A malária preocupa. Atualmente o Pará
ocupa o segundo lugar em casos de malária na Região Norte, atrás apenas do
Amazonas. (Veja mapa). Desde o inicio do período chuvoso (novembro de 2018), o
Pará resolveu intensificar o combate a essas doenças comuns dessa época do ano.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que, entre janeiro e março deste ano, o
Brasil notificou 31.872 novos casos de malária. No mesmo período do ano
passado, foram registrados 51.076 casos – uma redução de 38%. Em todo o ano de
2018, o país contabilizou 194.271 casos da doença. No Pará, até 2015 o número
de casos de malária vinha caindo, passando de 183.646, em 2010, para 11.266
casos em 2015. No entanto, um incremento da doença foi registrado a partir de
2016, com um total de 14.495, e que se estende até o momento com um total de
36.382 casos.
Recentemente a cidade de Breves, também
no Marajó, sediou o 1° Seminário Regional de Malária, realizado pelo Conselho
de Secretarias Municipais do Estado do Pará (COSEMS/PA). A idéia é colocar em
prática o Plano Emergencial no combate à malária no Estado, elaborado em
conjunto com os municípios com maior índice da doença.
A doença tomou conta do arquipélago do
Marajó e municípios do baixo Tocantins. Os moradores vêm sofrendo com os
maiores índices de casos no estado do Pará. No total são dez municípios
responsáveis por 94% dos casos da doença no estado.
A propagação da malária na região do
Marajó tem uma razão de ser. Aliás, três razões principais:
1)
O
extrativismo é a principal atividade econômica local, obrigando o homem a
entrar na mata
2)
Sucateamento
de barcos
3)
Sumiço
de microscópios e de geradores doados pelo governo do Estado
As equipes de saúde vão até a zona rural
desses municípios distribuindo mosquiteiros, geradores em lugares onde não há
energia para os microscópios funcionarem, e também apoiando as Unidades Básicas
de Saúde para melhorar o atendimento aos doentes de malária.
A bióloga entomologista Paoola Vieira,
da Divisão de Entomologia do Laboratório Central do Estado (Lacen-PA), ressalta
que o trabalho contra o mosquito da malária, o Anopheles, visa pesquisar o
comportamento do vetor em cada município.
A equipe técnica procura saber junto à
população qual o horário em que os mosquitos aparecem em maior quantidade,
horário de maior hematofagia, ou seja, horário em que mais picam as pessoas.
"Pois em um local isso pode estar ocorrendo às seis horas da tarde e, em
outro, às seis da manhã. Essa informação é importante para sabermos quando
devemos reagir e ter mais chances de matar o mosquito. Outra informação
pesquisada fundamental é saber onde o mosquito faz a digestão depois de picar
sua vítima, se dentro da casa ou fora dela. Tudo isso influencia na hora de
tomar as decisões de controle do vetor", explicou Paoola.
* Reportagem: Celso Freire