O primeiro relato de correção de
gastrosquise é da bebê Isis Pietra, que passou por uma cirurgia no intestino e
recebeu alta hospitalar nesta quinta-feira (05) depois de total recuperação.
Jaqueline Lima (16) deu a luz a bebê no dia 1° de maio e, já na terceira semana
após o procedimento, a pequena Isis começou a se alimentar pelo seio materno.
Diagnosticada desde o sétimo mês de
gravidez com gastrosquise, parte do intestino do bebê se formou para fora do
corpo. A correção do problema congênito foi feita pela a equipe médica do
Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), gerenciado pela
Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob
contrato de gestão com SESPA (Secretaria de Estado da Saúde do Estado do Pará).
Jaqueline foi transferida para UTI
neonatal na mesma noite que deu entrada para a dar à luz a bebê. Essa condição
pôde ser identificada por meio da ultrassonografia realizada durante o
pré-natal e o tratamento foi iniciado logo após o nascimento do bebê, com o
objetivo de prevenir complicações e favorecer a entrada do intestino e,
posteriormente, fechamento da abertura abdominal, em procedimento técnico realizado
pela cirurgiã pediátrica Thais Mourão.
“A gastrosquise é uma má formação da
parede abdominal do bebê onde não ocorre a completa formação e há exposição das
vísceras. A falta de diagnóstico pode levar a um retardo do atendimento o que
poderia gerar uma reação inflamatória. O ideal é que seja feita nas primeiras
6h após o nascimento. Em relação a cirurgia, o cuidado é especial e, no caso da
Isis, fizemos uma inspeção das vísceras. Ela foi operada na primeira hora após
o nascimento, foi possível reduzir todo o conteúdo e fechar a parede do
estômago de forma primária”, relata a cirurgiã.
Jaqueline, mãe da bebê Isis, a qualidade
no atendimento no HMIB já era reconhecido pela família.
“Eu estava tão aflita e nervosa, mas
pude conhecer esse hospital por indicações e por meio de uma tia que confirmou
a qualidade dos atendimentos. Conversei com a equipe médica, tirei todas as
minhas dúvidas e aqui eu pude fazer a cirurgia. Eu me senti aliviada depois da
confirmação que tudo tinha ocorrido bem, pois tive toda assistência. Eu estava
apreensiva, mas a equipe foi incrível e foi tão rápido. Eu estou muito feliz
que minha filha esteja salva. Eu nunca fui atendida tão bem, vou voltar sempre
para ser atendida aqui”, afirma a mãe.
De acordo com a enfermeira Jéssica Cavalcante,
todo o procedimento foi muito satisfatório e o bebê não teve complicações. “Foi
uma experiência incrível participar da cirurgia e acompanhar a evolução desse
bebê. É uma satisfação imensa poder oferecer toda essa assistência a mãe e a
criança. Nossa equipe técnica não mediu esforços para que a bebê pudesse ter
alta com total recuperação. Não houve nenhum problema pós-operatório e a equipe
multiprofissional esteve atenta a todos os cuidados”, explica a enfermeira.
Sobre a técnica
O procedimento de correção de
gastrosquise foi implantado no Brasil em 2014. Duas crianças recém-nascidas,
uma em Salvador (BA) e outra em São José do Rio Preto (SP), foram os primeiros
bebês brasileiros portadores de gastrosquise a serem tratados por um novo
procedimento cirúrgico. A técnica Simil-EXIT, idealizada pelo Dr. Javier
Svetliza, um cirurgião argentino, foi apresentada em um congresso internacional
no mesmo ano.
Na gastrosquise ocorre a exposição ao
líquido amniótico, o que causa inflamação, podendo levar a distúrbios na
absorção intestinal. O defeito anatômico também pode levar a dificuldades na
circulação sanguínea, comprometendo o desenvolvimento intestinal, que por sua
vez leva à síndrome do intestino curto. Costuma ocorrer uma vez a cada 2.000
nascimentos e pode ser observada frequentemente em filhos de mães muito jovens,
em bebês prematuros e de baixo peso. Por isso, a importância de um atendimento
rápido e de uma cirurgia funcional.