
estado. São extraídos entre 12 e 15 milhões de indivíduos por ano. “O que demonstra
o esforço de pesca, a grandeza de uma cadeia extrativista e o volume de
interesses envolvidos”, ressaltou o sociólogo. Entre os meses de janeiro e
abril é o defeso da espécie, período em que sua extração e comercialização são
proibidos.
“A pesca do caranguejo é
importante para mais de 125 mil pessoas no litoral do Pará, representa um traço
da cultura local, está presente no artesanato, na expressão popular das letras
de música do carimbó, na culinária cabocla e na vida dos moradores que degustam
em Belém”, reforçou Patrick.
Para as ilhas
Levar o atendimento do projeto
social Sorrisos Ribeirinhos para as ilhas próximas a Belém garante alcançar um
público bem maior do que acontece quando o atendimento é na sede da Associação
Brasileira de Odontologia. Mas para isso, a ABO/PA precisava assegurar o
deslocamento da equipe de voluntários até as ilhas. Por isso, a parceria com a
Sociedade Bíblica do Brasil é comemorada, pois vai disponibilizar o barco Luz
da Amazônia III para as ações do projeto. A próxima ida ao Combú já está
agendada para o dia 30 de junho.
Novidade
O uso de toucas geladas, que
resfriam o couro cabeludo e combatem a queda de cabelo, é uma novidade, em
Belém, que o Centro de Tratamento Oncológico acabou de implantar. O fantasma da
queda de cabelo, o efeito colateral da quimioterapia mais temido pelas
mulheres, já não assusta tanto. O procedimento é indicado para a maioria dos
pacientes.
Internacional
O professor titular do Instituto
de Ciências Biológicas da UFPA, Eduardo Santos, é um dos palestrantes
convidados em um congresso internacional de genética, que acontece durante esta
semana na Rússia.