Aldeia Terrawangã, dos índios Arara da Volta Grande, sem acesso a água potável. Foto - Helena Palmquist -Ascom-MPF-PA |
O Ministério Público Federal
enviou à Norte Energia S.A recomendação para que forneça, em caráter
emergencial, água mineral aos índios Arara da Volta Grande, moradores da aldeia
Terrawangã. A empresa responsável pela usina de Belo Monte não concluiu até
hoje as obras do sistema de abastecimento de água dos Arara. Eles moram no
trecho do Xingu que sofre o maior impacto da hidrelétrica, com redução de 80%
da vazão do rio. O abastecimento de água para os
índios moradores do chamado Trecho de Vazão Reduzida é uma obrigação prevista
no licenciamento e deveria ter sido concluída em 2012. “No dia 1 de agosto de
2016, chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal carta dos indígenas
da TI Arara da Volta Grande, Aldeia Terrawangã, na qual relatam que a
comunidade está hoje consumindo água do rio Xingu sem nenhum tratamento”, diz a
recomendação do MPF.
Sem sistema de abastecimento, a
captação de água dessa aldeia é feita com baldes diretamente para o consumo.
Estão se multiplicando casos de doenças em decorrência da água utilizada e a
falta de compromisso da empresa em dar cumprimento aos acordos firmados,
segundo o MPF. No trecho de 100 quilômetros do
Xingu conhecido como Volta Grande, moradia tradicional dos Arara, o desvio para
abastecer Belo Monte tornou as águas inadequadas para consumo humano.
“Inadmissível a situação relatada pela comunidade”, registra a recomendação,
assinada pela procuradora da República Thais Santi. A recomendação dá um prazo de 30
dias para a conclusão do sistema de abastecimento. Enquanto não for concluída a
obra, a Norte Energia precisa fornecer imediatamente água mineral para a
aldeia.