Câncer de próstata: diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em até 90%

 

Chefe da Urologia do Hospital Ophir Loyola, Ricardo Tuma

 De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que, até o final de 2021, no Pará, mais de 930 novos casos desse tipo de tumor sejam diagnosticados. O Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no estado, atende atualmente 600 pacientes, sendo oito estão internados.

 De acordo com o chefe da urologia do HOL, Ricardo Tuma, o preconceito, baseado no machismo, ainda afasta os brasileiros dos cuidados com a saúde. O homem não gosta de mostrar vulnerabilidade, principalmente em uma área tão delicada, que são os órgãos genitais. 

"No passado era pior, mas muitos ainda se recusam a fazer o exame prostático. No entanto, hoje com as campanhas educativas e a divulgação na mídia, os homens se sentem mais tranquilos e informados sobre o assunto", afirmou o doutor Ricardo Tuma.

 Após consultar o médico e realizar os exames, o porteiro Sérgio Amoras, 58 anos, morador de Benevides, constatou o aumento na próstata. Ele realizou a biópsia e descobriu a neoplasia maligna, contudo não havia sinais e nem sintomas, ou seja, uma doença silenciosa na fase inicial.

 "O homem não deve ter vergonha de se consultar e realizar os exames, tem que procurar o especialista a partir dos 40 anos ou antes para poder prevenir ou ter a descoberta precoce", disse Sérgio, que realizará a cirurgia de retirada total da próstata ainda neste mês de novembro. 

O diagnóstico precoce é fundamental para a cura. Uma doença não começa grande, sempre aparece pequena. "As chances de erradicar a enfermidade são na fase inicial, pois na cirurgia nós podemos fazer a retirada total da próstata e o tumor é retirado também. As chances de cura são de 90%", esclareceu o chefe da urologia do Ophir Loyola, Ricardo Tuma.

 O envelhecimento e a hereditariedade são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata. Além disso, pessoas obesas e negros têm maior probabilidade de sofrer com a doença. A mortalidade aumenta a partir dos 50 anos.

 Assim como o câncer de mama, ter casos de câncer de próstata na família aumenta as chances de contrair o tumor, especialmente se for parentes próximos, como pai ou irmãos e que tiveram a doença antes dos 60 anos.

 Em 2016, o maranhense José Silva, atualmente com 83 anos, percebeu que a urina estava com a cor diferente e sentia dores quando ia ao banheiro. Depois de meses assim, decidiu procurar um especialista, realizou a biópsia e foi diagnosticado com câncer de próstata. Também fez mais de dez exames para saber em que estágio a doença se encontrava. O tumor era local e o aposentado veio à Belém, acompanhado da irmã, para começar o tratamento no HOL. Realizou 38 sessões de radioterapia.

 Após seis anos de luta contra a neoplasia maligna da próstata, em pleno novembro azul, seu José está curado. "Hoje eu estou me sentindo como uma pessoa de 18 anos desde quando entrei aqui. A minha cura foi a maior alegria que eu tive na vida. Só tenha agradecer a Deus, aos médicos e todos que cuidaram de mim durante estes anos", disse ele.

 Embora os principais fatores de risco para a doença sejam características que não podem ser alteradas, o urologista Ricardo Tuma destaca, ainda, que o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis pode ajudar a reduzir a chance de doenças, incluindo uma dieta balanceada, exercícios moderados, evitar o tabagismo e o abuso de álcool. 

"A escolha do melhor tratamento é feita individualmente, após definir quais os riscos, benefícios e melhores resultados para cada paciente, conforme estágio da doença e condições clínicas. A doença localizada é tratada com a cirurgia, que pode ser aplicada junto com radioterapia. No caso de metástase, ou seja, se o câncer da próstata tiver se espalhado para outros órgãos, a radioterapia é utilizada junto com tratamento hormonal, além de tratamentos paliativos.