Estado cobra obras de empresas para entregar João Paulo II


Apesar de ter sido aberta para o tráfego em outubro de 2018, ainda há diversos serviços inacabados no prolongamento da avenida João Paulo II, que vai até o viaduto do Coqueiro, em Ananindeua. Para garantir a conclusão do plano de ampliação da via, que totaliza R$ 302 milhões, o Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM), órgão estadual responsável pelo projeto, está cobrando da empresa contratada a solução dos problemas encontrados na execução das obras.

Entre os problemas encontrados estão a falta de passarelas e da implantação de um sistema de tratamento de água. Por ter sido entregue de forma incompleta, a gestão atual não recebeu a via e a obra não foi repassada aos municípios pelos quais ela passa para a devida responsabilidade, Belém e Ananindeua.

“A via foi entregue para o tráfego, porém, o conjunto de obras não foi concluído e, por isso, não recebido pelo órgão responsável, o NGTM. Então vários problemas estão surgindo e chegando à nova gestão. Quanto à manutenção, o órgão já está cobrando da empresa contratada para entregar as obras nas condições requeridas para o tráfego de pessoas, ciclistas e veículos”, explica Eduardo Ribeiro, diretor geral do Núcleo.

Também foi identificada pelo órgão a precariedade da iluminação pública, a falta de limpeza nos canteiros centrais e laterais da avenida, e a falta de pavimentação e sinalização completa de algumas ruas – todos incluídos no serviço de paisagismo. Uma das vias que recebeu apenas parte do asfalto é a Moça Bonita, uma das mais importantes do bairro Castanheira, pois liga a BR à João Paulo por mais de um quilômetro.

Reinaldo Gomes, de 34 anos, mora há mais de 18 nessa rua. Ele reconhece as melhorias por conta das obras na avenida, porém, aponta algumas dificuldades que os moradores estão enfrentando devido às obras inacabadas.

“Percebo que falta manutenção. Não é feita limpeza nos canteiros e não há escoamento adequado para a água da chuva. No espaço feito para recreação, por exemplo, crianças já escorregaram nesse lodo que acumula com a água da chuva. Esses problemas vão crescendo e dão aparência de abandono”, comenta Reinaldo.

Segundo o NGTM, a obra foi entregue sem duas importantes construções que beneficiam a população. A primeira é o sistema biofitoremediação, também conhecido como jardins filtrantes. Esse processo consiste na construção de lagos naturais que, além de evitar que poluentes – como óleos, metais e esgoto doméstico – atinjam o manancial do Utinga, amenizam seus impactos nos lagos do Bolonha e Água Preta – que abastecem quase toda Belém.

A medida é inovadora e só é executada em uma empresa de cosméticos no Pará. Atualmente, não há qualquer tratamento de água nas comunidades localizadas próximo à avenida.

Também  foram retiradas do contrato original as sete passarelas previstas para serem entregues. Duas empresas foram contratadas à parte, em novembro de 2018, para executar a obra, com previsão para entrega em 60 dias, mas as construtoras responsáveis informaram à atual gestão do NGTM que não seria possível cumprir o prazo, tendo em vista que o projeto está na décima alteração. As empresas entraram, então, com pedido de prorrogação de seis meses para a construção das estruturas.

NGTM cobra soluções – Quanto à manutenção do paisagismo, o NGTM está cobrando soluções da Construções e Comércio Camargo Corrêa, responsável por essas ações. Recentemente, houve furto de fiação elétrica em alguns trechos, deixando parte da avenida na escuridão. O Núcleo também cobrou da empresa a resolução dos problemas identificados na pavimentação e na sinalização de algumas ruas, que recuperadas ajudarão no acesso da avenida junto à rodovia BR-316.

Uma moradora da passagem Othil, que preferiu não ser identificada, também reclama dos trabalhos não concluídos em algumas ruas previstas no projeto da João Paulo II. “Sem dúvida, as obras beneficiaram muito a gente, pois foi feita drenagem, calçada e asfalto, mas a nossa insatisfação é que não foi de qualidade. A rua onde moro em pouco tempo está destruída, com o tráfego de veículos pesados da própria empresa que estava fazendo as obras. Outras também estão na mesma situação ou ainda nem viram as melhorias”, aponta.

Prolongamento – A obra de prolongamento da avenida João Paulo II foi projetada e licitada na gestão do governo anterior. O contrato foi assinado em maio de 2013, com prazo para conclusão em dezembro de 2015. No entanto, devido às dificuldades na elaboração do projeto executivo, a obra teve o prazo prorrogado para fevereiro de 2019.

O projeto previa a execução de drenagem superficial e profunda; pavimentação (incluindo as pistas de rolamento e ciclovias); execução de obras de arte especiais (duas pontes, sendo uma em concreto e outra com estrutura mista de concreto e aço); execução de serviços de paisagismo e urbanização (com a construção de praças e áreas de lazer para a comunidade); iluminação pública; infraestrutura para a implantação de fibra ótica de transmissão de dados; sinalização horizontal e vertical; além de um projeto de proteção ambiental para áreas de nascentes e de redução de impactos sobre lagoas estabilizadas.

O empreendimento custou R$ 302 milhões: R$ 104 milhões de recursos da Caixa Econômica Federal, R$ 80 milhões do Orçamento Geral da União (OGU) e R$ 118 milhões de recursos do Estado.