Foto: Akira Onuma (Ascom/ SUSIPE) |
Nas unidades prisionais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (SUSIPE), agentes prisionais são responsáveis pela vigilância e monitoramento dos presídios com apoio de policiais militares. Mas, no Centro de Recuperação Penitenciário Pará III (CRPPIII), localizado no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, a vigilância conta com o reforço de uma cadela “vira-lata”, conhecida como "Maria", que acompanha os agentes nas rondas noturnas realizadas na área externa do presídio.
Há cerca de dois anos a cadela
foi encontrada nas proximidades da unidade prisional, porém os próprios
agentes, preocupados com a segurança da cachorrinha, a retiravam da unidade,
com medo que os cães de guarda da penitenciária pudessem machucá-la. "Quando
ela chegou por aqui tínhamos o receio de que ela passasse pela área de
contenção e evitávamos sua aproximação para que não fosse ferida pelos cães de
guarda da unidade prisional, porém ela foi ficando insistentemente, passando a
ser adotada por dois dos nossos agentes que cuidam da sua alimentação e
higiene. Hoje, ela acompanha a equipe e passa 24 horas atenta. Os policiais
dizem que ela funciona melhor que um 'alarme sonoro', pois ela está atenta a
qualquer movimentação", relata o diretor do CRPP III, o major Paulo
Amarantes.
A agente prisional Rosicleide
Quaresma é quem cuida da cadela e passou a treiná-la para acompanhar a equipe
nas rondas de rotina realizada pelos agentes. "Maria apareceu aqui grávida
e muito mal tratada, necessitando de muitos cuidados. Passei a cuidar
pessoalmente dela, ajudei no parto dos filhotes, porém todos morreram. Com o
passar do tempo ela foi melhorando, e a partir de então, comecei a treiná-la
para que nos acompanhasse nas rondas de rotina e assim fomos construindo uma
relação de amizade e confiança", disse a agente.
"Maria" tem uma rotina
típica de um agente prisional. Todas as noites, no "plantão", ela
acompanha os agentes durante a ronda na área externa, e depois segue para o
"monitoramento" na guarita da unidade. Ela faz o percurso de
vigilância entre os postes e a qualquer sinal de movimentação suspeita dá o
sinal para que os agentes possam ficar em alerta.
"Todos os dias ela nos
aguarda, desde o primeiro momento em que chegamos, até o termino das nossas
funções. Ela nos acompanha por todo o período noturno, e ao perceber qualquer
movimentação suspeita, ela nos alerta. Com a ajuda da Maria, já evitamos algumas
tentativas de fuga", destaca Vicente Rodrigues, agente penitenciário que
trabalha há onze anos na SUSIPE.
A presença de animais (cães e
gatos) é muito comum em todas as unidades prisionais e ajudar a descontrair o
ambiente de trabalho. "Para mim é uma alegria muito grande chegar aqui e
encontrar a 'Maria' nos aguardando com tanta alegria, isso nos ajuda a levar
nossa tarefa de uma forma mais leve, já que trabalhamos com uma
responsabilidade muito grande, que às vezes, nos traz certo peso",
completa Rocicleide.
A cadela vira-lata não é o único animal que ajuda na guarda da unidade prisional. Hoje, o CRPP III, considerado um presídio de segurança máxima, conta com cinco cães de guarda da raça Rottweiler, além de um filhote, que ajudam na segurança da área externa e contenção do alambrado. Os cães são posicionados em cada lateral da área, evitando possíveis tentativas de fugas e auxiliando na vigilância da unidade, além de farejar substâncias entorpecentes.
Os cães de guarda são treinados e acompanhados por um agente penitenciário com formação técnica para a função. Os animais passam ainda, por um processo de avaliação médica periódica, além do controle da alimentação balanceada para agirem com o desempenho esperado na função de guarda.
"A atividade penitenciária possui algumas peculiaridades, diferente das outras atividades de segurança pública, pois aqui lidamos com diversos tipos de pessoas, que respondem a diversos crimes. Procuramos trabalhar analisando várias formas de estar à frente de qualquer eventualidade que possa ocorrer. O cão consegue fazer a prevenção com muita precisão, pois ele não se deixa corromper, diferente do homem, que algumas vezes, é levado a fraquejar. A natureza do cão é a lealdade. Por isso procuramos manter a nossa unidade com um canil para nos ajudar a coibir qualquer ação delituosa dos presos. E a Maria, claro, já faz parte da nossa equipe”, assegura o diretor.