O mês de outubro já consolidou a
campanha "Outubro Rosa", que busca conscientizar sobre a prevenção ao
câncer de mama. No entanto, outra campanha que também é realizada neste mês
merece a atenção de toda a sociedade: o "Outubro Verde", que trata do
combate à sífilis e à sífilis congênita. Dentre as ações do governo do Estado
voltadas ao enfrentamento da doença, estão a conscientização, testagem gratuita
e tratamento.
A Sífilis é uma Infecção Sexualmente
Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria
Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes
estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios
primário e secundário, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode
ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou
ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto (congênita).
Segundo dados da Secretaria de Estado de
Saúde Pública (Sespa), em 2020 foram registrados 2.351 casos de sífilis adquirida,
2.427 casos em gestantes e 980 casos de sífilis congênita no Pará. Em 2021, até
o mês de setembro foram notificados 2.149 casos de sífilis adquirida, 2.079
casos em gestantes e 853 casos de sífilis congênita. Esses dados mostram uma
discreta redução dos casos notificados, seguindo a tendência prevista no
boletim epidemiológico de Sífilis do Ministério da Saúde para a Região Norte do
País.
O maior número de casos de sífilis
adquirida, no período de 2018 a 2020, concentrou-se na faixa etária de 20 a 34
anos, com média de 45% dos casos, seguindo a tendência nacional. Quanto à
distribuição dos casos notificados por sexo, 4.545 casos (58%) ocorreram em
homens e 3.300 casos (42%) em mulheres.
Prevenção, diagnóstico e tratamento -
Dentre as formas de prevenir a doença estão o uso correto e regular de
preservativos masculinos ou femininos, o acompanhamento durante a gestação e a
testagem regular.
A Sífilis não confere imunidade
permanente. Mesmo após realizar o tratamento adequado, caso entre em contato
com o agente etiológico novamente, a pessoa volta a se contaminar.
O teste rápido para Sífilis está
disponível de forma gratuita nos Centros de Testagem e Aconselhamento
(CTA)/Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e em todas as Unidades Básicas
de Saúde (UBSs), inclusive na zona rural.
O tratamento eficaz disponibilizado é à
base de benzilpenicilina, medicamento de primeira escolha. "O governo do
Estado, por meio da Coordenação Estadual de IST/Aids/DCDT/DVS, tem o papel de
articulador das políticas nacionais de monitoramento epidemiológico e
avaliação, visando à melhoria da qualidade de vida da população, e atuando
junto aos municípios, os quais são os executores dessas políticas",
explicou Charliana Aragão Damasceno, farmacêutica-bioquímica da Coordenação
Estadual de IST/AIDS e responsável pelo Programa de Sífilis.
Ações de combate realizadas pelo Governo
do Pará:
- Capacitações dos profissionais de
saúde da Atenção Básica, Maternidades, CTA/SAE dos municípios que compõem os 13
Centros Regionais de Saúde, quanto às atualizações dos Protocolos Clínicos e
Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis (PCDT), o qual tem atualizações periódicas.
- Treinamento das equipes de saúde dos
municípios na realização adequada do teste rápido para Sífilis, bem como o
acolhimento humanizado pré-testagem e aconselhamento do paciente pós-testagem;
- Oficinas sobre o manejo clínico da
Sífilis materno-fetal, usando metodologias ativas com casos concretos, tanto
para os profissionais da Atenção Básica quanto das maternidades dos municípios,
desenvolvendo o senso analítico-reflexivo para melhor condução e resolução do
caso, baseado nas atualizações do PCDT;
- Capacitação quanto à importância da
notificação, sensibilizando os municípios quanto aos seus indicadores
epidemiológicos da doença, e mostrando os aspectos observados nestas notificações.
- De março a junho de 2021, o Plano de
Ação para Controle e Eliminação da Sífilis Congênita no Pará, elegendo cinco
municípios (Abaetetuba, Cametá, Castanhal, Tucuruí e São Félix do Xingu), com
taxa da doença menor que cinco casos por 1000 nascidos vivos, com o objetivo de
trabalhar indicadores, capacitar equipes, detectar vieses e articular adequação
com as equipes de saúde locais para alcançar a certificação de eliminação da
transmissão vertical. Neste período foram capacitados 222 enfermeiros, 50
médicos, nove farmacêuticos, três biomédicos, dois assistentes sociais e 840
agentes comunitários de Saúde.
- Distribuição de teste rápido para a
rede de atenção à saúde do Estado, objetivando a detecção precoce e oportuna;
- Distribuição da benzilpenicilina para
rede atenção à saúde estadual, objetivando o manejo clínico/;tratamento
adequado do caso;
- Participação no Programa Territórios
pela Paz (TerPaz), levando a testagem rápida de Sífilis, além do HIV e
hepatites virais, e encaminhando para a rede de atenção em saúde para realizar
tratamento e monitoramento.
Problema mundial - O terceiro sábado do
mês de outubro é dedicado ao combate da Sífilis. Ações são realizadas para
lembrar a sociedade que a doença é um importante problema de saúde pública
mundial, que tem diagnóstico e tratamento eficaz, mas que quando não é
diagnosticada e tratada pode causar danos graves, como a neurossífilis e a
contaminação do feto pela gestante infectada. Assim, campanhas de educação
continuada em saúde no mês alusivo ao combate são de extrema importância, pois
reforçam a importância epidemiológica desta infecção, estimulam a testagem
rápida e a prática do sexo seguro com o uso de camisinha.
"É uma estratégia que deve ser
adotada pelos municípios, como ação extramuros das Unidades Básicas de Saúde
para alcançar diversos grupos sociais, sensibilizando e informando",
reforçou Charliana Aragão Damasceno.