Misael Moreno |
Joselias Leite, 59 anos, mais conhecido
como “Saboroso”, vende refeição há 5 anos na garagem da residência dele, no
bairro do Coqueiro, Ananindeua, município da área metropolitana de Belém-PA. A
partir do crédito que ele recebeu do Programa Amazônia Florescer do Banco da
Amazônia, voltado para microempreendedores informais, ele teve a possibilidade
de comprar mercadorias e expandir suas vendas. Hoje, com o apoio da esposa
Valdiza Trindade, ele já possui um comércio com venda de roupas, brinquedos e
produtos em geral. Ele é o exemplo de uma das 45.700 pessoas beneficiadas pelo
programa que aplicou na região Norte mais de R$ 101,42 milhões em 2019.
Ele está satisfeito com o programa e tem
planos para renovar o financiamento. “Vou fazer o terceiro empréstimo em
janeiro do próximo ano e com o dinheiro vou comprar mais mercadorias para
renovar o meu comércio”, revelou.
Saboroso conheceu o Amazônia Florescer em 2018
e, na ocasião, ele já vendia refeições somente à noite. Com o apoio do
programa, ele passou a vender também no horário de almoço. Com o aumento da
clientela, ele fez uma divisão na própria garagem e abriu o comércio de
variedades.
Este microempreendedor de Ananindeua estava
desempregado quando iniciou o ponto de venda de refeição. Ele é um retrato dos
1,48 milhões de paraenses, segundo o IBGE-Pará, que estão na informalidade no
interior do estado do Pará. São pessoas que, partindo da necessidade de
sustentar a família, entraram no mercado informal para iniciar um negócio
próprio e encontraram no microcrédito uma alternativa para encontrar o crédito
necessário para obter capital, tendo em vista que os serviços tradicionais
bancários, muitas vezes, não dão acesso ao microempreendedor.
Esse segmento é apoiado pelo Programa de
Microcrédito Produtivo Orientado (MPO) do governo federal que visa apoiar e
estimular o empreendedorismo de pequeno porte com capacitação e orientação
financeira, sejam estes negócios individuais ou coletivos, com o intuito de
promover a inclusão social e o desenvolvimento em âmbito local. O MPO possui
como metodologia orientar o tomador do crédito para que possa gerir, separar o
seu negócio dos recursos familiares e se manter adimplente.
Na região Norte, o MPO é realizado pelo Banco
da Amazônia, por meio do Programa Amazônia Florescer, que existe há 12 anos,
atendendo clientes das zonas urbanas e rurais. Desde o mês de agosto, o Banco
realiza o atendimento por meio do aplicativo MPO Digital, tornando o acesso
muito mais rápido e desburocratizado.
Segundo o gerente executivo de Pessoas Físicas
do Banco, Misael Moreno, por meio do MPO Digital, foram aplicados no
microcrédito regional o valor de R$ 101,42 milhões somente em 2019, atingindo
11.425 contratos. "Considerando que cada contrato possui em média quatro
clientes, significa dizer que o Banco atendeu cerca de 45.700 pessoas",
comemora o gestor, que também explicou que este número foi possível graças à
criação do aplicativo, que possibilitou a renovação contratual dos contratos
anteriores de modo automático. “A primeira plataforma digital do Banco foi o
aplicativo MPO Digital, criado para atender o segmento do microcrédito, em
virtude da importância e da prioridade que a Instituição oferece aos negócios
de pequenos portes. Assim, esperamos atender muito mais clientes em 2020”,
acrescentou.
Segundo o gestor, na Amazônia, a informalidade
aponta uma necessidade de chegar ao empreendedor de forma diferenciada, isto é,
com capacitação e orientação financeira. "Não apenas conceder o
crédito", disse e acrescentou que somente neste ano, quase 48 mil pessoas
receberam capacitação, orientação e suporte financeiro. “Não foi apenas um
crédito isolado. Alcançamos um grande número de pessoas com capacitação e
crédito em um momento desafiador da economia. Assim, o Banco cumpre sua missão
social, promovendo o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, informou.
Perfil socioeconômico
Um fato importante a se destacar é a
característica da população que é atingida pelo Amazônia Florescer. É um perfil
em sua maioria jovem, com destaque para as mulheres que ajudam seus
companheiros dentro de casa. São autônomos e pessoas de baixa escolaridade.
Esses fatores somados dão um indicativo que as pessoas têm pouco acesso aos
canais tradicionais de crédito e não possuem documentos necessárias para obter
o crédito.
De acordo com o estudo do perfil
socioeconômico dos clientes do programa Amazônia Florescer, elaborado pela
Gerência de Pessoas Físicas do Banco da Amazônia no mês de agosto, dos 27.565
clientes ativos, havia 11.588 homens, enquanto que as mulheres atingiam a
quantidade de 15.977, demonstrando que o público feminino lidera na relação de
gênero do programa.
O
nível de escolaridade majoritário verificado foi 9.343 pessoas com o
fundamental incompleto. Em segundo lugar, foram 8.797 pessoas com nível médio completo;
em terceiro, foram 4.445 com o médio incompleto. A maioria é de solteiros com
11.098 pessoas, enquanto que o estado civil "outros" apareceu em
segundo lugar com 8.132 pessoas, em detrimento de casados que somaram 7.809.
Expansão do Programa Amazônia Florescer
Atualmente, o Amazônia Florescer está
presente no Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Amazonas, proporcionando aos
empreendedores populares acesso aos serviços microfinanceiros com tecnologia
diferenciada, com estímulo ao desenvolvimento sustentável e inclusão social.
O
Banco da Amazônia planeja abrir 10 unidades de microfinanças até o final do
primeiro semestre de 2020. Em 2019, foram abertas três novas unidades,
totalizando 13 pontos de atendimento na região Norte.
Como funciona?
O acesso ao Programa Amazônia se dá por
meio de grupos solidários, formados a partir da reunião voluntária e espontânea
de 3 a 10 empreendedores, os quais se conhecem, confiam e cooperam entre si,
unidos com o objetivo de obter crédito e crescer juntos. Nesse processo, todos
os membros do grupo se responsabilizam conjuntamente pelo crédito.
O crédito será liberado para o grupo e
cada cliente terá acesso ao seu valor disponível (entre R$ 300 e R$ 21 mil na
primeira operação).
Para participar, os interessados devem
residir ou trabalhar no bairro há, pelo menos, um ano, assim como exercer uma
atividade pelo mesmo período, ter idade mínima de 18 anos e apresentar cópia do
CPF e RG, além de comprovante de residência.