Uma limitação imposta pela cegueira a um
colega da faculdade de Ciência da Computação da UFF/RJ foi a mola propulsora
que levou Cafer Cruz a desenvolver uma tecnologia assistiva que, não por acaso,
batizou "Blind magic" (ou magia cega). Apaixonado pelo universo dos
jogos de cartas de estratégia, Lucas Tito tinha o sonho de jogar Magic: the
gathering, o mais popular do gênero, com cerca de 20 milhões de adeptos em todo
o mundo.
Como, no entanto, fazê-lo, se não tinha
como ver a carta e ler as informações nela contidas? Para dar conta deste
desafio, Cafer lançou mão da tecnologia do QR Code: por meio do Blind Magic,
que brevemente estará disponível nas lojas de aplicativos para IOS e Android, o
jogador escaneia as informações da carta para dentro de seu smartphone, que são
transmitidas a ele por voz - o jogador deve usar fones de ouvido, já que o
sigilo destas informações para os outros competidores é fundamental.
Mais do que contemplar o desafio de
ajudar a seu amigo, Cafer criou uma tecnologia que, se adotada pela indústria
do entretenimento, pode permitir que cegos joguem qualquer jogo de cartas, até
mesmo em cassinos, em condições iguais às dos não cegos. "Ele pode alcançar
um amplo espectro de usuários e promove a importante e necessária inclusão
social”, acrescenta a cientista.
Nesta quarta-feira 24, Cafer
apresentará o resultado de seu trabalho na décima-sétima edição do Simpósio
Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC 2018) -
http://www.ihc2018.ufpa.br/, em Belém (PA). Promovido pela Sociedade Brasileira
de Computação (SBC), é considerado o mais importante evento brasileiro na área.