A Embrapa lança amanhã (24) em
Belém, a partir das 8h30, uma nova cultivar de banana do tipo prata, uma das
mais apreciadas no Norte do país. Desenvolvida especialmente para a região, a
BRS Pacoua destaca-se por apresentar maior produtividade e resistência as
principais doenças que atacam os bananais no Brasil, como a Sigatoka-negra e
Sigatoka-amarela. O evento ocorrerá na sede na Embrapa Amazônia Oriental e será
destinado a autoridades, imprensa, parceiros e setor produtivo. Consta na
programação, palestras sobre o desenvolvimento da cultivar e cenário na
bananicultura no Pará, além da degustação do fruto in natura e de produtos
feitos à base da banana no caminhão de processamento de frutos do Senai.
Dia 25, todo o potencial
produtivo do fruto será demonstrado no dia de campo, em área de lavoura no
município de Santo Antônio do Tauá, das 8 às 12h. O Pará é o quinto produtor de
banana do Brasil, com uma produção anual de cerca de 600 mil toneladas,
dividida em quase 60 mil hectares, mas ainda assim precisa importar 30% do
fruto para abastecer o estado. Na região metropolitana de Belém (RMB), o volume
de importação pode chegar a três vezes mais, pois segundo dados da Ceasa (Pa),
das cerca de 41 mil toneladas comercializadas em 2015, quase 90% foram provenientes
de outros estados.
A BRS Pacoua, se cultivada com
tecnologias e manejo adequados, pode produzir até 40 toneladas por hectare
(t/ha) a partir do segundo ciclo, mais que o dobro da média nacional, que é de
14 (t/ha) (IBGE/2015). Essa produção tiraria o Pará da dependência externa do
fruto e pode significar uma redução de até 30% do valor da fruta comercializada
na RMB, conforme avaliou o pesquisador Urano de Carvalho, especialista em
frutíferas da Embrapa Amazônia Oriental.
Outra vantagem do fruto sobre as
atuais bananeiras cultivadas no Pará é a resistência a Sigatoka Negra e a
Sigatoka Amarela, o que garante ao produtor e ao consumidor final, um fruto com
menor incidência de agrotóxicos, além de menor índice de despencamento, o que
confere à banana maior tempo de prateleira.
Produzida majoritariamente pela
agricultura familiar, a produção estadual está em cerca de 13 t/ha (IBGE/2015),
um pouco abaixo da média nacional, e a baixa tecnologia empregada na produção
se reflete em frutos de menor qualidade e consequente, menor valor de mercado.
A adoção da nova bananeira pela agricultura familiar paraense, além de produtos
mais saudáveis, pode representar um complemento na fonte de renda, garantindo
segurança alimentar e melhoria de qualidade de vida às famílias, conforme
explicou o engenheiro agrônomo Antônio Menezes, analista da Embrapa Amazônia
Oriental e um dos responsáveis pela condução dos experimentos com a BRS no
Pará.
De acordo com Antônio Menezes, a
banana é muito utilizada em consórcios, sejam em sistemas agroflorestais (SAFs)
ou junto a plantações de açaí e cacau. “A banana produz em um ano e ajuda o
agricultor conseguir um retorno rápido do investimento, pois o açaí leva em
média quatro anos para produzir por exemplo. Além da renda com venda da banana,
as folhas e restos do manejo do bananal servem de adubo e armazenamento de água
para a plantação de açaí, reduzindo os custos de manejo”, explicou.
A Bananeira BRS Pacoua
A BRS Pacoua é um híbrido de
bananeira, produto do cruzamento iniciado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura
nos anos 90. A partir daí, foi implantada uma rede de ensaios nacionais de
genótipos promissores, incluindo o estado do Pará, para onde a cultivar é
recomendada — os experimentos no Norte do país foram conduzidos em parceria com
equipe da Embrapa Amazônia Oriental (PA). Mostrou vantagens comparativas em
relação às cultivares rotineiramente utilizadas pelos produtores paraenses,
principalmente nas questões associadas com resistência a doenças.
“A BRS Pacoua tem como parental
feminino a cultivar Pacovan. E a grande diferença entre as duas variedades diz
respeito à resistência a doenças. Há três doenças principais que acometem a
bananicultura nacional: Sigatoka-amarela, Sigatoka-negra e mal-do-Panamá. A BRS
Pacoua é resistente à Sigatoka-amarela, ao mal-do-Panamá e medianamente
resistente à Sigatoka-negra. Enquanto a Pacovan é suscetível às duas sigatokas
e apresenta certo nível de suscetibilidade também ao mal-do-Panamá”, explica o
pesquisador Edson Perito Amorim, líder do Programa de Melhoramento Genético da
Bananeira da Embrapa.