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Crédito: Beatriz Pastana / Ascom Pará 2000 |
A equipe técnica do Parque Zoobotânico Mangal das Garças, administrado pela Organização Social Pará 2000, fez, nesta quinta-feira (29 de abril), a soltura de cerca de 10 pássaros de diversas espécies na Reserva José Márcio Ayres, o famoso borboletário.
Após uma análise cautelosa de qual lugar
as aves poderiam viver da melhor forma, de modo a deixá-las o mais próximo
possível de seus respectivos habitats naturais, chegaram à conclusão de que a
Reserva seria o local ideal. Por terem sido criados domesticamente desde
pequenos, estes animais não podem ser reintegrados a natureza, uma vez que
desenvolveram uma dependência com relação aos cuidados humanos.
Os pássaros foram resgatados pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Barcarena (Semade), policiais civis lotados em Barcarena encontraram diversas gaiolas em uma residência. "Esses pássaros, que vieram para cá através da Semade, foram apreendidos, pois eram vítimas de tráfico. Eles passaram por um período de quarentena, onde fizeram diversos exames que avaliaram a saúde deles se estavam totalmente saudáveis para ingressar no espaço, de modo a não comprometer a saúde dos pássaros e nem a do resto da fauna.", comenta Basílio Guerreiro, biólogo do Mangal das Garças.
Segundo Guerreiro, as aves passaram por uma readequação alimentar e por uma observação meticulosa da equipe técnica do Parque Zoobotânico durante a quarentena. Embora eles não possam voltar aos respectivos habitats naturais, o espaço em que vão ficar aproxima-se bastante daquilo que poderiam vivenciar na natureza. "Aqui neste espaço eles vão poder reaprender a voar e ter a vida digna que merecem. Embora a Reserva José Márcio Ayres seja conhecida como borboletário, é um local que também abriga outras espécies. Foram colocadas duas casinhas que servem de comedouros e, posteriormente, será colocado mais uma", acrescenta o biólogo.
Dentre as inúmeras espécies de aves que foram soltas, estão: coleirinho (Sporophila caerulescens), curió (Oryzoborus angolensis), além de uma espécie atípica para a região, o canário (Serinus canaria).
Durante a soltura das aves, havia alguns
visitantes que estavam no borboletário. João Henrique Dias, de 10 anos, uma
criança que estava com a sua família durante este momento, teve a experiência
de soltar um dos pássaros. "Foi uma experiência boa, porque eles estavam
presos. É muito bom saber que agora eles poderão ser livres e não serão mais
maltratados", discorre o menino.
Viveiro das Aningas
Além da soltura dos pássaros na Reserva
José Márcio Ayres, uma maracanã-verdadeira (Primolius maracana), espécie de
visual similar ao das araras, foi solta no Viveiro das Aningas, para fazer
companhia a um outro animal de mesma espécie, que estava solitário e precisava
de um companheiro.
Esta é uma espécie ameaçada de extinção,
o que motiva ainda mais a equipe técnica do Parque Zoobotânico a dar todo o
cuidado e atenção possível para o animal. No Viveiro, estas aves têm um amplo
ambiente propício para se locomoverem e recebem a alimentação adequada.
"Os maracanãs se deram bem, e isso foi um sucesso. Normalmente, alguns
animais demoram para conseguir adquirir afinidade, as vezes exige um longo
processo de adaptação. Às vezes, demoram dias ou até semanas para que isso
aconteça", diz Basílio Guerreiro.
Educação ambiental - A inserção desses
pássaros no Parque Zoobotânico é uma oportunidade de incentivo à educação
ambiental, uma vez que as espécies costumam ser traficadas para domesticação.
O periquito-de-asa-branca é uma ave da família Psittacidae. Não está classificado como ameaçado de extinção, o comércio desta ave diminuiu nas últimas décadas. Mede de 21,5 a 25 cm de comprimento. Único periquito com parte amarelo e branco e ponta azul na asa, rabo verde longo e afiado. Possui uma destacada coloração verde. É uma ave encontrada apenas na Amazônia, do Amapá e Pará até a divisa com o Peru e Colômbia, países em que também ocorre. Em certas épocas do ano, este pássaro aparece com muita frequência em Belém do Pará, em busca de mangas e sementes de samaumeira, que são abundantes na cidade.
A maracanã-verdadeira é uma ave da
família Psittacidae. Também é conhecida pelos nomes arara-pequena, ararinha,
maracanã, mulata-maracanã, dentre outros. Essa espécie é classificada como
vulnerável a extinção, ou seja, se as medidas corretas não forem tomadas, este
animal pode, de fato, ser extinto. A maracanã é uma espécie de arara de
coloração verde com cerca de 40 centímetros. Possui algumas características
incomuns, como a parte de sua face que não possui penas e é pálida,
contrastando com o bico negro. Existem poucos estudos a respeito do comportamento,
reprodução e até mesmo alimentação deste animal. É uma ave encontrada na região
Sudeste e Centro-Oeste, e no Nordeste ocorre no Maranhão, Pernambuco, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia; encontrada também no Paraguai e na
Argentina.
O Mangal das Garças reforça juntos aos
visitantes do espaço a obrigatoriedade do uso de máscara para entrada e
permanência no local. Além disso, as medidas de segurança sanitária mantidas no
Parque devem ser obedecidas, os visitantes devem evitar aglomerações e fazer
uso do álcool em gel e das pias com água e sabão espalhadas em pontos
estratégicos do local.