Profissionalizar
a piscicultura familiar em municípios paraenses como instrumento de
desenvolvimento regional e de garantia da segurança alimentar. Esses são os
principais objetivos do Projeto de Revitalização da Piscicultura no Estado do
Pará – financiado pelo Ministério da Integração Nacional e executado pela
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) – que deve beneficiar mais de 800
famílias de 17 municípios. O investimento federal é de R$ 2,1 milhões e
contempla a realização de cursos de capacitação aos produtores, recuperação ou
adaptação de viveiros, implantação de tanques-rede e fornecimento de insumos
aos pescadores.
Segundo
o coordenador do Projeto e professor da UFRA, Ivan Furtado Junior, os
investimentos na revitalização da piscicultura farão com que os produtores
familiares dominem todo o ciclo da produção do peixe, que inclui alevinagem,
crescimento, reprodução, abate e comercialização. “O inverno amazônico, que
dura de dezembro a junho, dificulta a pesca, já que os peixes se dispersam
neste período. Com as capacitações e a implantação dos viveiros, os pescadores
terão acesso rápido e direto à sua produção, garantindo segurança alimentar e
geração de renda às famílias durante todo o ano”, explica.
Os
critérios utilizados para a escolha dos municípios foram principalmente a
vocação para a piscicultura e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) considerado dentro ou abaixo da média, o que torna as localidades
regiões prioritárias para investimentos dentro da Política Nacional de
Desenvolvimento Regional (PNDR) – coordenada pelo Ministério da Integração
Nacional. Estão inseridas no Projeto de Revitalização as cidades de Altamira,
Breves, Cachoeira do Arari, Cametá, Conceição do Araguaia, Curralinho, Igarapé-Açu,
Igarapé-Miri, Itaituba, Muaná, Oeiras do Pará, Paragominas, Primavera, Ponta de
Pedras, Sebastião da Boa Vista, Santarém e Tucuruí. Dessas, apenas cinco
possuem IDHM dentro da média, enquanto nas demais o índice é considerado baixo.
Furtado
explica que o Projeto está sendo implantado nas 17 cidades, mas que Breves e
Ponta de Pedras estão em processo mais avançado já na fase de instalação dos
viveiros. “O primeiro passo é assinar o termo de compromisso com as Prefeituras
para garantir a cooperação. Após isso, realizamos um diagnóstico da
piscicultura no município e a seleção dos produtores familiares para
participarem do Projeto. A terceira fase é a realização das capacitações e, por
fim, a implantação dos viveiros”, detalha. Segundo o coordenador, a expectativa
é finalizar as capacitações em todos os municípios até o primeiro trimestre
deste ano e instalar os viveiros no segundo trimestre.
Profissionalização
da produção – O Projeto tem o objetivo de revitalizar a piscicultura no Pará
por meio da capacitação de pequenos e médios produtores, além de recuperar e
adaptar os viveiros, fomentar os principais insumos utilizados no processo de
produção de peixes e fornecer assistência técnica especializada. Os
treinamentos incluem aulas sobre matemática aplicada à piscicultura,
piscicultura em viveiros e gestão e empreendedorismo. Os kits fornecidos aos
pescadores são compostos por insumos como alevinos, ração, redes, tanques-rede,
medidores de pH, discos de Secchi, calcário, fertilizantes químicos, baldes e
isopor.
O
Projeto prevê a instalação de 32 tanques-redes de 10,2 m3, cabendo dois tanques
por família. Cada um com capacidade de carga de 360 peixes e com produção
estimada de 7,8 mil quilos. A estimativa de produção em 12 meses é de 1,3 mil
quilos de peixe (tambaqui e curimatã) por família.
Piscicultura
– O Brasil possui 8,4 mil quilômetros de costa marítima, 5,5 milhões de
hectares de reservatórios de água doce, 12% da água disponível no planeta,
clima favorável e uma imensa diversidade de espécies. O consumo do pescado
representa uma fonte de proteínas de qualidade e ainda previne doenças
cardiovasculares devido a presença de ômega 3. Segundo o censo aquícola de
2008, no Pará existem 828 empreendimentos comerciais em 113 dos 144 municípios
do estado. Desses, 805 são voltados à criação de peixes em água doce, tornando
a piscicultura continental a principal atividade aquícola da região.
Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015 foram
produzidas 483 mil toneladas de peixe, o que representa um crescimento de 1,5%
em relação a 2014. De acordo com o Ministério da Agricultura, o consumo de
pescado no Brasil - de 14,4 kg por habitante/ano - já superou o recomendado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 12 kg, por habitante, a cada
ano.