Policiais civis descobrem plantações de maconha em apartamentos no centro de Belém

A Polícia Civil desarticulou um esquema de tráfico de drogas, que usava apartamentos de alto padrão e casas para plantio de maconha em estufas climatizadas e com uso de produtos agrícolas. Duas pessoas responsáveis pelo plantio foram presas em flagrante por tráfico, durante operação da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), em Belém, na tarde de quinta-feira (24). Os detalhes sobre o flagrante foram divulgados nesta sexta-feira (25), na sede da Divisão, no bairro do Telégrafo.

Também foram apreendidas drogas sintéticas (comprimidos de ecstasy e cartelas de LSD) nos imóveis. A maconha e as drogas sintéticas eram fornecidas para eventos, como festas com música eletrônica (raves). Os detalhes da operação foram apresentados pelo delegado-geral de Polícia Civil, Rilmar Firmino; pelo diretor de Polícia Especializada, delegado Silvio Maués, e pela delegada Fernanda Maués de Souza, da Denarc, responsável pelo flagrante. A delegada informou que as sementes da droga foram compradas pela internet, por meio de sites internacionais, nos quais é possível ver instruções sobre o cultivo de maconha "in-door" (em local fechado).

Ela explicou que os acusados começaram o cultivo da droga para consumo próprio. Porém, com o tempo, passaram a comercializar para conhecidos por causa do alto valor desse tipo de maconha. Além disso, por ter o princípio ativo (Tetra-hidrocanabinol - THC) potencializado para provocar efeito alucinógeno mais forte do que a maconha normal, a droga pode ser vendida em menores porções, mas por um preço maior. "Um quilo da maconha do tipo haxixe chega a valer até R$ 8 mil, enquanto um quilo da maconha normal sai por R$ 200,00", ressaltou a delegada.

Estufas climatizadas - Na operação foram vistoriados quatro imóveis - dois apartamentos localizados em prédios de alto padrão e duas casas. Em três desses locais havia cultivo de maconha. Em um dos apartamentos situado em um prédio na Avenida Gentil Bittencourt, Bairro de Nazaré, os policiais encontraram maconha plantada em estufas, com iluminação por lâmpadas fluorescentes, climatização com aparelhos de ar-condicionado, adubos e insumos.

O outro apartamento fica na Rua Rodolfo Chermont, Bairro da Marambaia, e uma das casas na Travessa Castelo Branco, Bairro do Guamá. Os policiais civis prenderam nesses locais Helio Bezerra Pontes, 32 anos, e Juliana Régis Dias Ferreira, 32.

Conforme a delegada Fernanda Maués de Souza, Helio é dono de um apartamento no Bairro da Cidade Velha e responsável pelo aluguel de outros imóveis para o tráfico de drogas. Ela disse que os dois não moravam nos locais usados para o cultivo da erva, e costumavam mudar constantemente de endereço. Atualmente, os acusados, que afirmaram ser apenas amigos, cultivavam a droga nos imóveis desde abril e maio deste ano.

Crime organizado - Para não despertar a atenção da vizinhança, Helio e Juliana usavam produtos para amenizar o cheiro da erva. Em média, os acusados faturavam por mês de R$ 30 mil a R$ 50 mil com as vendas, segundo levantamento inicial realizado pela Denarc. A delegada acredita que há uma rede do crime organizado por trás do esquema de tráfico de drogas. "As investigações serão aprofundadas para averiguar o envolvimento de outras pessoas no esquema", afirmou a delegada.

Os presos foram autuados por tráfico de drogas e apresentados à Justiça, ainda na manhã desta sexta-feira, para a audiência de custódia. O delegado-geral Rilmar Firmino destacou que a apreensão de maconha cultivada em um apartamento na área urbana de Belém ocorre no momento em que policiais civis da Denarc atuam em uma operação policial, denominada Tapera, que já destruiu mais de 16 plantações de maconha em regiões de reservas indígenas, situadas no nordeste do Pará, na divisa com o Maranhão.