A apenas 20 minutos de lancha da Alça
Viária, perto da Grande Belém, a comunidade de Santo Amaro guarda belezas
naturais ainda pouco conhecidas dos paraenses. Às margens de um braço do Rio
Guamá, a comunidade formada por oito casas é cercada por mata fechada, onde é
possível encontrar belos exemplares da flora e da fauna regional. Santo Amaro
integra o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, Unidade de
Conservação estadual sob a responsabilidade do Instituto de Desenvolvimento
Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio).
Com apoio de técnicos do Instituto, que
realizam na comunidade o Projeto AgroVárzea, os moradores estão aprendendo a
implantar o turismo de natureza como mais uma alternativa para geração de
renda. Nas terras de Rosinaldo e Eliane Reis já é possível fazer trilhas
ecológicas e degustar um típico almoço paraense.
Na propriedade, o casal cultiva diversas
espécies frutíferas, como açaí, cupuaçu e banana, no sistema agroflorestal. As
frutas são comercializadas, com destaque para o açaí. Foi para ampliar as
plantações que Rosinaldo e Eliane abriram a Trilha da Paxiúba, um percurso de
aproximadamente 1 km, considerado de nível intermediário.
Diversidade - Por meio dos conhecimentos
tradicionais, adquiridos pela vivência na mata e pelos ensinamentos dos pais,
Rosinaldo e Eliane identificaram as diversas espécies de árvores, cipós e
outras plantas da trilha, as quais apresentam aos visitantes em passeios
guiados.
É possível encontrar na trilha espécies
como cedro – vulnerável à extinção; murumuru (base para fazer óleos, manteiga e
sabonetes); paxiúba – que dá nome à trilha -, tem a madeira utilizada para
fazer casas, e sororoca, utilizada na cobertura das residências. A trilha conta
ainda com um canal de rio e alguns obstáculos naturais, como troncos de árvore.
Após a trilha, o almoço fica por conta
da cozinha de Eliane, que prepara galinha caipira, feijão, arroz, macarrão,
peixe frito e açaí batido na hora. Tudo é servido à beira do rio, onde é
possível tomar um banho refrescante.
Orientação - O valor do almoço completo,
para grupos mínimos de cinco pessoas, é tabelado, com descontos para grupos
maiores. Os preços, o atendimento ao público e a preparação das instalações da
propriedade para o acolhimento dos visitantes é feita com o apoio da
turismóloga do Ideflor-bio, Letícia Freitas.
“Ao longo do ano a gente vem trabalhando
com eles sobre como utilizar o potencial turístico que já existe nas
propriedades. Isso envolve a limpeza e a identificação de trilhas, a prestação
de serviços de alimentação e estratégias de precificação, que possibilitem o
lucro para os comunitários e um preço justo para os visitantes. A ideia é tanto
abrir mais uma possibilidade de renda para essas comunidades, quanto
possibilitar à população em geral a vivência da natureza amazônica”, conta
Letícia Freitas.
As visitas à comunidade de Santo Amaro
podem ser feitas mediante marcação prévia com os comunitários ou as condutoras
habilitadas pelo Ideflor-bio. Além do valor referente ao almoço é possível
acertar pacotes com traslado terrestre e fluvial entre Belém, Benevides e a
comunidade. A meta é que, posteriormente, os passeios possam ser feitos também
em parceria com agências turísticas e de esportes de aventura.
Assistência - O Projeto AgroVárzea
incentiva o turismo e oferece assistência técnica a comunitários das quatro
Unidades de Conservação estaduais da Região Metropolitana de Belém: Refúgio
Metrópole, Parque Estadual do Utinga e as Áreas de Proteção Ambiental Ilha do
Combu e Belém.
Técnicos do Ideflor-bio auxiliam os
comunitários no aperfeiçoamento das cadeias produtivas, com assistência
técnica, intercâmbios e capacitações, que vão desde o plantio de mudas e
sementes até a confecção de produtos com valor agregado, como chocolates,
compotas, polpas de frutas, artesanatos, ecojoias, bolo de açaí e outros itens
da culinária regional.