Uma em cada dez pessoas tem Doença Renal
Crônica (DRC) e mais de 120 mil brasileiros fazem tratamento de hemodiálise ou
diálise peritoneal, sendo mais de 5 mil no Pará, segundo a Sociedade Brasileira
de Nefrologia. No atual cenário mundial, seguir as recomendações de prevenção é
imprescindível aos portadores de DRC, classificados entre os mais suscetíveis
às complicações da Covid-19, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A doença renal crônica afeta indivíduos
de todas as idades e raças, impactando na qualidade de vida dos pacientes,
contudo é mais comum naqueles com idade avançada. Isso ocorre pois, além de
possuírem baixa imunidade, os enfermos não produzem hormônios como a
eritropoietina, responsável por controlar os glóbulos vermelhos, tornando-se
anêmicos.
Ilce Menezes, coordenadora da Comissão
de Controle à Infecção Hospitalar do Hospital Ophir Loyola, reforça que por não
terem o funcionamento normal do organismo, são pacientes de risco para qualquer
tipo de infecção. "Os renais crônicos possuem uma série de deficiências
hematológicas, somado a isso, o uso de medicamentos imunossupressores para
evitar a rejeição do órgão transplantado afeta os mecanismos de defesa
natural", informa.
Segundo a infectologista, além de serem
orientados conforme as recomendações da OMS, a principal medida preventiva
estabelecida no hospital é a setorização. "A separação do atendimento é
fundamental para que os pacientes sintomáticos respiratórios não entrem em
contato com os assintomáticos. Para que não haja risco, criamos um setor
específico destinado a atender os casos suspeitos ou confirmados de
Covid-19", enfatiza.
A coordenadora do Centro de Suporte
Renal do HOL, a nefrologista Silvia Cruz, explica que esses pacientes possuem
uma imunossupressão relacionada à própria doença, são diabéticos, hipertensos e
idosos. "Esse grupo de risco não tem como fazer o isolamento social, já
que precisa vir ao setor de diálise três vezes por semana para dar continuidade
ao tratamento. "
Segundo ela, a maioria utiliza
transporte público, então são orientados a fazer o uso de máscaras durante todo
o trajeto, a higienização das mãos e a limpeza dos aparelhos celulares muito
utilizados por eles durante as sessões de diálise que duram cerca de quatro
horas cada.
"Os cuidados com a esterilização
das máquinas, cadeiras e de todo o ambiente da diálise sempre foram tomados,
mas existe uma diligência maior quanto ao uso de equipamentos de proteção
individual da equipe assistencial e a preocupação em não deixar os pacientes
muito próximos uns dos outros" - nefrologista Silvia Cruz, coordenadora do
Centro de Suporte Renal do HOL.
Os pacientes pré-transplantes devem
evitar vir ao hospital neste momento. A recomendação é que deixem os exames a
fim de que as consultas sejam remarcadas. Já as emergências serão atendidas
pela equipe, conforme explica Silvia Cruz.
"Os casos de pós-transplantes têm
os primeiros seis meses mais críticos e devem ser acompanhados com uma maior
frequência. Aqueles com mais tempo de enxerto passarão por uma triagem médica
para estabelecer a periodicidade com que devem comparecer às consultas mediante
uma situação de pandemia e com casos confirmados de transmissão comunitária.