O Ministério Público Federal (MPF)
instaurou procedimento para acompanhar investigações e solicitar providências
às autoridades de segurança pública do Pará sobre a nova escalada de violência
no município de Anapu, no oeste do Pará.
Para o MPF, o cenário atual no município
evidencia a ocorrência de reiteradas “ameaças dirigidas a defensores de direitos
humanos no campo”. Em menos de uma semana, entre os dias 4 e 9 de dezembro,
ocorreram dois assassinatos que podem estar ligados aos conflitos agrários
históricos na região.
O MPF enviou documentos ao Ministério
Público do Estado do Pará (MPPA), responsável pelas investigações sobre os
homicídios e à Secretaria de Segurança Pública do estado (Segup).
No documento enviado à Promotoria de
Justiça em Anapu e à Promotoria de Justiça Agrária em Altamira o MPF pede
informações sobre as investigações. À Segup, o MPF solicitou informações sobre
as providências que estão sendo tomadas para prevenir e coibir a violência
contra os moradores e lideranças dos lotes 96 e 97 da gleba Bacajá, onde se
noticia pressão para expulsão de trabalhadores rurais.
A cidade onde a missionária Dorothy
Stang foi assassinada em 2005 vive novamente sob forte tensão. De 2015 a 2018,
foram contabilizados 16 homicídios, aos quais se somam os recentes
assassinatos.
No último dia 4, o mototaxista Márcio
Reis foi morto a facadas. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) emitiu uma nota em
que relaciona o crime às denúncias feitas por Márcio Reis sobre a grilagem de
terras no município.
O enterro de Márcio Reis ocorreu sob
forte comoção. O veículo funerário que levava seu corpo foi seguido por
centenas de mototaxistas em uma manifestação por justiça para o caso, com a
presença do ex-vereador Paulo Anacleto, recentemente eleito para a função de
conselheiro tutelar do município.
Cinco dias depois da morte de Márcio
Reis, Paulo Anacleto também foi assassinado, a tiros, próximo à praça central
de Anapu, em frente ao filho de cinco anos de idade.
Embora a violência tenha ocorrido na
área urbana de Anapu, há indícios de que a expulsão de trabalhadores rurais de
áreas sob conflito agrário possa estar dentre as motivações dos crimes.
