Hospital Regional de Marabá inicia projeto piloto de humanização do parto


 
Foto: Ascom

Depois de anos atuando como enfermeiro em partos, chegou a vez de Luís Mafra receber um bebê muito especial: a sua primeira filha. A cirurgia aconteceu no Hospital Regional do Sudeste do Pará - Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA), e foi a primeira do projeto piloto de humanizado do parto na Unidade, que permite a presença do pai ou de outro familiar no Centro Cirúrgico. A iniciativa tem o objetivo de tornar o ambiente mais acolhedor para a mãe e a criança, além de reduzir as chances da paciente ter depressão pós-parto e outras complicações decorrentes do procedimento.

Referência em atendimento de média e alta complexidades, o Hospital Regional de Marabá realiza cerca de 75 partos por ano. Todos de alto risco, como foi o caso de Adriane Gouveia, esposa do Luís. Na 28ª semana de gravidez, ela foi diagnosticada com diabetes e, então, referenciada para a Unidade, onde continuou o pré-natal e ocorreu o parto.

Para Adriane, a presença do marido foi extremamente importante para a acolhida de Alícia. "Eu não tenho palavras para expressar como foi maravilhosa a presença dele no parto. Acho que a iniciativa vai ajudar as mães a encararem melhor todo esse processo, porque não é fácil passar por isso. A gente fica exposta física e emocionalmente e ainda preocupada com a cirurgia, porque ela não deixa de ter riscos", contou ela.

O marido de Adriane também avaliou positivamente a experiência. "Eu já participei de vários partos, mas nada se compara a hora em que eu peguei a minha filha nos braços. Para mim é de fundamental importância o acompanhamento da família antes, durante e após o parto, porque esse acompanhamento dá força, carinho  e esperança de que o bebê vem ao mundo com saúde", afirmou Luís.
  
Preparação

No Hospital Regional de Marabá, o projeto piloto é realizado por uma equipe formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e profissionais da Humanização, que têm contato com a paciente e seus familiares antes do parto. A proposta é fazer o acompanhamento multiprofissional de pelo menos três gestantes, para que a equipe avalie os resultados do projeto. Esse fluxo será adotado somente em partos eletivos, excluindo, dessa forma, o atendimento de urgência e emergência a grávidas.

 A presença de um familiar durante o parto também fica condicionada a avaliação da equipe, que levará em conta, os tipos de riscos que cada gravidez apresenta. De acordo com o supervisor do Centro Cirúrgico e da Central de Material Esterilizado, Delyo Alves, o atendimento é baseado no diálogo com a equipe e os usuários. "O familiar que vai acompanhar o parto deve ser preparado antes pela equipe do Serviço Psicossocial, porque o centro cirúrgico não é um ambiente natural para quem está lá fora. Além disso, como os partos realizados na Unidade são de alto risco, acaba que a situação é um pouco mais crítica. Por isso, temos que preparar o familiar para qualquer situação", disse o enfermeiro.
  
Benefícios

Preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, o parto humanizado é um conjunto de práticas e procedimentos adotados a partir de uma perspectiva mais acolhedora da família e que não se limita ao momento do nascimento da criança, mas inclui ações antes e após o parto, com foco no protagonismo do usuário.
  
Segundo a psicóloga do HRSP, Renata Cortinhas, são muitos os benefícios proporcionados pela iniciativa. "Ter o suporte de um conhecido em um momento que pode ser difícil ou delicado é uma forma de transformar a situação em boas memórias e histórias para contar, não somente lembrando das dores, do pós-operatório ou da tensão do momento. Também cria uma relação de cumplicidade entre os envolvidos e pode ser a base para a compreensão de que cada um - pai e mãe - terá um papel diferenciado, porém não menos relevante nos cuidados e no vínculo com a criança", argumentou a colaboradora.

 Já a diretora Assistencial, Maria do Carmo Freitas, salienta outros aspectos positivos. "Se a mãe ficar calma e tranquila, ela vai amamentar muito mais rápido. Sem contar que poderá a dor reduzida, o que impactará no uso de analgésico", explicou.