OSTP apresenta concerto com “Ressurreição”, de Gustav Mahler



Com 110 músicos no palco e mais 60 coralistas, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) apresenta no próximo dia 20, às 20h, sob regência do maestro titular Miguel Campos Neto e participação das solistas Kézia Andrade (soprano) e Ana Lucia Benedetti (mezzo-soprano), um concerto que marca o encerramento da temporada comemorativa dos 20 anos de criação do grupo. E a obra escolhida para este momento foi “Ressurreição”, da sinfonia Nr. 2 em Dó menor, de Gustav Mahler (1860-1911). A entrada é gratuita.  Os ingressos a partir do dia 19/12, a partir das 9h na bilheteria do Theatro da Paz ou pelo site www.ticketfacil.com.br.

O espetáculo é uma realização do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Academia Paraense de Música, com apoio da Rede Cultura de Comunicação, Instituto de Ciências da Arte da UFPA, Fundação Amazônica de Música, Instituto Estadual Carlos Gomes, Museu do Estado do Pará e Sistema Integrado de Teatros. O evento tem a parceria do 7º Festival Música na Estrada, uma realização do Governo Federal por meio do Ministério da Cultura - via Lei Rouanet - e da Kommitment Produções Artísticas, apresentado pela Caixa Seguradora com o patrocínio máster do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Instituição de Ensino Superior Estácio.

O maestro Miguel Campos Neto comenta que só é possível apresentar uma obra de Mahler como essa, importantíssima na história da música erudita por sua complexidade técnica e temática, por conta de investimentos permanentes no corpo orquestral, criado em 1996 pela Secult. O regente também faz uma análise e conta que anualmente, a OSTP realiza cerca de 20 concertos por ano e não há, em duas décadas de trajetória, momento tão relevante na apresentação de uma obra, pelo número de pessoas envolvidas na realização do espetáculo e também pela evolução dos músicos ao longo desse período.

“Nesses 20 anos, eu consigo pensar em quatro ocasiões em que a orquestra teve que se levantar ao nível que esta obra de Mahler requer, então acredito que o público verá uma sinfônica da qual Belém e todo o Pará podem se orgulhar. Não só orquestra, mas também todas as forças que nós temos e que vão estar representadas ali no palco. Se hoje podemos fazer esta apresentação é porque temos uma orquestra, músicos profissionais, boas escolas de música, um bom coro, solistas e um teatro maravilhoso. Além de uma gerência de música que não mede esforços para que façamos nosso trabalho.  Esse concerto representa também todas as pessoas que estão atrás do palco”, comenta Campos Neto.

A orquestra foi criada para celebrar o centenário do compositor Carlos Gomes, falecido em Belém, e de acordo com Paulo Chaves, secretário de Cultura do Pará, a determinação e o improviso selaram o destino do que viria ser a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz.      

“Dentro da programação, foi incluída a execução da Missa Nossa Senhora da Conceição, na Catedral. Às pressas, resolvemos improvisar uma orquestra, convocamos músicos que tocavam em bares, em bandas militares, alunos e professores do Conservatório, além de convidados de outros estados. E, no dia 16 de setembro, a Missa de Nossa Senhora da Conceição, de Carlos Gomes, foi apresentada, na Catedral. Esse foi o embrião OSTP, a primeira sinfônica profissional e estável, na história da música paraense”, conta Paulo Chaves.

Fernando Ramos, diretor do Festival Música na Estrada, destaca a bem sucedida parceria com a equipe de Belém. “A parceria com a Secult para nós é extraordinária. Estamos felizes de contribuir para a realização de uma das obras sinfônicas mais importantes do século XX e poder viabilizar a segunda sinfonia de Mahler. Isso é um sinal inequívoco de que a parceria tem dado muito certo. Esperamos que isso se fortaleça e que a gente possa colher mais frutos no futuro”, completa o diretor.

Mahler

Gustav Mahler é um compositor austríaco, de origem boêmia e de ascendência judaica, nascido em Kaliste, hoje um território da República Tcheca, falecido em Viena. Esse emaranhado de territórios e de referências de cada lugar o angustiava e refletia diretamente em sua obra. “Três vezes apátrida. Como natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como judeu, no mundo inteiro. Por toda parte um intruso, em nenhum lugar desejado”, declarou certa vez.

A obra “Ressurreição”, como o nome indica, fala de vida e morte e foi composta quando Mahler havia terminado a composição de sua Primeira Sinfonia (1888) e logo escreveu o que deveria ser um Poema Sinfônico chamado Totenfeier (Rito Funeral). Mas, inquieto, ocorreu-lhe de escrever uma sinfonia nos moldes da Nona de Beethoven, acrescida de uma intervenção coralística ao final.

Apenas cinco anos mais tarde é que Mahler, que atuava a maior parte do tempo como regente, conseguiu usar as suas férias de verão para compor os segundo e terceiro movimentos (1893). No ano seguinte (1894), durante os funerais de Hans von Bülow, o grande regente do século XIX, veio-lhe a inspiração para a conclusão da obra com o poema "Die Auferstehung" (A Ressurreição) de Friedrich Klopstock (1724-1803).

