IEC se manifesta em relação aos questionamentos da Hydro Alunorte sobre os relatórios publicados pelo Instituto



O Instituto Evandro Chagas (IEC) é um órgão que faz parte do Ministério da Saúde do Brasil. Nos últimos 25 anos, a Seção de Meio Ambiente do IEC (SAMAM/IEC) vem atuando na vigilância em saúde ambiental na Amazônia e, quando acionada, em outras regiões do país.

Todas as análises do IEC são realizadas com rigor científico, seguindo protocolos que atendem aos padrões de qualidade estabelecidos internacionalmente para cada tipo de análise, além de contarem com alto nível de precisão e confiabilidade. Entre os métodos utilizados no IEC, inclui-se a Espectrometria de Massa Acoplado com Plasma Induzido (ICP-MS) em ambiente de sala limpa, condição que estabelece alta qualidade e segurança nos resultados.

Os trabalhos científicos gerados pela Seção de Meio ambiente são reconhecidos e aceitos em revistas científicas nacionais e internacionais e seus pesquisadores integram grupos de especialistas em saúde ambiental e avaliação de contaminantes em comissões nacionais (Ministério da Saúde e Meio ambiente) e internacionais.

Sobre a crítica ao relatório do IEC encomendada pela empresa Hydro Alunorte, o Instituto informa que os Relatórios Técnicos (RT’s) divulgados pelo IEC buscam sintetizar os resultados encontrados na análise das amostras. No entanto, esses documentos não contém à exaustão todas as informações que se encontram nos Relatórios de Análises (RA’s) gerados para cada amostra. Nos RT’s são apresentados apenas dados essenciais para garantir a qualidade dos resultados: 1) citação dos métodos utilizados; 2) citação dos nossos controles de qualidade, a partir de amostras certificadas internacionais; 3) limites de quantificação. Os Relatórios de Análises são enviados na íntegra para os demandantes do trabalho, no caso, MP-PA e MPF.

O que a empresa chama de “relatórios independentes”, na verdade são relatórios privados encomendados e pagos pela própria Hydro Alunorte, empresa em investigação. Os relatórios apresentados até agora pela Hydro Alunorte não demonstram que os dados do IEC estão equivocados. Os relatórios da empresa são ainda incompletos (não apresentam análises de metais, por exemplo) se comparados aos parâmetros analisados pelo IEC e exigidos pela regulamentação brasileira estabelecida pelo CONAMA. A crítica da empresa à atuação do IEC é formalista e desconsidera que a Hydro Alunorte reconheceu fazer despejo de efluentes em Barcarena sem qualquer tratamento.

Quanto à certificação pelo Inmentro, o IEC iniciou seu programa de certificação junto ao órgão por etapas no ano de 2017. Na primeira etapa, já foram certificados 4 parâmetros e este ano estamos pleiteando a certificação de diversos outros, incluindo análises de metais. Os parâmetros a serem certificados já seguem os procedimentos exigidos pela certificação ABNT NBR ISO/IEC 17.025:2017.

Por outro lado, não é razoável considerar que apenas as análises realizadas por laboratórios certificados pelo Inmetro ou órgãos equivalentes de outros países são válidas, pois se isso for verdade, grande parte da ciência brasileira e mundial deve ser considerada sem validade. Da mesma forma, se esse pensamento fosse correto, a referida certificação seria uma condição para funcionamento de todos os laboratórios no Brasil e no mundo. A tentativa de desqualificar a ciência produzida pelo IEC é também a tentativa de desqualificar a ciência brasileira.

Outro ponto a ser esclarecido é que hoje nenhuma empresa conseguirá fazer as análises dos impactos ocorridos nos dias 17 e 18 de fevereiro de 2018 nas águas de Barcarena porque a dinâmica hidrográfica e pluvial na região é intensa e o cenário está em constante modificação. Logo, desconsiderar as análises realizadas pelo Instituto Evandro Chagas é desconsiderar o que aconteceu em Barcarena e seus impactos na saúde ambiental e da população.