Pesquisadores apoiados pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) constataram
que o bioma recifal marinho amazônico, localizado na foz do rio Amazonas, tem
área de pelo menos 50 mil quilômetros quadrados, o que o torna o maior sistema
recifal do Brasil. O primeiro estudo sobre o novo bioma, publicado em abril de
2016, estimava uma área pelo menos cinco vezes menor.
A equipe de pesquisadores atua
pelo programa IODP/Capes-Brasil, parte do International Ocean Discovery Program
(IODP), que tem o objetivo científico de investigar a história e a estrutura da
Terra, a partir de pesquisas oceanográficas. O programa reúne parte
significativa da comunidade científica atuante nas ciências do mar em águas
profundas de diversos países. A Capes considera essa participação uma real
oportunidade para ampliação da pesquisa e formação de recursos humanos em área
estratégica para o país.
A expedição deste ano foi
realizada em parceria com a Organização não Governamental (ONG) ambiental
internacional Greenpeace, que tem denunciado a ameaça de exploração de petróleo
na região do bioma, o que colocaria em risco um ambiente que só agora começa a
ser estudado.
“A parceria com o Greenpeace foi
fundamental para as descobertas científicas e para o desenvolvimento do
conhecimento na região”, contou Fabiano Thompson, professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Além de possuir meios flutuantes e equipe de
bordo altamente competente, o Greenpeace traz à tona a problemática da produção
de energia limpa e renovável no contexto global”, acrescentou o pesquisador.
Segundo ele, o uso inédito de submarinos na região da margem equatorial na foz
do Amazonas permitiu determinar a estrutura deste novo bioma em outra escala.
Thompson compõe a equipe de
pesquisadores juntamente com os professores Eduardo Siegle, da Universidade de
São Paulo (USP); Ronaldo Francini, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e
Nils Asp, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Também contribuíram para o
projeto os professores Carlos Rezende, da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e Alberto Figueiredo, da Universidade Federal
Fluminense (UFF).
Para Thompson, o estudo tem
relevância para a realidade brasileira, ao mesmo tempo que nos coloca frente a
um paradoxo. “A margem equatorial brasileira (e da Amazônia) é a região mais
cobiçada por grandes nações desenvolvidas e, ao mesmo tempo, a região menos
conhecida da nossa nação. Nosso entendimento das riquezas e potenciais da
margem equatorial é muito reduzido, nos colocando em uma posição desfavorável
frente aos desafios globais.”
Desafios, que de acordo com o
professor da UFRJ, são compatíveis com as dimensões dos biomas estudados. “Se
considerarmos que, na realidade, estamos em frente ao maior mega-bioma do
planeta, estamos falando da maior floresta do mundo (Amazônia), do maior
complexo de mangues do mundo (nas costas do Pará e Amapá) e o maior sistema
recifal do Brasil, não há dúvidas de que este estudo alerta para o tamanho do
desafio. Conhecemos menos de 1% da margem equatorial brasileira. Pretendemos
continuar as pesquisas científicas com o apoio da Capes”, conclui.
Programa – O sistema de perfuração
é apoiado por um parque analítico a bordo do Navio de Pesquisa JOIDES
Resolution, composto por equipamentos de última geração voltados a pesquisa
geofísica, geoquímica, microbiológica e paleoclimática. Além da infraestrutura
a bordo, o IODP conta com apoio de numerosas instituições de pesquisa e
formação de recursos humanos nos diferentes países que atualmente compõem o
programa. Desde 2013, o Brasil, por meio de financiamento viabilizado pela
Capes, é membro do consórcio JOIDES Resolution e colabora com o Programa IODP.
Atualmente, a participação do
Brasil prevê uma vaga em cada expedição no Navio de Pesquisa do JOIDES
Resolution – até duas vagas podem ser oferecidas, dependendo da demanda;
utilização por parte de brasileiros de amostras previamente coletadas de
programas anteriores como o Deep Sea Drilling Project (DSDP) e do Ocean
Drilling Program (ODP) e atualmente coletadas pelo Programa IODP; um membro no
“Facility Board” do Navio de Pesquisa JOIDES Resolution; um representante
brasileiro no “Scientific Evaluation Panel” (SEP) do IODP; e um representante
brasileiro no Subgrupo “Site Survey” do SEP/IODP.
* Colaboração e foto: Assessoria de
Comunicação Social do MEC, com informações da Capes.