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Crédito: Ascom / HCGV |
A voz ainda não tem a mesma força de
antes, mas é com o sorriso e o olhar que o garoto João Vitor Lobato demonstra
toda a gratidão aos profissionais da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar
Vianna (HC) que o acompanham desde os seis meses de vida, após ser diagnosticado
com uma doença no coração.
Hoje com 12 anos de idade, João voltou
ao hospital nesta semana para continuidade do tratamento. Na última consulta,
ainda no mês de agosto, os exames do garoto natural de Oriximiná, na região
oeste do Pará, diagnosticaram uma arritmia.
A cirurgia para desobstrução da artéria
foi a opção. Duas semanas depois, no mesmo dia da alta, novas dores no peito
acabaram trazendo João de volta para o hospital. Desta vez, para um
"milagre", nas palavras de Vitor Coimbra e Nayara Lobato, pai e mãe
de João.
Durante uma hora e meia, Vitor e Nayara
acompanharam a luta dos médicos do hospital para reverter uma grave
intercorrência na vida do filho. Nesse tempo, fizeram a única coisa que estava
ao alcance de ambos. "Nos apegamos à nossa fé e, independente de religião,
o que aconteceu com nosso filho foi um milagre que veio pelas mãos de toda a
equipe do hospital", conta Vitor.
Reabilitação
A implantação de um marcapasso -
aparelho colocado cirurgicamente para controlar os batimentos cardíacos -
corrigiu a arritmia de João, mas ainda era preciso avaliar como o longo tempo
sem a oxigenação suficiente no organismo poderia ter afetado a vida do garoto.
O diagnóstico era de tetraparesia
espástica, condição semelhante a uma paralisia cerebral que compromete a coordenação
motora e provoca alterações no tônus muscular e no padrão de movimentos do
tronco, pescoço e cabeça.
Reverter o novo quadro clínico não seria
fácil e as primeiras sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e
fonoaudiologia começaram ainda na Unidade de Terapia Intensiva. A evolução foi
surpreendente e se tornou mais perceptível quando João voltou a ter o pai e mãe
ao lado, o que não era possível na Unidade de Terapia Intensiva.
"A presença da família é sempre
muito importante em todo e qualquer tipo de tratamento. No caso do João, pai e
mãe sempre reproduziam os estímulos trabalhados pela equipe multiprofissional
do hospital. A evolução era diária e às vezes surpreendentes. Hoje é uma
alegria reencontrá-lo tão bem depois de tudo que ele passou, o que reforça a
importância do trabalho dos nossos profissionais enquanto ele esteve
internado" - Ana Capeloni, chefe de Enfermagem na Clínica Pediátrica.
Acompanhamento
Em tratamento há mais de 10 anos, João
Vitor é uma das 130 milhões de crianças que, segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), tem algum tipo de cardiopatia. No Pará, a Fundação Hospital de
Clínicas é a referência nessa especialidade, com acompanhamento podendo ser
iniciado antes mesmo do nascimento da criança, quando há um diagnóstico precoce
por meio de ecocardiograma fetal ou quando a mãe apresenta algum tipo de doença
no coração.
Nestes casos, é realizado acompanhamento
ambulatorial multidisciplinar obstétrico, cardiopediátrico e outras
especialidades até a realização do parto. Para pacientes com suspeita ou
diagnóstico de cardiopatia congênita após o nascimento, o atendimento é
iniciado via regulação estadual e o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico,
com o paciente sendo monitorado pelo hospital até a fase adulta.
Josélia Pantoja Mansour, chefe da
Clínica Pediátrica na Fundação ressalta que a partir do diagnóstico é preciso
garantir o atendimento a esses pacientes que geralmente convivem com logos
períodos de tratamento. "Tão importante quanto o diagnóstico, o acompanhamento
antes, durante e depois do tratamento tem grande relevância para a avaliação da
evolução do procedimento, assim como o monitoramento de outros resultados de
acordo com o crescimento da criança até a vida adulta", explica a médica
cardiopediatra.