Mais de 300 mil tartarugas da Amazônia e
tracajás nasceram, neste mês de dezembro, no Refúgio de Vida Silvestre
Tabuleiro do Embaubal, em Senador José Porfírio, no sudeste paraense. O número
já ultrapassa o alcançado no ano passado e expectativa é que, ao final do
período de eclosão dos ovos, cerca de 500 mil novas tartaruguinhas ganhem os
rios paraenses.
Os nascimentos são fruto de ações de
salvamento realizadas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da
Biodiversidade (Ideflor-bio) em parceria com a Universidade Federal do Pará
(UFPA), a Norte Energia, a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA)
na região do Xingu e também com moradores de comunidades que vivem no entorno
da Unidade de Conservação.
As ações são realizadas frequentemente neste
período do ano, quando as tartarugas passam pelo processo de reprodução, com a
postagem dos ovos nas praias do Tabuleiro – principalmente entre os meses de
setembro o outubro – e a posterior eclosão – de final de novembro a janeiro,
geralmente.
No período da eclosão, o nascimento de
filhotes passa dos milhares por dia. “Apenas no final de semana passado nós
auxiliamos no nascimento de 71 mil tartaruguinhas em uma ação junto com
comunidades de Senador José Porfírio”, conta
Maria Bentes, gerente da Região Administrativa do Xingu e servidora do
Ideflor-bio.
Esse auxílio se dá por meio da escavação
dos ninhos feitos pelas tartarugas. Normalmente os filhotes conseguem sair dos
ninhos sozinhos, mas esse ano, por conta das cheias no rio Xingu, é necessário ajudá-los.
“Alguns desses ninhos alagam e as tartaruguinhas podem morrer afogadas ao
nascer, por isso fazemos a força tarefa para escavar os ninhos e resgatá-las”,
acrescenta a gerente.
O trabalho, no entanto, começa muito
antes das ações de salvamento. Fiscalizações diárias são feitas no Tabuleiro
desde o mês de agosto, a fim de coibir a caça das tartarugas, que é ilegal na
área. Além disso, as equipes do Ideflor-bio, UFPA e Norte Energia fazem o
manejo dos ninhos, que consiste na demarcação dos ninhos escolhidos pelas
tartarugas, proteção da área e monitoramento das condições naturais, como a
temperatura da areia.
“No manejo, nenhuma intervenção é feita
no processo natural de reprodução, postagem dos ovos e eclosão. As tartarugas
são muito sensíveis e qualquer intervenção maior pode afugentá-las
permanentemente do local”, aponta Maria Bentes.
Migração – O Refúgio de Vida Silvestre
Tabuleiro do Embaubal é uma UC criada em 2016 para proteger a área, que é um
dos principais pontos de desova e eclosão de tartarugas da Amazônia e tracajá
no Norte do Brasil.
Anualmente, milhares de tartarugas vem
de diversos pontos do Pará – como a região do Marajó – para reproduzir-se em
praias do Tabuleiro. Duas praias são as preferidas: as praias da Juncada e do
Piteruçu.
As tartarugas tem formas próprias de
reconhecimento do trajeto e pesquisas da UFPA, que acompanham a rota migratório
dos animais por meio de radiofrequência, apontam que alguns desses animais já
fazem a desova no Tabuleiro do Embaubal há seis anos.