Nesta quarta-feira 14 é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, doença caracterizada
pelo distúrbio na produção de insulina pelo pâncreas, levando ao aumento da
quantidade de glicose no sangue. Existem dois tipos de diabetes¹: O Tipo 1,
geralmente diagnosticado na infância ou adolescência, ocorre quando pouca ou
nenhuma insulina é liberada pelo organismo. Já no Tipo 2, o organismo não usa
corretamente a insulina que produz. É comum surgir na fase adulta e em pessoas que
estão acima do peso ou com outros fatores de risco², como pressão arterial, colesterol e triglicérides
elevados, pré-diabéticas e com síndrome de ovários policísticos.
De acordo com
a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 13 milhões de brasileiros têm
diabetes³, que se não controlada pode resultar em sérias consequências como a
retinopatia diabética, doença progressiva que afeta os vasos sanguíneos do
olho, podendo levar a perda parcial ou total da visão.
De acordo com
o Dr. Leandro Cabral Zacharias (CRM 100724-SP), oftalmologista pela Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo e Diretor da Sociedade Brasileira de
Retina e Vítreo, estima-se que no Brasil 5 milhões de pessoas apresentem
alteração no fundo do olho causados por diabetes.
“A retinopatia diabética se inicia com pequenos pontos de hemorragia e
alterações discretas nos vasos do fundo do olho. Entretanto, conforme a doença
evolui e fica mais grave, pode ocasionar perda da visão por várias causas. As
mais comuns são o inchaço do fundo do olho que chamamos de edema macular
diabético, sangramentos no gel vítreo e até descolamentos de retina”.
Por dentro da
retinopatia diabética
A doença
ocorre por conta da perda de função dos pequenos vasos sanguíneos dos olhos,
fazendo com que áreas da retina não recebam sangue com oxigênio. Inicialmente
não aponta sintomas, mas quando ocorrem, podem se manifestar pela visão
embassada e manchas flutuantes. Importante destacar que o surgimento da doença
não causa dor ou secreções que poderiam servir como alerta.
“A
retinopatia diabética não causa sintomas no seu início, ou seja, as pessoas
podem ter alterações no fundo do olho e não apresentarem dificuldades visuais.
Entretanto, quando a retinopatia evolui e causa baixa visual, é bem mais difícil
tratar o problema e, muitas vezes, não é possível recuperar totalmente a visão.
Dependendo dos achados do exame, dividimos a retinopatia diabética em não
proliferativa, quando ainda não existe a formação de vasos anormais crescendo
para dentro do gel vítreo, e proliferativa, quando há crescimento de vasos que
podem sangrar para o gel vítreo e até ocasionar descolamento de retina”, relata
o oftalmologista.
Assim como o
diabetes, a retinopatia diabética não tem cura, mas tem controle com o tratamento
adequado. Por isso, a melhor maneira de prevenção é o acompanhamento anual com
o médico oftalmologista, que fará exames de mapeamento da retina para a
identificação de qualquer anormalidade e tomada de medidas antes mesmo do
aparecimento dos sintomas, quando os resultados do controle da doença são
melhores.
Quando a
retinopatia diabética pode levar a cegueira?
Se não há
controle algum do diabetes e nem o acompanhamento anual com o médico
oftalmologista, a retina pode sofrer grande inchaço e assim surgir o Edema
Macular Diabético. O EMD, conhecido também como maculopatia diabética, é
caracterizado pelo acúmulo de líquido na mácula – região responsável pela visão
central nítida, usada para ler, reconhecer rostos, cores e até para dirigir.
De progressão
silenciosa, o EMD só costuma ser identificado quando a pessoa perde a visão de
um dos olhos e quando ela já está borrada e distorcida, podendo assim evoluir
para um quadro de cegueira irreversível.
Tratando a
retinopatia diabética
A primeira
medida para o tratamento da retinopatia diabética é manter o diabetes sob
controle, assim como o peso, o colesterol, e a pressão arterial. Pela
oftalmologia, as terapias indicadas nos casos mais avançados são:
fotocoagulação a laser, injeções intraoculares e cirurgias.
Dr. Zacharias
explica que o método através da fotocoagulação é usada desde a década de 70,
para os casos de inchaço da retina central, e que atualmente existem outras
opções que geram menos desconforto ao paciente e apresentam por meio de estudos
mais eficiência em relação aos demais tratamentos.
“As injeções
intraoculares, são realizadas através do branco do olho, com agulha muito fina,
e, portanto com desconforto mínimo. Existem atualmente dois tipos de agentes
para essa modalidade terapêutica: os antiangiogênicos e os corticoides. Os
corticoides são uma das opções para tratamento do edema macular diabético.
Apresentam vantagem de menos injeções necessárias para o controle da doença. Os
antiangiogênicos também são efetivos no tratamento do edema macular diabético e
podem ajudar a retroceder os vasos anormais em casos de retinopatia
proliferativa.”
O
profissional ressalta que apesar do avanço da medicina nas últimas décadas,
muitas pessoas ainda ficam cegas por diabetes no Brasil. O grande motivo é o
desconhecimento por parte da população da necessidade de fazer o exame de fundo
de olho anualmente. Uma pessoa com dificuldade visual passa a depender de
outros para se cuidar, para tomar remédios, injetar
insulina, e até comparecer em consultas médicas, sem contar na queda da
qualidade de vida. Portanto, a prevenção da retinopatia diabética é muito
importante.
Saiba mais
sobre a retinopatia diabética, nos materiais abaixo, que produzimos:
Infográfico
Retinopatia Diabética, clique aqui.
Vídeo Retinopatia
Diabética, clique aqui.