Um novo sistema de dispensação de
medicamentos implantado no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém,
promete reduzir significativamente o consumo de plástico na unidade. As
habituais bobinas de plástico utilizadas nas farmácias dos hospitais para
distribuir os remédios de cada paciente foram substituídas no Galileu por uma
opção muito mais sustentável e prática: bolsas retornáveis feitas com material
e em medidas adequadas para a necessidade hospitalar.
Há apenas um mês de implantação total do
novo sistema de bolsas, o Hospital Galileu, que é gerido pela Pró-Saúde
Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob contrato de
gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), reduziu em 50
quilos o consumo de plástico, na comparação com o mesmo período no ano passado.
Em reais, a economia chegou a R$ 1.170, e em longo prazo, a expectativa da
equipe é de que a economia seja muito maior.
Paulo Czrnhak, diretor Operacional da
Pró-Saúde no Pará e coordenador das ações de Sustentabilidade no Estado,
explicou que a iniciativa traz resultados pelos aspectos econômico, social e
ambiental. “Essa iniciativa reforça o compromisso da gestão da Pró-Saúde com o
meio ambiente, o respeito ao recurso público investido nesse hospital e a preocupação
com a segurança do paciente, fortalecendo, assim, o compromisso com a
sustentabilidade”, afirmou.
Impacto
Cada bobina de plástico que era
utilizada no HPEG continha 16,85 kg somente de plástico. Para atender todos os
pacientes eram utilizados, em média, sete bobinas por mês. Ou seja, cerca 121
quilos de plástico eram utilizados e depois descartados. “Fora a questão do
custo, existe esse impacto do plástico no meio ambiente, já que leva em média
100 anos para esse tipo de material se decompor”, explicou a gerente de apoio
da unidade, Giovana Gross, que foi em busca de uma alternativa para o problema.
Gross encontrou nas bolsas retornáveis a
opção ideal, já que elas podem ser higienizadas após o uso, com álcool 70% ou
peróxido de hidrogênio, e reutilizadas, tendo durabilidade média de seis meses.
“Com o apoio do Controle de Infecção Hospitalar e da Farmácia, encontramos um
material ideal, que atendia a necessidade de todos e que foi muito bem aceito
pela equipe”, afirma.
De acordo com a farmacêutica do Hospital
Galileu, Suellen Sanches, as novas bolsas para medicamento, além de
sustentáveis, têm facilitado o trabalho da equipe e passado maior
confiabilidade. “Agora a gente lacra a bolsa dos medicamentos controlados, o
que dá uma segurança maior, porque esse lacre sempre é conferido na hora da
dupla checagem. E também percebo que a equipe está terminando muito mais rápido
o processo, pois não precisa mais selar os plásticos, como antes”, declarou.
A técnica de Enfermagem, Tayná Pinto,
trabalha há três anos no Hospital Galileu e aprovou a as novas bolsas para
medicamento. “A gente vai pelo custo-benefício da sustentabilidade. O plástico
a gente utilizava e jogava fora, e a bolsinha a gente pode reutilizar”,
afirmou. “Observo que o trabalho também fica mais organizado, a gente precisa
de uma tesoura só para cortar o lacre, e depois tem a facilidade do zíper, não
precisa ficar cortando as fitas. Já vem tudo separado, com os horários, nome do
paciente, bem melhor”, completou.
Para o coordenador de Farmácia da
unidade, Heraldo Diones, a implantação gradual das bolsas, iniciada em outubro
deste ano, também ajudou para que a equipe entendesse o porquê e também a forma
de utilizar esse novo material. “Começamos primeiro em uma clínica, fomos vendo
a aceitabilidade, fazendo ajustes, expandimos para outra clínica, depois para a
UTI, até que em novembro já estávamos com o sistema totalmente implantado”,
conta.
Atualmente, apenas nas áreas de
isolamento do hospital não são utilizadas as bolsas retornáveis, como medida de
segurança. “Foi tudo pensado para garantir a segurança do paciente”, concluiu
Diones.
Hospital
O Hospital Galileu é, hoje, uma das
unidades referência em sSustentabilidade na região Norte, tendo recebido os
prêmios Amigo do Meio Ambiente e Líderes da Saúde Norte e Nordeste, na
categoria Sustentabilidade, pela implantação de projetos como “Blitz dos
resíduos” e “Blitz do desperdício”, entre outros.
A unidade é também signatária do Pacto
Global da Organização das Nações Unidas (ONU), reconhecimento público do seu
compromisso com o desenvolvimento sustentável. Além disso, em 2016, se tornou o
segundo hospital público do país a publicar o relatório de Sustentabilidade da
Global Reporting Initiative (GRI) e a receber o selo ‘Materiality Disclosures’.
As conquistas não param por aí, em 2017, conquistou o selo prata do Programa
brasileiro GHG Protocol pela publicação do inventário completo de emissão de
gases do efeito estufa.