Um grupo com três meninas de Belém,
Pará, foi para a semifinal da Technovation, maior competição mundial de
tecnologia e empreendedorismo para meninas. O time "Girls of Code",
que é o único semifinalista da região norte e nordeste e concorre mundialmente
na categoria júnior, criou o aplicativo "PetFather" para resolver o
problema de superlotação em abrigos de animais. Maria Clara e Giovanna
Nascimento, ambas com 10 anos, e Maria Eduarda, 12 anos, são alunas da Happy
Code Belém e contaram com a mentoria da escola durante toda a competição.
No total, 11 projetos brasileiros foram
selecionados para competir na fase mundial, sendo cinco na categoria júnior e
seis na categoria sênior. As meninas se inscreveram na competição em fevereiro
e, até a entrega do projeto, em maio, se dedicaram a ele, passando pela criação
da marca, busca e estudo de problema, desenvolvimento de solução, criação de
projeto e modelo de negócio, além da criação do aplicativo, desenvolvido do
zero pelas meninas. Por serem alunas da Happy Code, as meninas estudavam com o
método exclusivo da rede, o LET - Lean Education Technology, que trabalha com
essas etapas de descoberta, missão e construção, o que ajudou no
desenvolvimento do projeto.
Além de trabalhar no projeto durante a
semana, as meninas se reuniam, uma vez por semana com Ana Anjos, instrutora da
Happy Code Belém e mentora do grupo. O desafio ficou ainda maior com a chegada
da pandemia, que impossibilitou os encontros presenciais, então as meninas
seguiram com o trabalho se reunindo virtualmente. Nesta fase de isolamento, o
apoio dos pais também foi fundamental para que as meninas pudessem seguir com o
projeto.
"19% dos alunos da Happy Code Belém
são meninas e, quando soubemos da competição, pensada justamente para
incentivar meninas na área de tecnologia e programação, nós queríamos mostrar
que elas têm potencial. Criamos o grupo, incentivamos a participação e
oferecemos todo o suporte e ferramentas necessárias, pois nós acreditamos que o
universo da tecnologia e programação não é apenas masculino. As meninas também
podem e devem programar, aprender tecnologia e criar um game e a participação
delas mostra justamente isso", explica Silvia Nascimento, diretora da
unidade, em Belém.
A solução
Para resolver o problema de superlotação
dos abrigos de animais em situação de vulnerabilidade, o grupo desenvolveu o
"PetFather", um aplicativo de cadastro de padrinhos com o objetivo de
incentivar o lar temporário. O padrinho pode abrigar um animal por um período
em sua casa até o bichinho achar uma família ou até conseguir espaço nos abrigos.
Assim, ONGs e padrinhos podem se cadastrar no aplicativo e ajudar nesta causa
tão solidária e importante.
No aplicativo também é permitido
denunciar maus tratos aos animais, além de fazer doações de rações. Com
elementos de gamificação, o app também conta com um mascote virtual e moedas
virtuais chamadas de "Pet Coin", utilizadas como prêmio quando o
padrinho completa algumas das missões. A solução concorreu com projetos de todo
o país.
"O mercado de tecnologia ainda é
muito masculino e nós, mulheres, temos o papel de ajudar na mudança dessa
realidade, para que o futuro seja tanto deles, quanto delas. Quando as meninas
entram em uma competição desse porte, se esforçam, e chegam até a semifinal
mundial, elas estão ajudando a criar esse futuro diferente. Só de participar do
desafio, todas essas meninas estão colaborando na construção de um futuro com
mais igualdade. Eu sempre soube da capacidade delas e estou muito orgulhosa,
além de ocuparem o seu espaço, elas incentivam outras meninas a fazerem o
mesmo", afirma Ana Carolina, mentora do grupo.
Os projetos semifinalistas estão
passando por uma segunda rodada de avaliações e a previsão é que os finalistas
sejam divulgados por volta do dia 7 de julho. No total, serão 10 finalistas
mundiais, além de 10 campeãs regionais. O prêmio inicial para as finalistas
mundiais incluía uma viagem com todas as despesas pagas para o evento em
Boston, no campus do MIT (EUA), além de US$ 3 mil para o primeiro lugar.
No entanto, por conta da pandemia, o
evento de premiação será realizado de forma virtual, em agosto, e cada membro
das equipes finalistas vai ganhar US$ 500 para investir na sua educação. Os
mentores dos projetos vencedores também vão receber uma homenagem e o valor de
US$ 2 mil para aplicar em projetos educacionais de sua região.