O Governo do Pará, por meio da
Secretaria de Estado de Transporte, entrega para a população a Ponte União. O
nome é um símbolo de comprometimento com a sociedade, que trabalhou junto para
conseguir este feito e um reconhecimento do Estado a todos os órgãos que se
uniram para devolver à população o mais rápido possível, e com segurança
redobrada, um dos mais importantes elos da malha viária do Pará. Participarão
da inauguração o governador Helder Barbalho, o vice-governador Lúcio Vale, além
de outras autoridades e prefeitos da região.
Mesmo com a complexidade do projeto, a
ponte União foi entregue em tempo recorde, foram 7 meses de obras e nenhum
acidente de trabalho registrado. A reconstrução do trecho de 268 metros da
ponte gerou 550 empregos diretos e 450 indiretos. No canteiro de obras, os
profissionais trabalharam em três turnos para garantir celeridade na entrega.
O acidente foi registrado as 01h38 do
dia 6 de abril de 2019. Uma balsa clandestina carregada com dendê bateu em um
dos pilares de sustentação da ponte e destruiu parte dela, que fica próxima do
município de Acará. Logo após o ocorrido, o governador do estado pediu uma
força-tarefa para dimensionar os prejuízos causados. Não houve vítimas. A ponte
tinha 19 pilares, com 868 metros de extensão e 23 metros de altura. Cerca de
300 metros de ponte e 4 pilares caíram no rio após o choque.
Só a construção do novo trecho custou R$
104 milhões de reais, pagos pela empresa dona da balsa causadora do acidente. A
obra não teve custos para o estado. O projeto da ponte União foi elaborado pela
Setran com a consultoria de dois especialistas. Foi utilizado o sistema de
estais - cabos de aço de sustentação - que reduzem o número de pilares e
viabiliza a formação de distâncias maiores entre eles, o que facilita a
navegação.
O recurso é bastante empregado, por exemplo,
no cruzamento de rios ou canais que necessitem de espaço para passagem de
embarcações, como é o caso da região da Alça Viária, que tem agora dois vãos de
134 metros cada.
A partir do acidente, cinco peritos do
Centro de Perícias Científicas Renato Chaves trabalharam no caso para produzir
o laudo que determinou o tipo de desenho da nova ponte e a gravidade da batida.
Foi feita a perícia de engenharia aplicada em obra de arte especial, com
análise no local utilizando auxílio de veículo aéreo não tripulado, VANT/Drone
e embarcações. Os drones, por exemplo, ajudaram a identificar pontos de colisão
e danos causados, mostrando detalhes que seria muito difícil de serem
detectados sem a presença do aparelho. Também foi realizada a perícia de
constatação de dano ambiental com exames complementares de toxicologia
ambiental, ou seja, os efeitos nocivos das substâncias químicas derramas no rio
após o acidente.
O inquérito aberto pela Polícia Civil
(PC) para investigar o acidente na ponte rio Moju apontou que a embarcação que
colidiu com a estrutura não tinha licença para o transporte da carga e estava
com excesso de peso, aproximadamente 2 toneladas de dendê. Segundo a Capitania
dos Portos, estava proibida a navegação de embarcações naquela região no
horário do acidente.
A Justiça por meio da Procuradoria-Geral
do Estado (PGE), deferiu e determinou o bloqueio de R$ 185 milhões das empresas
necessários para adoção de medidas à contenção dos danos e reparação dos
prejuízos causados pela colisão da embarcação.
A decisão foi proferida pelo juiz
Raimundo Rodrigues Santana, titular da 5ª Vara de Fazenda Pública dos Direitos
Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, contra as empresas Biopalma, Jari,
CJ da Cunha, IC Bio Fontes, Agregue e Kelly Oliveira.
O desafio preliminar da reabilitação da
ponte foi a limpeza dos escombros do fundo do rio Moju, necessária para a
cravação das 45 estacas metálicas de 1,2 m de diâmetro, a 55 m de profundidade
no fundo do rio para suportar o mastro da ponte que tem 95 m de altura. Depois
do desabamento súbito, já foram retirados 9 mil toneladas de destroços,
emaranhados com o comboio (balsa e empurrador), que foram assoreados com os
rejeitos de palma transportados pela balsa, do fundo do rio. Diante dessa
situação a engenharia da obra decidiu pela construção do bloco da ponte em duas
etapas, com a primeira de 21 estacas para suportar a construção dos pilares do
mastro, executada de junho a agosto, e a segunda para dar estabilidade em
serviço com 24 estacas, concluída em dezembro. A limpeza preliminar demandou
dois meses e 14 dias devido à forte correnteza.
Visando a celeridade da construção para
normalizar o tráfego na Alça Viária, a Engenharia da obra abriu três frentes de
trabalho: construção do mastro central no meio do rio Moju, construção
pré-fabricada da estrutura de aço do tabuleiro da ponte, feita em Fortaleza-CE,
e a remoção dos escombros do rio para liberar os dois novos canais de navegação
da ponte, com vão entre eixos de 134 m cada um.
Outra preocupação foi a travessia
temporária do rio Moju visando diminuir o impacto socioeconômico gerado pelo desabamento
da ponte. O escoamento, por exemplo, foi prejudicado no setor pecuário e
produtos agrícolas, como o dendê. Por isso, para garantir a mobilidade, o
Governo do Estado implantou, gratuitamente, serviço de travessia por balsas na
área da ponte. Essa quarta frente de trabalho foi idealizada e materializada
sem interferências nas atividades de construção da ponte. Foram construídos, em
tempo recorde, dois portos temporários na margem esquerda e direita do rio,
região jusante da ponte, onde estão operando diariamente 2 balsas dentro de uma
rota hidroviária de travessia do rio.
Depois de inaugurada a ponte União, a
estrutura de rampas flutuantes instaladas pela Setran será transformada em um
porto público. A decisão visa beneficiar a população local, que utiliza os rios
Guamá, Acará e Moju para transportar açaí dos municípios de Abaetetuba, Acará e
Moju, do Baixo Tocantins.
A ponte sobre o Rio Moju faz parte do
complexo de quatro pontes da Alça Viária - a rodovia PA-483, que tem mais de 70
quilômetros de extensão - e é a principal artéria rodoviária do Norte do
Brasil, integrando a Região Metropolitana de Belém ao sul e sudeste do Pará.
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual
(PRE), cerca de 10 mil veículos utilizam a Alça Viária diariamente. Por mês,
aproximadamente um milhão de pessoas passam pelo local.
A rodovia PA-483 (Alça Viária) é um
complexo de pontes e estradas que totaliza mais de 74 km de rodovias e 4,5 km
de pontes, construídas para integrar a Região Metropolitana de Belém ao
interior do Estado. Ela tem início na rodovia BR-316, na altura do município de
Marituba e termina no município de Barcarena, permitindo acesso às rodovias
PA-475 e PA-150 rumo ao sul e sudeste do Pará.