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As mulheres são as maiores vítimas do escalpelamento - Foto Mozart Lira / Ascom/Sespa |
Para lembrar o Dia Nacional de
Combate ao Escalpelamento, comemorado neste domingo (28), a Secretaria de Estado
de Saúde Pública (Sespa) concluiu na sexta-feira (26) a programação da “II
Semana Estadual de Prevenção e Combate aos Acidentes de Motor com
Escalpelamento”, em solenidade na Santa Casa. Na ocasião, foi lançado o
material publicitário formado por banners, folderes e panfletos, que será usado
nas próximas ações de combate e prevenção ao acidente.
O acidente com
escalpelamento ainda é muito recorrente no Pará, cujas características
geográficas contribuem para que a população use embarcações como meio de
transporte principal, sobretudo às proximidades de festas religiosas e períodos
de férias escolares. “Mulheres e crianças são as maiores vítimas, e geralmente
ficam graves sequelas físicas e psicológicas”, reforçou a coordenadora estadual
de Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva.
Grande parte das vítimas é
oriunda dos municípios do Marajó e do oeste paraense. Nos últimos 20 anos, o
governo estadual tem intensificado as ações de prevenção em todo o Estado,
principalmente nas localidades ribeirinhas. Segundo levantamento referente ao
período de 1997 a 2012, 85% dos acidentados foram do sexo feminino, e destes,
65% crianças. Em 2015 foram registrados onze casos de escalpelamento em todo o
Estado. Neste ano, até o momento, há três registros. Normalmente, há maior
ocorrência no mês de julho, mas não houve nenhum caso registrado no mês.
Em termos de ações preventivas, a
Sespa vem se empenhando em combater o escalpelamento, sobretudo a partir de
2008, quando foi criada a Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com
Escalpelamento, que já promoveu, entre outras atividades, a ação de cobertura
de carenagens, feita pela Capitania dos Portos, responsável pelas ações de
segurança naval nos rios do Pará, das quais destaca-se a colocação de proteção
no eixo do motor, procedimento feito em parceria com a Sespa e que desde 2009,
por meio de lei federal, tornou-se obrigatório. Desde então, mais de três mil
embarcações receberam proteção nos eixos. A instalação não tem custo para o
dono da embarcação, porque é patrocinada por empresas privadas.
Em vésperas de datas especiais,
como Carnaval, Círio de Nazaré e Natal, a comissão distribui cartazes e
material informativo em portos, com o objetivo de conscientizar turistas e
ribeirinhos. Também são divulgadas informações sobre o atendimento às vítimas,
que hoje é oferecido pelo Paives, na Santa Casa, em Belém, e sobre o acesso ao
Tratamento Fora de Domicílio (TFD), benefício fornecido pelos municípios aos
pacientes que precisam cuidar das sequelas fora da cidade de origem.
Próteses – Uma conquista
importante não só para a medicina, mas principalmente para a qualidade de vida
de vítimas de escalpelamento ocorreu no dia 5 de agosto deste ano, quando foram
feitas na Santa Casa do Pará as duas primeiras cirurgias do Brasil de implante
de próteses auriculares (de orelhas) em duas mulheres escalpeladas.
A meta do Governo do Pará é
atender 57 mulheres e um homem que tiveram as orelhas amputadas, juntamente com
o couro cabeludo, em decorrência de acidentes com eixo de motor de embarcações.
Serão implantadas 66 próteses. Para acolher melhor as vítimas e, também os
acompanhantes, foi criado o “Espaço Acolher”, que abriga pacientes e membros da
família durante o tratamento.