Um relatório sobre desmatamento no Pará,
tendo como referência dados analisados pelo Centro de Monitoramento do Pará
(Cimam), obtidos pelo Sistema De Olho na Floresta, foi concluído pela
Secretaria de Estado Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). O relatório,
apresentado na reunião anual da Força-tarefa dos Governadores para Clima e
Florestas, ocorrida nos Estados Unidos no início deste mês, se opõe aos dados
de desmatamento referentes ao mês de julho, divulgados em agosto pelo Instituto
do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Segundo o Instituto, foi
desmatada uma área equivalente a 289 km²
no Pará, mas o Cimam garante que o desmatamento atingiu 121,58 km².
“De Olho na Floresta”, sistema de
monitoramento utilizado pelo Cimam, tem um alcance de três metros de distância
da área analisada, o que oferece melhor resolução e segurança na análise dos
dados. Utilizando indicadores diferentes, mas com o mesmo objetivo - avaliar a
extensão do desmatamento -, o Cimam aponta problemas nos dados do Boletim SAD
(Sistema de Alerta do Desmatamento). Com base nesse grau de precisão, os
técnicos da Semas concluíram que a área
desmatada foi 58% menor do que o percentual divulgado pelo Imazon.
De acordo com a nota técnica da Semas,
as análises feitas pelo Cimam apontam graves inconsistências nos dados
publicados pelo Boletim SAD, o que gerou a necessidade de revisar os cálculos
das áreas de “Alertas Positivos”. “Portanto, torna-se necessário o governo
responder à sociedade de forma transparente e solicitar esclarecimentos sobre
as inconsistências verificadas, bem como a revisão do cálculo da área
identificada como desmatamento”, esclarece a nota.
Questionamentos - A análise do Centro de
Monitoramento aponta que das 1.613 áreas desmatadas, identificadas no Pará pelo
SAD, 1.296 (80%) estão suscetíveis a questionamentos. Por exemplo, constatou-se
que 937 (72,30%) desmatamentos ocorreram antes de julho de 2018; 355 áreas
foram duplicadas, alterando o resultado final do relatório, e quatro foram
“alertas falsos positivos” (quando não há desmatamento na área apontada pelo
sistema de “Alerta”).
Sobre os dados de degradação florestal,
a Semas solicitou ao Imazon os arquivos geo-espaciais usados pelo Instituto no
relatório referente a julho, para fazer sua própria análise, uma vez que essas
informações não estão disponíveis para o público.
Quanto às áreas indicadas com “Alertas
do Desmatamento”, os técnicos do Cimam seguem avaliando os dados para
determinar a extensão da agressão à floresta, incluindo a data em que ocorreram.
Inconsistência - Ainda segundo a nota da
Semas, “a divulgação de informações inconsistentes sobre desmatamento
compromete o trabalho que o governo do
Estado vem fazendo, por meio do Cimam. E isso causa outros prejuízos, já que os
resultados publicados pelo SAD/Imazon considera desmatada área considerada de
floresta".
A nota da Secretaria explica como
funciona o Alerta de Desmatamento. “É importante esclarecer que o Sistema de
Alerta do Desmatamento, como o próprio nome indica, alerta que houve alteração
na floresta amazônica, e isso poderá ou não se confirmar como desmatamento ou
degradação florestal. Se confirmado, diz-se que o alerta é positivo; em caso
negativo, diz-se que o alerta é um falso positivo”.
A contestação da Semas sobre a
discrepância dos dados foi apresentada na reunião anual da Força-tarefa dos
Governadores para Clima e Florestas, e os dados que o governo assegura serem
corretos foram divulgados na 26ª Reunião
do Comitê Gestor (Coges), que reúne secretários de Meio Ambiente do Pará, realizada
em Belém.
O mesmo relatório também foi apresentado
no Seminário sobre o Uso de Software Livre para a Geo-informação, promovido
pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), de 17 a 19 de setembro, em Brasília (DF).