O Esperanza, um dos navios do
Greenpeace está de volta à região dos Corais da Amazônia, no Brasil, para uma
expedição científica. Durante aproximadamente 30 dias, o time navegará pelo
setor norte do recife (região mais próxima da costa do Amapá) e espera
encontrar novas informações sobre espécies que habitam a região e sobre as
características desse ecossistema único. Esta expedição pode responder questões
sobre os reais impactos da exploração de petróleo perto dos Corais da Amazônia
e é crucial para impedir que as empresas comecem a operar na região. Na expedição feita pela ONG no ano passado, as
regiões do recife de corais visitadas foram as sul e central e não foram feitas
pesquisas, mas sim as primeiras imagens dos Corais da Amazônia em seu habitat
natural, ou seja, debaixo da água.
O objetivo dessas expedições é
defender o bioma recentemente descoberto da ameaça da exploração de petróleo. A
empresa francesa Total está tentando pela última vez obter a licença para
explorar petróleo na região. Isso porque o Ibama já negou outras duas vezes o
EIA dela. A petrolífera submeteu ao órgão brasileiro uma versão nova, apontando
os planos e riscos operacionais. O Ibama pode negar ou conceder a licença nas
próximas semanas.
Um estudo externo comissionado pelo Greenpeace
sobre o novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Total aponta que caso
aconteça um vazamento nas plataformas da empresa, ela deveria considerar que a
chance de petróleo atingir a região dos Corais da Amazônia é de até 100%.
A Total analisou como os sedimentos do rio
Amazonas poderiam aumentar a quantidade de petróleo descendo para o fundo do
mar, e os resultados foram inconclusivos. Segundo o estudo do Greenpeace, esse
EIA é incapaz de calcular a quantidade de petróleo que atingiria o fundo do
mar. No entanto ficou claro que o desastre afetaria a avifauna marinha, o boto
cor-de-rosa, o golfinho da Guiana e as rotas migratórias das
tartarugas-marinhas-verdes.
"Sem essas informações,
deveríamos assumir que todo o óleo da superfície pode chegar ao fundo do mar.
Isso aumenta para até 100% a probabilidade de petróleo alcançar os Corais da
Amazônia. É um risco inaceitável", diz Thiago Almeida, especialista em
Energia do Greenpeace Brasil.