“Ele fez nove sinfonias e deixou a décima incompleta. Nesta segunda, ele foi ousado e fez cinco movimentos. Ele já tinha tentado fazer isso antes, de falar sobre a própria ressurreição e sobre a dualidade religiosa dele, entre o judaísmo e o cristianismo, no quinto movimento. O quarto ele chama de ‘Ulrich’, que significa ‘luz inicial’, demonstrando o início da vida. É uma sinfonia muito profunda, de caráter existencial e religioso”, explica Miguel Campos Neto.

Talentos de outros estados

Em abril, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) realizou audições seletivas para avaliar os inscritos às vagas de violino spalla, violino I, violino II, violoncelo, viola, oboé, fagote e flauta. O novo spalla - ou concertino, o primeiro violino da orquestra -, Carlos Ribeiro, veio da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, um projeto social do Instituto Baccarelli que reúne alunos e músicos de todo o país. Ele é um dos músicos que vão atuar no concerto com a obra “Ressurreição”, sinfonia nº. 2 em dó menor, de Gustav Mahler (1860-1911).

Carlos Ribeiro, que é natural de Mogi das Cruzes (SP) e formado em Licenciatura Plena em Música, pela Faculdade Cantareira, foi chefe de naipes na sinfônica de Heliópolis, onde permaneceu por mais de cinco anos até resolver se desafiar e concorrer à vaga para spalla da OSTP. “Eu queria ver não só se seria capaz como também queria entender o mercado fora de São Paulo, buscar dar a minha contribuição para desenvolver a orquestra aqui e solidificar novos talentos”, explica o jovem violonista, de 23 anos.

Para Carlos, a responsabilidade de ser o spalla da OSTP também foi bem vinda: “Sou responsável por todos os solos de violino, pela afinação da orquestra e trabalho muito perto do maestro. Logo, o desafio profissional é grande, mas estou bem contente com a cidade e tudo que envolve esse trabalho, além de ter podido trazer a minha esposa, Giovana, que é a primeira suplente de violoncelo”, acrescenta o spalla.

Outro músico que também já atuava em uma orquestra e foi absorvido na OSTP é o mineiro, natural de Juiz de Fora, Samuel Rosa. Ele assumiu um dos fagotes, com a experiência adquirida na Orquestra Sinfônica Cesgranrio, com sede no Rio de Janeiro. Samuel conta que não esperava vir morar em Belém, mas a mudança foi para melhor, já que considera a participação no Festival de Ópera importante para sua carreira de músico.

“O Festival de Ópera foi um dos eventos mais grandiosos onde já me apresentei. Estou bem adaptado aqui, aproveitando o meu dia de forma mais qualitativa, tenho tempo para estudar o meu instrumento e ainda crescer junto com os membros antigos e mais novos. Tem sido uma experiência incrível”, elenca.

Maestro assistente

A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) também tem agora o maestro Pedro Messias, 27 anos, que aceitou o convite do maestro Miguel Campos Neto para atuar na sinfônica como maestro assistente. Ele já havia atuado na Orquestra do Theatro São Pedro, em São Paulo, com o maestro Luiz Fernando Malheiro, um grande regente de ópera, o que permitiu que se especializasse nessa área. Mas com a contenção de gastos provocados pela crise econômica, ele acabou sendo demitido.

“Com isso, fui em busca de novas oportunidades e quando estava no Festival Amazonas de Ópera, que é dirigido pelo Miguel, me sugeriram entrar em contato com ele. A princípio, eu viria ser assistente dele apenas durante o Festival de Ópera, mas o convite foi estendido para que eu me juntasse à OSTP e vi que seria uma oportunidade que eu não poderia deixar de abraçar”, assinala Messias, que hoje ainda exerce a função de diretor musical do Núcleo de Ópera do Instituto Estadual Carlos Gomes.

O maestro assistente Pedro Messias diz que trabalhar diretamente com os cantores na OSTP tem sido empolgante. “Eu me dedico mais à ópera e como um terço do ano da orquestra é voltado ao Festival de Ópera, tenho tido muitas possibilidades de desenvolver o meu trabalho, trazer um pouco da minha experiência e também aprender muito com a forma que as coisas são feitas aqui nesse segmento. A minha intenção também é montar o máximo de óperas pedagógicas que puder e ir apostando na formação de músicos e cantores, nesse repertório operístico”, conclui Messias.

Serviço: Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. Encerramento das comemorações de 20 anos da OSTP. Concerto com apresentação da obra “Ressurreição” - Sinfonia nº. 2 em Dó menor, de Gustav Mahler (1860-1911)

Coro Lírico do Festival de Ópera do Theatro da Paz
Regência: Miguel Campos Neto
Preparador coro: Vanildo Monteiro
Solistas: Kézia Andrade (soprano) e Ana Lucia Benedetti (mezzo-soprano)
Legendas: Gilda Maia
Data: 20/12/2017
Hora: 20h
Local: Theatro da Paz
Entrada franca
Retirada de ingressos a partir do dia 19/12, a partir das 9h na bilheteria do teatro ou pelo site www.ticketfacil.com.br.

(Colaboração: Mirelle Giusti e Lorenna Montenegro)



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