O Hospital Regional do Baixo Amazonas
(HRBA), em Santarém, retomou a realização de transplantes de rins no Estado do
Pará após o início da pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19). Devido a
doença, o serviço sofreu redução no atendimento em todo o Brasil.
Por meio da Organização de procura de
Órgãos (OPO), o hospital fez a captação de dois rins com origem de um paciente
com morte encefálica. A autorização para a captação dos órgãos foi consentida
pela própria família do doador. Assim, os órgãos permitiram a realização de
dois transplantes de rins no próprio HRBA, sendo realizado no dia 22 de junho.
"As atividades de transplantes
renais permaneceram ativas no Estado do Pará, porém devido a pandemia houve um
apagão de doações e transplantes renais
nos meses de abril e maio, pois os hospitais transplantadores se
tornaram referência para atendimentos da Covid-19, sendo retomado em junho com
o procedimento realizado pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas",
explicou a coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Pará (CET-PA),
Ierecê Miranda.
No HRBA, unidade do Governo do Pará e
gerenciado pela Pró-Saúde, durante o período de redução do serviço, a equipe
buscou estratégias de prevenção para a retomada segura dos procedimentos.
“Foram dois transplantes especiais porque mostramos o potencial do HRBA, no
quesito estrutura, capacitação da equipe em estar preparada para fazer transplante
não só em momento de calmaria, mas em momentos turbulentos, como este período
de pandemia”, ressaltou o responsável técnico pelo serviço de transplantes da
unidade, médico nefrologista Emanuel Esposito.
Antônia Elizabete Damasceno Carneiro, de
38 anos, que fazia hemodiálise há quase dois anos, foi uma das pacientes
transplantadas. Para ela, passar pelo procedimento, foi o recomeço de uma vida.
“Eu tinha os rins atrofiados, fazia diálise duas vezes por semana no Hospital
Municipal. Não tive medo da pandemia porque tive fé em Nossa Senhora Aparecida
que tudo daria certo. É o início de uma nova vida”, afirmou emocionada.
O Hospital Regional do Baixo Amazonas
adotou todas os protocolos de segurança recomendados pelos órgãos de saúde.
“Não tivemos nenhuma dificuldade para realização dos transplantes, seguindo
todas as recomendações. Para nós é motivo de felicidade, pois podemos realizar
procedimentos de alta complexidade ajudando pacientes a terem uma qualidade de
vida melhor”, destacou o médico Alberto Tolentino, coordenador da equipe
cirúrgica de transplante.
Outros cuidados adotados pelo hospital
foram a investigação do coronavírus, tanto no doador, como no paciente. Foram
realizadas tomografias computadorizadas – exame complementar que auxilia na
identificação da Covid-19 – busca epidemiológica nos familiares, exame de
coleta de secreção para detecção do vírus e teste rápido. “Nossa equipe foi
responsável por reacender as atividades de transplante no Estado do Pará. Essa
reinvenção é necessária por uma busca contínua por melhorias. As pessoas
precisam ter chances de vida, não podemos paralisar diante de uma situação nova
e deixar de oferecer opções à população”, afirma o diretor Hospitalar, Hebert
Moreschi.
Os procedimentos só foram possíveis
devido a uma união de esforços, que envolveu desde a aceitação da família, com
o consentimento da doação, a OPO, Hospital Municipal de Santarém (HMS), equipe
de Nefrologia do HRBA, Central Estadual Transplantes do Pará (CET-PA), Serviço
de Transplante e toda a equipe assistencial do HRBA.
Após as cirurgias, os pacientes ficaram
isolados em leitos na Unidade de terapia Intensiva (UTI), com precauções de
contato, depois foram isolados em leitos clínicos e devem receber alta ainda
esta semana.
Realizando transplante de rim desde
2016, o HRBA é referência para 1,3 milhões de pessoas residentes em 30
municípios da região Oeste do Pará, Xingu e Baixo Amazonas, sendo reconhecido
como um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil. É certificado pela
Organização Nacional de Acreditação com o nível máximo de qualidade, a ONA 3 –
Acreditado com Excelência. A unidade presta atendimento 100% gratuito e é
referência no tratamento de casos da Covid-19 na região.