A vacinação contra a Covid-19, oferecida
gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não descarta a necessidade de
manutenção dos protocolos de segurança contra a doença. Segundo o médico
infectologista do Hospital Geral de Ipixuna do Pará, Márcio Erivaldo Maia
Uchôa, nenhuma vacina disponível, mesmo para outras doenças, garante que os
vacinados com as doses recomendadas fiquem 100% livres do risco de adoecer.
"A diferença ao contrair a doença após a vacinação é que os sintomas serão menos intensos, e com risco de morte menor que os 3% que temos hoje, como taxa de mortalidade geral para muito menos de 1%. Embora seja uma excelente tática para controle da epidemia, deve obrigatoriamente ser acompanhada das medidas já bem conhecidas para evitar a Covid-19. Volto a repetir: é importante higienização frequente e rigorosa das mãos, distanciamento social e uso de máscaras, especialmente quando em ambientes fechados", reforçou o médico.
Reavaliação - Sobre a previsão do fim do uso de métodos preventivos, o especialista informou que apenas quando a população estiver amplamente vacinada, e os mecanismos dessa imunidade forem totalmente esclarecidos, será possível reavaliar a efetividade ou não de manter as medidas de distanciamento social para a proteção individual. Mas, por enquanto, elas ainda são valiosos aliados na prevenção da Covid-19.
Sobre as incertezas em relação à reinfecção, o infectologista frisou que "é importante salientar que os casos confirmados no mundo são raríssimos, em parte devido à subnotificação, já que para confirmar reinfecção é necessário que tenha sido feito sequenciamento genético nos dois episódios de doença. Entretanto, alguns especialistas internacionais demonstraram a possibilidade de reinfecção entre 10 a 15% dos pacientes, de acordo com estudo publicado na prestigiada revista médica The Lancet, em abril de 2021".
Os motivos relacionados às reinfecções, de acordo com o estudo citado pelo médico do HGI, seriam a incapacidade de algumas pessoas de produzir defesas (anticorpos, imunidade celular etc.) em quantidade suficiente para impedir os novos quadros, e também que quadros assintomáticos gerem menor produção de defesas, e consequentemente maior risco de reinfecção pelo SARS COV-2. Outra possível causa de reinfecção, acrescentou Márcio Erivaldo Maia Uchôa com base no estudo, seria a circulação de cepas com diferenças estruturais significativas em relação à da primeira infecção, o que facilitaria o "escape" do vírus da imunidade produzida no primeiro quadro da doença.
"Com base nos motivos expostos,
podemos inferir que pessoas com enfermidades debilitantes, como câncer, doenças
imunológicas ou em uso de medicamentos que causem redução da resistência
(imunossupressores, corticoides em doses elevadas e por tempo prolongado) têm o
sistema imune mais frágil e, consequentemente, maior risco de reinfecção",
ressaltou o infectologista. (Texto: Joelza Silva - Ascom/HGI).