Das 500 iniciativas agraciadas pelo
Prêmio Culturas Populares 2018 – edição Selma do Coco, 98 são da Região Norte.
O Pará foi o estado brasileiro com o maior número de agraciados: 67; seguido
por São Paulo (44) e Santa Catarina (43).
Expoentes da capoeira, do carimbó e do
cordel são apenas alguns exemplos de expressões da cultura brasileira
contempladas pelo Ministério da Cultura (MinC) com o prêmio total de R$ 10
milhões – o maior volume de recursos já concedido em seis edições da premiação.
Cada agraciado vai receber R$ 20 mil.
“O prêmio é um reconhecimento do
trabalho que vem sendo realizado nas diversas regiões do País e um estímulo
para que prossiga”, afirma o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. “Queremos
manter viva a diversidade das expressões culturais populares brasileiras, e que
elas sejam difundidas para além dos limites de suas comunidades de origem”,
completa.
Referência na capoeira, Antonio Bezerra
dos Santos ou Mestre Bezerra foi um dos premiados. Fundador da Federação
Paraense de Capoeira, é pioneiro no estado no ensino da capoeira e, atualmente,
trabalha como coaching de mestres. O mestre ainda fabrica instrumentos musicais
como berimbau, caxixi e agogô, entre outros artesanatos em couro.
“Aos 74 anos, há mais de 50 anos, dou
aula de capoeira. É a primeira vez que ganho um prêmio como este, que mostra os
valores através da cultura. Considero o reconhecimento de um trabalho que venho
fazendo”, afirma. Além da atuação dentro e fora do Brasil, realiza atividades
em comunidades quilombolas carentes.
De Marapanin, também no Pará, vem Joana
da Conceição Alves. Aos 69 anos, foi premiada na categoria de mestres e mestras
por sua atuação no carimbó. “Esse prêmio representa muita coisa. Desde quando
eu me entendi por gente eu estou no carimbó. Depois que parei de criar filhos e
netos, passei a me dedicar ainda mais a dançar o carimbó”, conta. “Eu danço e
canto. Quem sabe, com este prêmio, eu consiga montar meu conjunto”, festeja.
Ainda da Região Norte, foi premiado o
cordelista, poeta e compositor Valdemar Rodrigues de Sousa, representando o
Tocantins. Autor de mais de 400 poemas e 200 músicas, herdou do pai, que era
semianalfabeto, a oralidade. “Eu faço porque tenho amor, quero levar a minha
palavra a todo lugar. Toda hora que eu lembro do prêmio, choro um pouquinho. É
muito tempo nesta luta”, afirma.
Valdemar já ganhou outros prêmios como
Patativa do Assaré em 2010 e, em 2013, o Culturas Populares – Edição 100 Anos
de Mazzaropi. “Sou pedagogo e músico. A poesia e o cordel são as minhas
paixões, junto com o tema da educação. Já trabalhei com oficinas de cordel em
mais de 50 escolas”, destaca.
Histórias como essas integram as
iniciativas vencedoras em todos os estados brasileiros. Além dos premiados na
região Norte, foram agraciados 129 no Nordeste, 123 no Sudeste, 99 no Sul, e 51
no Centro-Oeste.
Nesta edição, são 200 prêmios para
iniciativas de mestres e mestras (pessoa física); 192 para iniciativas de
grupos sem CNPJ; 77 para pessoas jurídicas sem fins lucrativos; 11 para pessoas
jurídicas com ações comprovadas em acessibilidade cultural; e 20 para herdeiros
de mestres e mestras já falecidos (in memoriam), totalizando 500 prêmios.
Critérios
As iniciativas foram analisadas por uma
Comissão de Seleção sob critérios como contribuição sociocultural que o projeto
proporciona às comunidades; melhoria da qualidade de vida das comunidades a
partir de suas práticas culturais; e impacto social e contribuição da atuação
para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos,
entre outros.
Ao todo, foram 2.227 inscrições para a
edição Selma do Coco, sendo 1.482 habilitadas: 784 de mestres, 367 de grupos e
comunidades, 296 de instituições privadas sem fins lucrativos e 35 de herdeiros
de mestres já falecidos (in memoriam).
Neste ano, a premiação homenageou a
cantora pernambucana Selma do Coco (1929-2015). Nascida na cidade de Vitória de
Santo Antão, Selma deixou como principal legado a sua contribuição para a
consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência
nacional. A artista gravou três álbuns e participou de festivais internacionais
nos Estados Unidos e na Europa, além de ter ganhado o antigo Prêmio Sharp, hoje
Prêmio da Música Brasileira.