Quilombolas, ribeirinhos e lideranças religiosas apoiam campanha

Manoel Bochecha, da região do Alto Trombetas 2 também grava vídeo chamando para prevenção

 As comunidades e suas lideranças também estão engajadas, contribuindo com a gravação de vídeos para, em uníssono, transmitir um importante pedido: cuidem uns dos outros. “Precisamos levar mais a sério as medidas preventivas contra o coronavírus. É necessário que a gente tenha cuidado com os nossos idosos e coloquemos a higienização em primeiro lugar, não só das mãos, mas das ferramentas que a gente usa no dia a dia, como o cabo do remo e faca para cortar o peixe. Enfim, é preciso ter consciência. Acreditamos no sucesso dessa ação, que também é apoiada pelas associações quilombolas”, declara Manoel Siqueira, conhecido como “Manoel Bochecha”, diretor administrativo da Associação do Território Alto Trombetas 2, em Oriximiná.

Maria de Fátima Lopes, professora e uma das líderes da comunidade ribeirinha Boa Nova, na região do Lago Sapucuá, diz que a responsabilidade é de todos. “Peço a todos os moradores que evitem viajar para as cidades, permaneçam em suas comunidades e viajem apenas se for muito necessário enquanto tivermos em meio a essa pandemia de coronavírus. Essa pandemia é coisa séria e já levou à morte muitas pessoas, então cada um de nós tem o dever de fazer a prevenção e evitar que morram mais pessoas. De que forma fazer isso? Ficando em casa, evitando reunir pessoas em determinado lugar, se tiver, usar álcool em gel, senão usar água e sabão para lavar as mãos. Só assim, estaremos cuidando de nós e das pessoas que amamos e que não queremos perder”, afirma.

O pastor Emerson Penha, da Igreja da Paz em Porto Trombetas, afirma ser um soldado comprometido contra o novo coronavírus. “Nosso adversário é um ser minúsculo que usa eu e você como meio de transporte para infectar outras pessoas, então vamos evitar exposição e aglomeração. Esse vírus não escolhe cor, raça, crença ou classe social. Esse vírus mostra o quanto somos frágeis e não podemos subestimar as coisas pequenas. E como você pode ajudar: tomando os cuidados necessários para fazer parte desse exército. Esses cuidados podem salvar uma vida”, enfatiza.

A campanha de engajamento contra à Covid-19 conta com o apoio das associações quilombolas e ribeirinhas, Ministério Público do Estado do Pará, Universidade Federal Fluminense de Oriximiná (UFF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).



Outras informações sobre o Projeto Quilombo:

       O Projeto Quilombo atende 14 ou comunidades dos territórios quilombolas do Alto Trombetas 1 e 2 (sentido nascente - foz do rio Trombetas, respectivamente), fornecendo medicina preventiva com atendimento médico básico, que inclui exames, consultas médicas e de enfermagem, vacinação e palestras informativas.

       Por meio deste projeto, também são desenvolvidas iniciativas de combate à desnutrição para comunidades descendentes de quilombolas no Alto Trombetas.

       O projeto tem apoio da Prefeitura Municipal de Oriximiná, por meio da Secretaria de Saúde.

       Entre os resultados, em 2019: 2.095 atendimentos médicos; 8.988 atendimentos em enfermagem; 305 procedimentos médicos; 4.024 exames laboratoriais, 1.090 doses de vacinas, 115.467 medicamentos fornecidos aos pacientes sem custo.