Seduc anuncia curso técnico de magistério para índios no sul do Pará

Foto: Agência Pará

Os povos indígenas da região do Xingu passarão a contar, a partir deste mês de maio, com o curso Técnico de Magistério em Educação Indígena. A instalação do curso foi anunciada na presença dos caciques e lideranças indígenas que estão participando da Semana dos Povos Indígenas em São Félix do Xingu, na região sul do estado do Pará.

O curso será executado pelo Governo do Estado e  coordenado pela secretaria municipal de Educação de São Félix do Xingu e deverá beneficiar todo o povo Kayapó que vive nas regiões sul e sudeste do Pará. O curso, que iniciará com uma turma de 48 alunos em maio e outra, no segundo semestre, terá a duração de quatro anos.

O município de São Félix do Xingu possui uma população de 116 mil habitantes, destes  aproximadamente 5,5 mil são indígenas que habitam às margens do rio Xingu e seus afluentes. Do território total do município, 75% é composto por terras indígenas, onde  17 aldeias já contam com a educação indígena ofertada pelo município.

A secretária municipal de Educação de São Félix do Xingu, Viviane Cunha, explica que o município precisa avançar muito no que diz respeito a uma educação indígena que beneficie toda a população e esta parceria com o Governo do Estado é o impulso para que este objetivo seja atingido.  “Quando nossos alunos indígenas terminam o nono ano, não há o ensino médio na região. Ou eles ficam repetindo a última série, o que sobrecarrega a educação municipal, ou o  aluno migra da aldeia para a região urbana”,  explica.

O coordenador de Educação Indígena Mydjere Kayapó Mekrangnotiré comenta que o curso Técnico em Educação é uma aspiração de seu povo e virá beneficiar aqueles que querem estudar mas não desejam sair de sua aldeia  e de sua região. “Esta é a vantagem de se ter uma representação indígena dentro do poder público que defenda as políticas públicas voltadas  para os interesses do nosso povo”, destaca.

A liderança indígena Kirkatejê, Concita  Sompré é professora e  possui licenciatura em Educação Intercultural Indígena. Ela explica que vem dialogando com a secretaria de Educação do Estado e com as secretarias municipais pois a legislação garante ao indígena o direito a uma educação diferenciada e específica mas há uma carência de material didático para se trabalhar com este aluno. “Todo o material que chega é o mesmo utilizado na educação não indígena”, afirma.


Outra carência, explica Concita, diz respeito à falta de professores preparados para atender este público, pois as primeiras formações só iniciaram a partir de 2012, por meio da Universidade do Estado do Pará.  “As dificuldades ainda são muitas mas avançamos através de um diálogo permanente com o Governo na busca de soluções”, destaca a liderança indígena.