Banda do Corpo de Bombeiros vira patrimônio cultural e imaterial do Estado

Projeto de lei do governo do Estado reconhece a banda do Corpo de Bombeiros Militar como patrimônio cultural e imaterial do Estado - Foto Cláudio Santos - AG.PA

No mesmo ano em que a banda do Corpo de Bombeiros Militar do Pará completa 26 anos de sua atual formação e 126 anos de atividade, foi sancionado um projeto de Lei, pelo Governo do Estado, que torna o grupo musical patrimônio cultural e imaterial do Estado desde o dia 1º de dezembro. A banda está dividida atualmente em dois grupos: um com 53 integrantes em Belém e outro com 14 em Castanhal. O grupo é formado principalmente por militares músicos concursados nas turmas de 1990 e 1992, além de outros bombeiros que se dividem entre suas funções militares como combatentes do fogo e o universo da música.

Os músicos fazem apresentações em todo Pará, principalmente com a missão levar arte, cultura, educação e música para instituições e localidades. No repertório estão sons institucionais como o hino do Pará ou o hino nacional, existem musicas populares como bregas paraenses antigos e sucessos nacionais.

 “Nós músicos temos muito orgulho de fazer parte desta corporação e do nosso trabalho aqui, atuando em escolas, igrejas e praças. Nós tocamos gratuitamente e obedecemos às demandas da sociedade e do comando geral. Além disso, temos um trabalho importante com as crianças do interior e da capital com o projeto Escola da Vida”, explica o Capitão Clerissom Lima, 44, chefe da banda e integrante do grupo desde 1990.

Mesmo que a maioria dos integrantes da banda tenha entrado no grupo pela música, todos também são bombeiros treinados e estão preparados para qualquer emergência. Estas situações não são tão raras.

Há pouco mais de duas semanas, a banda vinha de uma apresentação em uma igreja católica em Ananindeua. O ônibus que transportava os militares passou pelo bairro da Marambaia e quando se aproximou da avenida Dalva onde havia um tumulto com moradores gritando e tentando entrar em uma casa. As pessoas viram o ônibus dos bombeiros e na hora começaram a pedir socorro.

“Na hora nós pensamos que se tratava de um incêndio e descemos correndo para ajudar. Só tínhamos um extintor na mão. Mas se tratava de um senhor que havia passado mal com uma crise de convulsão. Ele estava prestes a morrer sufocado quando chegamos”, diz o subtenente Joaes Lima.

Graças aos bombeiros-músicos, a vítima foi atendida a tempo e sobreviveu. “Eu fui a casa dele no outro dia e a família nos agradeceu muito. Sinto como se tivessem nos colocado ali naquela hora para salvar aquela pessoa. E a gente se sente bem, porque nós servimos a sociedade tanto como músicos e como bombeiros militares”, detalha o subtenente.

Joes Lima é um músico da banda que eventualmente pode atuar também como combatente, no entanto, existem integrantes da banda que são combatentes do fogo e dividem o seu tempo entre os ensaios e apresentações.

O cabo Isaias Silva, 33, é um dos quatro militares da corporação que se divide entre as missões e salvamento e os ensaios com o trompete. Entre os sons dos metais e das sirenes, ele diz que se sente completo.

“Estas são funções bem distintas, mas eu sinto que elas se completam. Eu já era músico antes de entrar na banda e depois que me formei eu fui chamado para também participar da banda Então eu já pude realizar sonhos como tocar em diversos lugares como no Theatro da Paz, com a minha esposa na plateia, e também, em outro turno salvar a vida de quem precisa do auxílio do corpo de bombeiros”, conta o cabo Isaias, 33.

Ensino – o Segundo Sargento, Airton Paraguai Júnior, 46, está na banda desde o início dos anos 90 e no ano que vem entrará na reserva. Sua paixão é o estudo da música como arte e ciência, principalmente na percussão, área que possui aplicações ilimitadas. No ano passado, depois tantos cursos, apresentações, conquistas e experiências na carreira de músico, ele descobriu uma nova vocação: professor.

“No ano passado eu fui chamado para participar das aulas do Programa Escola da Vida e foi uma grande experiência. Nós aprendemos muito mais quando ensinamos e percebemos as diferentes maneiras de repassar o conhecimento. Eu acredito muito na música como um agente transformador na vida destas crianças e jovens, por isso para mim é muito recompensador trabalhar como instrutor e poder contribuir com este projeto”, diz o subsargento.