O XV Festival do Açaí Orgânico da
associação mutirão começa nesta quinta-feira e segue até o próximo domingo, 27,
no distrito de Ponta Negra, às margens do rio Meruu Açu, em Igarapé-Miri, no
nordeste do Estado, região do Baixo-Tocantins.
O evento tem vasta programação para celebrar
os benefícios para as comunidades ribeirinhas a partir da produção do fruto, ao
mesmo tempo em que oportunizará à população local, turistas e visitantes de
todas as partes do Estado, diversão com eventos culturais do município e
mostras da culinária paraense, a partir do suco de açaí, como mingau, manjar,
pudins, bolos, doces etc.
“No ano de 2004 nossas entidades
(organizadoras do festival) receberam o selo que outorga a produção coletiva à
condição de orgânico. Ou seja, produzimos sem degradar o meio ambiente, sem
utilizar agrotóxicos, sem utilizar mão de obra infantil, mantendo a biodiversidade,
incluindo a manutenção das matas ciliares, e naquele momento não se verificou
algum vestígio de exploração na cadeia produtiva, o que nos motivou a organizar
este que será agora o nosso 15º festival para promover a produção do açaí
orgânico”, explicou José Raimundo Di, diretor presidente da Associação Mutirão,
que envolve vários setores da cadeia produtiva de Igarapé-Miri, um dos maiores
produtores do fruto do açaí do Estado do Pará.
Da programação para este ano, que tem o
tema “Territórios na Amazônia: comunidades de saberes à ação coletiva” no
primeiro ciclo de debates, também constam atrações culturais como danças,
desfiles, competições, apresentação da Garota Açaí, atrações musicais, comidas
regionais, e muito açaí gratuito para os participantes. Entre as atrações já
confirmadas estão Haroldo Reis e Valbinho dos Teclados, Marcos e banda, Kelly
Cris e banda, Massarimbo e banda Amazom Life.
Segundo Zé Di, como é mais conhecido o
produtor, a associação surgiu na localidade de Ponta Negra, às margens do rio
Meruu-Açu, onde a comunidade está empolgada pela realização do Festival que irá
mostrar para o Estado, o Brasil e o mundo, a importância da produção de açaí
orgânico do ponto de vista da preservação do meio ambiente, especialmente as
mata ciliares e a não utilização de mão de obra irregular, especialmente de
crianças.
“Quando saboreamos o açaí em nossas
mesas, muitas vezes, não imaginamos como foi para que esse líquido gostoso
chegasse até nós, que é fruto de um trabalho incansável, que começa antes mesmo
do dia clarear, sob sol e sob chuva”, explica.
O XV Festival do Açaí Orgânico é
realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Igarapé-Miri
(STTR), Associação Mutirão, Associação de Mulheres, Cooperativa Agrícola dos
Empreendedores Populares (CAEPIM), Cooperativa de Desenvolvimento (de Codemi),
Assentamento Agro Extrativista (Pae) Emanuel e Instituto Caboclo da Amazônia
(Incam).
O EVENTO
No final da década de 90, Igarapé-Miri
passou por um processo de transição na agricultura. Era o fim do ciclo
produtivo da cana de açúcar, que chegou a contar com 56 indústrias, cujo
fechamento em série produziu um cenário de miséria e desesperança, sobretudo
nas camadas mais modestas da sociedade ribeirinha miriense, forçando inúmeras
famílias a buscar alternativas de sobrevivência em outras cidades. Assim,
naquele momento florescia o movimento promovido pelas Comunidades Eclesiais de
Bases, que se ocuparam em discutir uma alternativa que trouxesse em um curto
prazo uma autonomia financeira a milhares de famílias. O açaí, já em larga
escala de produção no município, passou a ser a bola da vez e os investimentos
e apostas deram certo. As famílias que até então estavam se destruindo, se
separando, se voltaram para a agricultura, para a produção do fruto, o que
redundou na organização de um evento que mostrasse essa cadeia produtiva.
Surgia, assim, o Festival do Açaí Orgânico.
A partir do segundo ano, as entidades
envolvidas com o evento buscaram inserir na pauta do festival, discussões
inerentes ao cotidiano dos trabalhadores. Assim, a cada ano, de acordo com a
demanda das organizações coletivas, são planejados e implementados seminários,
debates, rodas de conversa, cursos e ciclos de palestras que objetivam
esclarecer cada vez mais produtores, apanhadores (peconheiros), amassadores,
industriais e outros quanto à modernização para o manuseio e aumento da
produção do fruto, cujo suco é parte do cotidiano da alimentação paraense.
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