A Polícia Civil do Pará prendeu, no
final da tarde desta quinta-feira (11), em Belém, Elielson Barbosa, comandante
da balsa que se chocou, no último sábado (06), com a ponte da Alça Viária sobre
o Rio Moju, provocando a queda de 268 metros da estrutura e inviabilizando o
fluxo de veículos no local. A notícia foi dada pelo governador do Estado,
Helder Barbalho, durante entrevista coletiva concedida na sede do Corpo de
Bombeiros Militar, na capital paraense. No momento da detenção, o chefe do
Executivo falava à imprensa sobre as últimas providências tomadas pelo Estado
para minimizar os impactos gerados pelo sinistro.
Segundo o governador, com base no
inquérito policial, a Vara Criminal do município de Moju decretou a prisão de
dois envolvidos diretamente com o acidente: o comandante da embarcação e um dos
sócios da empresa Agregue Transportes, que ainda não foi localizado. O
comandante Elielson Barbosa foi preso e conduzido à Delegacia-Geral de Polícia
Civil. Nesta sexta-feira (12), ele deverá ser ouvido pela autoridade policial.
Sem vítimas – Helder Barbalho começou a
coletiva esclarecendo que, seguindo um protocolo da Marinha do Brasil, os
órgãos envolvidos nas buscas de possíveis vítimas decidiram encerrar os
trabalhos sem que nenhuma vítima ou indício de veículo tenha, de fato, sido
encontrado, apesar de alguns depoimentos colhidos logo após o acidente
afirmarem que dois carros de passeio teriam caído da ponte após a colisão. “A
experiência e o trabalho realizado por esses órgãos levam a crer que, de fato,
não houve vítimas, o que, para nós, é uma grande notícia”, destacou o
governador.
Escombros – O chefe do Executivo
informou que o Governo do Estado já concluiu os estudos para a retirada dos
escombros que ainda estão em cima da balsa causadora do acidente, pois só com
esse deslocamento será possível começar a reconstrução da estrutura. “Para essa
retirada, no entanto, precisamos de equipamentos que não temos no Estado, que
estão vindo do Rio de Janeiro. Tão logo eles cheguem, nossa prioridade é a
desobstrução do rio”, ressaltou.
Reconstrução – A reconstrução dos 268
metros de pista e dos dois pilares da ponte destruídos com a colisão está
estimada em R$ 113 milhões, e deve seguir um modelo diferente do que estava
posto, mais moderno e eficaz para a navegabilidade no Rio Moju, pois prevê dois
vãos sob a ponte, que contava com apenas um. “Antes, a ponte tinha apenas um
vão de 70 metros. Agora, ela vai ter dois vãos, de 124 metros cada um, o que
também poderá ajudar a prevenir novos acidentes”, detalhou.
De acordo com Helder Barbalho, o Governo
do Estado está recebendo, até o próximo domingo (14), as propostas das empresas
que queiram trabalhar na reconstrução da ponte. A partir de segunda-feira (15),
essas propostas serão analisadas por um Grupo de Trabalho, formado por
representantes do governo e de órgãos como Ministério Público Estadual,
Ministério Público de Contas e Tribunal de Contas do Estado, para que se possa
definir a empresa responsável pela obra, na modalidade de dispensa de
licitação. “Queremos que essa seja uma decisão colegiada, para que não fique
nenhuma dúvida sobre a transparência desse processo”, enfatizou.
Balsas no Rio Moju – O governador do
Pará também destacou as novas ações que estão sendo tomadas para diminuir os
problemas decorrentes da queda de parte da ponte. Segundo ele, uma das ideias é
retomar o fluxo de veículos que vão, pela Alça Viária, para as cidades do
nordeste, sul e sudeste paraense.
O Estado pretende implantar balsas para
o traslado de veículos sobre o Rio Moju, no ponto onde a ponte caiu. Equipes do
governo já estão fazendo o trabalho de limpeza e abertura de estradas dos dois
lados da ponte, onde devem ser atracadas as balsas que farão esse transbordo.
Por conta das dificuldades no terreno do local, estuda-se a possibilidade de,
ao invés de rampas para o acesso dos carros às balsas, sejam colocadas duas
balsas fixas – uma de cada lado da ponte – que funcionariam como flutuantes.
Uma reunião com empresas operadoras de balsas e órgãos estaduais envolvidos com
a questão deve ocorrer nesta sexta-feira (11), para tratar da viabilidade dessa
proposta.
Novos portos – Além disso, segundo
Helder Barbalho, o Estado vem trabalhando para melhorar as condições de
trafegabilidade nas áreas dos portos de Belém que estão sendo utilizados para
fazer a travessia de veículos até o Porto do Arapari, em Barcarena, os quais
estão concentrados principalmente na Avenida Bernardo Sayão, onde o trânsito
está intenso. Ele informou que já estão sendo analisadas as possibilidades de
que parte dessa demanda seja absorvida por dois novos portos, que devem entrar
em operação em breve: o Porto da Comara, na Rodovia Arthur Bernardes, e o Porto
de Icoaraci.
Vias terrestres – Também prosseguem os
trabalhos de melhoria nas vias terrestres que se tornaram alternativas à área da ponte do Moju, como a
Perna Sul da Alça Viária; a PA-252 e a vicinal Quilombola, no município do
Moju, que conta com serviços realizados em parceria entre a prefeitura local e
o Estado.
Aplicativo – Durante a coletiva, foi
informado que a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado
(Prodepa) está desenvolvendo um aplicativo de celular, similar ao utilizado na
procissão do Círio de Nazaré (KD a Berlinda), que vai ajudar os usuários a ter
informações, em tempo real, sobre as balsas que fazem a travessia para
Barcarena. O produto deve ser apresentado ao público em, no máximo, duas
semanas.
Ressarcimento – O chefe do Executivo
também falou sobre o bloqueio de R$ 185 milhões, determinado pela Justiça, nas
contas das seis empresas envolvidas com o acidente, entre as quais Biopalma,
Jari Celulose e Agregue Transportes. As outras três são empresas menores, que
funcionaram como intermediárias do processo. “Esse valor corresponde ao que
está estimado para a reconstrução da ponte e o que vamos precisar para os
serviços complementares que restabeleçam o fluxo dos veículos na área”,
pontuou.
Participaram da entrevista coletiva
representantes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil, Detran,
Marinha, de empresas operadoras de balsas, das secretarias de Estado de
Segurança Pública (Segup), de Transportes (Setran) e de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semas), e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).