O médico dermatologista Carlos
Cruz, da Coordenação Estadual do Programa de Controle de Hanseníase da
Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Carlos Cruz, abordará a real
situação da doença no Pará na noite desta quinta-feira (9), a partir das 19h45,
durante explanação na 14ª edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia, que
está acontecendo no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, e
prossegue até osábado (11).
Em sua apresentação durante o
evento, organizado pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), o
especialista em Hansenologia falará sobre a diminuição de casos de Hanseníase
no Pará, cuja série histórica registrava 5.205 casos em 2001, chegando 5.976 em
2014, até registrar 2.486 confirmações da doença em 2016, de acordo com dados
consolidados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do
Ministério da Saúde.
No ano passado, o Estado
apresentou taxa de detecção de 30,43% novos casos da doença para cada 100 mil
habitantes, índice considerado muito alto pela classificação adotada pelo
Ministério da Saúde, que atua com os parâmetros hiperendêmico (maior de 40%),
muito alto (entre 20 e 39,99%), alto (de 10 a 19,99%), médio (2 a 9,99%) e
baixo (menor que 2%). O Pará é o quarto Estado com mais casos da doença no
Brasil, ficando atrás do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, que já são
considerados hiperendêmicos.
“Os números baixaram
significativamente durante os últimos 10 anos, mas, mesmo assim, a meta ainda
não foi superada. Diante disso, a Organização Mundial da Saúde prevê que até o
ano de 2026 se consiga chegar a uma média de apenas um caso de hanseníase para
cada 10 mil habitantes”, pontua Carlos Cruz. Das regiões do Pará que
apresentaram mais casos entre pessoas de todas as idades, 15 municípios
abrangidos pelo 12º Centro Regional de Saúde foram os de maior ocorrência em
2016, com índice total de 63 casos para cada 100 mil habitantes.
Apesar do Pará configurar com o
quarto Estado com maior número de casos, o trabalho da Sespa para conter o
avanço da doença não tem diminuído, visto que o programa de controle da
hanseníase está implantado em 100% dos municípios paraenses e inclui atendimento
para pessoas de todas as idades. Em 2008, o Pará dispunha de 597 unidades de
saúde, e ao final de 2015, já somava 812, um salto de 36%. Esse total
corresponde a 75% de unidades com o programa implantado, mediante treinamento
de 4,549 profissionais de todos os níveis escolares em capacitações realizadas
pela Sespa entre 2002 e 2016. Essas unidades, geridas pelas prefeituras, têm
por compromisso desenvolver ações de controle, com atividades de diagnóstico,
tratamento, prevenção de incapacidades e educação em saúde.
Outra missão em que se empenham
os profissionais envolvidos no controle da doença é combater o número de casos
de casos de abandono do tratamento, que no ano passado chegou a 7,3 para cada
100 pacientes diagnosticados. Já os casos de cura têm se mantido estáveis nos
últimos três anos, com uma média de 80%, parâmetro considerado regular pelo
Ministério da Saúde.
De forma simultânea aos
procedimentos de rotina para combate à doença, o governo estadual já lançou
três edições da Campanha Nacional de Hanseníase e Verminoses para estudantes
entre 05 e 14 anos, obedecendo às estratégias criada pelo Ministério da Saúde
para que as secretarias estaduais de Saúde e de Educação orientem os municípios
na execução do serviço. A mobilização ganha força no Pará, um dos cincos
estados brasileiros - incluindo Maranhão, Bahia, Pernambuco e Piauí - com
municípios onde há maior prevalência de hanseníase.
A mobilização consiste na
detecção de casos novos em alunos de escolas da rede pública na faixa de 5 a 14
anos, em todos os municípios paraenses. Mais de 90 dos municípios paraenses
aderiram à campanha. É importante destacar que o Pará é um dos três Estados
brasileiros que têm cumprido a meta estabelecida na campanha.
Pela campanha, agentes
comunitários de saúde e equipes do Programa Saúde da Família irão percorrer
escolas públicas de municípios paraenses para diagnosticar e tratar a
hanseníase e verminoses em alunos. Em parceria, os profissionais das
secretarias municipais de Saúde e de Educação terão o compromisso de
identificar alunos com sinais e sintomas da doença. Casos suspeitos serão
encaminhados à rede básica de saúde para confirmação e início do tratamento.
Em 2014, 112 municípios já haviam
aderido à campanha, quando participaram 680.472 alunos, dos quais 146 foram
identificados com hanseníase e 592.419 tratados com Albendazol. Em 2015, o
número de casos de hanseníase entre estudantes diminuiu para 38, segundo dados
registrados pelo SUS on line até 30 de novembro daquele ano.
Características e tratamento
De acordo com informações do
Ministério da Saúde, a hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa,
transmitida por pessoas doentes que não estão em tratamento. A doença tem cura,
mas pode causar incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio ou se o
tratamento não for feito adequadamente.
A transmissão se dá por meio de
espirros e tosses, por exemplo, de uma pessoa doente e sem tratamento. O
contágio não se dá por meio de abraços e apertos de mão. Também não é
necessário separar roupas, pratos, talheres e copos do infectado em casa. O
tratamento é gratuito e inclui um coquetel de antibióticos, podendo durar até
um ano e meio.
Os principais sintomas da
hanseníase são: manchas avermelhadas, esbranquiçadas ou amarronzadas no corpo
com diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, tato e à dor; caroços
avermelhados às vezes doloridos; sensação de choque com fisgadas ao longo dos
braços e pernas; áreas com diminuição de pelos e suor; e o engrossamento do
nervo que passa pelo cotovelo levando ao comprometimento gradual da força do
quinto dedo da mão.
Serviço: Painel “Situação da
hanseniase no Pará”, por Carlos Cruz, no auditório I do Hangar Convenções e
Feiras da Amazônia, em Belém, nesta quinta-feira (9), às 19h45, durante o
Congresso Brasileiro de Hansenologia.