Caranguejo-uçá terá preço justo (Foto: Fernando Sette) |
Consumidores de Belém e Ananindeua terão
acesso a caranguejos-uçá manejados por um preço justo. A iniciativa visa evitar
o transporte realizado por atravessadores, que desvaloriza o produto para os
manejadores
A mesma velha história se repete: sem a
estrutura necessária para transportar seu produto, produtores rurais recorrem a
atravessadores e vendem a valores muito abaixo daqueles praticados nas cidades
para escoar a produção. No Pará, o manejo de caranguejos-uçá tem criado novas
narrativas para os pescadores de reservas extrativistas locais.
A Feira da Semana Santa – um evento do
Governo do Estado do Pará – receberá cerca de 60 trabalhadores, entre
manejadores de caranguejo e técnicos, que poderão vender a mercadoria direto ao
consumidor por um preço justo. A feira acontece nos dias 18 e 19 de abril,
simultaneamente em três lugares diferentes: em Belém, no Centro Cultural e
Turístico Tancredo Neves (Centur) e no Parque de Exposições do Entroncamento;
no município de Ananindeua, no Ginásio Abacatão.
“[A feira] é uma forma justa de
valorização do trabalho do pescador, além de garantir melhores preços ao
consumidor final, que compra direto da fonte, sem atravessadores”, explica
Patrick Passos, coordenador do Programa Raízes da Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos do estado do Pará (SEJUD/PA).
“O objetivo é trazer a produção do
interior e vender a um preço melhor para os pescadores do que o preço local,
que hoje é, em média, de 40 reais pela saca”, conta. Na feira, a saca do
produto com 100 caranguejos sairá em média por R$ 166. O valor é quatro vezes
maior do que o praticado por atravessadores, mas cada caranguejo sairá por
menos de R$2 para o consumidor.
As associações de usuários das reservas
extrativistas de São João da Ponta, Caeté-Taperaçú e Gurupi- Piriá enviarão 15
produtores cada para atuar no evento. A feira é uma ação da Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (SEDAP), em parceria com a
Comissão Nacional de Fortalecimento das Resex Marinhas (CONFREM), as
associações de usuários das resex, e a Associação Rare do Brasil.
O apoio do Instituto ao manejo
Desde 2013, o Instituto de
Desenvolvimento Sustentável Mamirauá apoia o manejo de caranguejos-uçá no Pará.
O projeto assessora o transporte dos animais até o consumidor com o uso da
basqueta, uma espécie de espuma que mantém os caranguejos hidratados, ao mesmo
tempo que reduz as perdas durante o transporte. A tecnologia permitiu que a
mortalidade de caranguejos no caminho até o consumidor caísse de 50% para 1,8%.
Para as capacitações com a basqueta, o
Instituto Mamirauá, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, lançou o protocolo “Manejo do
caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável”,
disponível para download aqui. O trabalho do instituto com o manejo de
caranguejo conta com o apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.