O Governo do Pará, por meio da
Secretaria de Estado de Cultura (Secult), entrega na próxima segunda-feira
(30), às 10 h, o Memorial da Cabanagem, em Belém, completamente revitalizado.
Na ocasião, o monumento receberá a exposição temporária Vozes da Cabanagem, que
será aberta na cripta. Durante a reforma, o espaço recebeu limpeza, paisagismo,
encaminhamento de pedestres e um novo projeto luminotécnico. O ato de entrega
do Memorial contará com a presença do governador Helder Barbalho e da
secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal.
O Monumento, localizado no Complexo
Viário do Entroncamento, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado
pelo então governador Jader Barbalho, no dia 7 de janeiro de 1985, em
comemoração aos 150 anos do Movimento da Cabanagem (1835-1840). A obra, com 15
metros de altura por 20 m de comprimento, toda em concreto, simboliza a luta
heroica dos cabanos, que protagonizaram um dos movimentos populares mais
importantes do Brasil no século XIX.
Exposição - Montada a partir de
documentos históricos catalogados pelo Arquivo Público do Estado do Pará
(Apep), a exposição apresenta oito painéis que mostram a diversidade dos povos
que participaram do Movimento, incluindo negros escravizados e libertos,
diversas etnias indígenas, mulheres, ribeirinhos, a elite local e pessoas de
outras províncias, como é o caso do Ceará. Cada grupo lutava por seus
interesses, o que fez da Cabanagem um movimento multifacetado.
O Monumento foi construído para abrigar
os restos mortais do cônego Batista Campos e dos líderes cabanos Félix Clemente
Malcher, Francisco Pedro Vinagre, Antônio Vinagre e Eduardo Angelim. A rampa
elevada em direção ao céu representa a grandiosidade da revolta popular, que
chegou muito perto de atingir seus objetivos, enquanto a "fratura"
faz alusão à ruptura do processo revolucionário. O Monumento foi revitalizado
após décadas de abandono e constantes arrombamentos, pichações e depredações.
Cabanagem - A Cabanagem - revolução
popular que ocorreu na Província do Grão-Pará (atual Estado do Pará) - foi
formada pelos menos abastados da área urbana, membros da elite local e por
pessoas que moravam em cabanas à beira dos rios, conhecidas como cabanos ou
ribeirinhos. O movimento foi motivado pelo abandono social por parte do Governo
Regencial (1831-1840), que levou o povo à pobreza e falta de emprego. Até a
elite local estava descontente com o Governo, e todos queriam a independência
da região.
Embora tenha sido sufocada, a Cabanagem
permanece viva na memória do povo paraense. Por isso, o bloco do Memorial
continua subindo para o infinito, apontando para o distrito de Icoaraci, onde
muitos combatentes cabanos foram mortos e enterrados, simbolizando a essência e
os ideais do movimento.