Comissão de Direitos Humanos faz diligência ao Paes de Carvalho

Foto: Assessoria/Carlos Bordalo
  
A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor (CDHDC) da Assembleia Legislativa do Pará realizou nesta terça-feira (02) uma diligência à Escola Estadual de Ensino Médio Paes de Carvalho para verificar os problemas denunciados na semana passada pela comunidade escolar. A diligência foi conduzida pelo presidente da CDHDC deputado Carlos Bordalo (PT). Infiltrações, alagamentos, sistema elétrico comprometido e equipamentos sucateados fazem parte da rotina dos 2,5 mil alunos matriculados num dos colégios mais tradicionais do Pará.

Nas salas de aula, estudantes tentam manter a concentração num ambiente completamente insalubre, tomado por infiltrações, mofo e cupins. As salas são escuras, quentes e barulhentas. Há mais de duas semanas, parte da escola está sem energia elétrica. “Pensei que vir para cá seria melhor, mas está muito pior”, desabafou a estudante Luiza Vitória, 16 anos, aluna do 1º ano do Ensino Médio, moradora do bairro do Jurunas.

A professora de Química Selma Sábio mostra a precariedade da sala onde deveria funcionar o laboratório. “Não temos sequer armários apropriados para guardar o material. Tivemos que armazenar uma parte dos livros didáticos aqui, pois estavam numa sala que sofre infiltração. Como estamos sem energia elétrica, não temos condições de dar aula”, contou.

José Demétrio, professor de Geografia, trabalha há 29 anos na instituição e diz que nunca viu o Paes Carvalho passar por uma reforma completa. “Fizeram uma pintura há quatro anos, mas só. A escola está abandonada. Já recorremos à Secretaria de Educação e ao Ministério Público, mas não adiantou nada”, relatou.

A merenda escolar servida aos alunos é basicamente suco e biscoito. “Comida mesmo, só umas duas vezes por semana”, disse uma das merendeiras, que preferiu não se identificar. Em dezembro do ano passado, a merenda estava contaminada por larvas, fato devidamente registrado pelos alunos. “Provavelmente isso ocorreu pelas más condições de armazenamento dos alimentos”, disse ela.

O ginásio perdeu parte do telhado durante as chuvas e também sofre alagamentos, inviabilizando as atividades esportivas. A biblioteca passou anos fechada e foi parcialmente recuperada pelos alunos. Os banheiros masculino e feminino vivem alagados e com péssimas condições de uso.

O diretor do Paes de Carvalho, Afonso Alves, explicou que foi nomeado em fevereiro deste ano, após um tumultuado processo de afastamento da direção anterior, acusada de fraude nas verbas destinadas à escola. “A prestação de contas era toda fraudada”, relatou.

A diligência foi acompanhada pelo secretário de Logística Escolar da Seduc, Roberto Damasceno. Segundo ele, a Seduc irá realizar reformas emergenciais na escola, prioritariamente no telhado e rede elétrica e hidráulica. Ainda de acordo com o representante do Governo do Estado, em maio será lançado edital para reforma de 16 escolas, entre elas o Paes de Carvalho, com recursos do BID. A previsão é que a reforma comece em setembro.


Após percorrer a escola, o deputado Carlos Bordalo disse que é preciso devolver ao Paes de Carvalho o que a instituição representa para o Estado "Estudar aqui já foi motivo de orgulho. Vamos recomendar à Seduc que tenha atenção especial a esse colégio, inclusive orientando o novo conselho escolar a gerir os recursos da melhor forma para pequenos reparos e manutenção do prédio. E vamos fiscalizar essa promessa de reforma para que realmente seja cumprida", observou.