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A
medalha de prata no tiro esportivo conquistada por Felipe Wu, a primeira do
Brasil nos Jogos do Rio de Janeiro de 2016, fez o mundo lembrar de Guilherme
Paraense (1884–1968), que foi o primeiro atleta brasileiro a conquistar uma
medalha de ouro olímpica para o país, na modalidade tiro esportivo, nos VII
Jogos Olímpicos de Verão, em Antuérpia (Bélgica), em 1920. Naquele ano, o
tenente, junto com outros 20 esportistas, fez parte da primeira delegação
brasileira a disputar uma edição dos Jogos.
Agora,
96 anos depois, um brasileiro repete o feito. Felipe Wu quer ajudar o tiro
esportivo a mudar a imagem. No âmbito financeiro, os atletas do tiro esportivo
têm duas queixas, que ecoam entre os adeptos da modalidade. “Temos muito
problemas para importar material, quando chega aqui no Brasil, vem com tanto
imposto que fica quase inviável. Outro fator são os prazos: às vezes demora um
ano para receber uma arma ou munição importada. Espero que este resultado mude
essa realidade. E mude a mentalidade das pessoas, porque nossa confederação é
uma das únicas que não tem patrocínio, porque as pessoas ainda ligam muito o
tiro esportivo a outras questões”, afirmou Wu.
Felipe Wu - Foto Ministério do Esporte - Foto Públicas |
É
o Pará
Nascido
em Belém do Pará, no dia 25 de junho de 1884, Guilherme Paraense foi ainda
menino para o Rio de Janeiro, onde, aos 5 anos, começou a frequentar a Escola
Militar de Realengo. A prática do tiro era exigida no exercício de suas
atividades como militar. Sua tranquilidade o fazia atirar com mão firme,
invariavelmente acertando o alvo, independente do formato que tivesse.
Seus
atributos logo lhe renderam conquistas: no final da década de 1910, o tenente
foi campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade tiro com revólver.
Em 1914, junto a um grupo de atiradores, fundou, no Rio de Janeiro, o Revólver
Clube, destinado a conferir maior atenção à prática do tiro esportivo, que
vinha ganhando um número crescente de adeptos. O clube favoreceu a realização
de torneios e aprimorou o desempenho de atletas dedicados à modalidade.
Diante
dos resultados, Paraense foi convidado a compor a primeira equipe brasileira de
tiro, que partiu rumo a Antuérpia com parcos recursos, numa viagem que durou 28
dias a bordo de um navio mercante cedido pelo governo federal. Numa escala em
Portugal, a equipe de atiradores decidiu seguir de trem até a Bélgica, pois o
navio não chegaria a tempo do início da competição. Na prova de pistola de tiro
rápido individual, em um campo aberto e com muito vento, o tenente marcou 274
pontos dos 300 possíveis, ficando apenas 2 pontos à frente do 2 ºcolocado. A
conquista inédita da medalha de ouro entrou para a história do esporte
brasileiro.
Em
1989, o pioneiro do ouro foi homenageado pelo Exército brasileiro, que batizou
com o nome Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense o conjunto de estandes
de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende (RJ),
onde, além disso, é realizado anualmente um torneio que também leva seu nome,
válido para o calendário brasileiro de competições de tiro esportivo.
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Texto baseado no
livro Heróis Olímpicos Brasileiros, da autora Katia Rubio (Editora Zouk, 2004).