Maior desmatador da Amazônia monitorava por satélite atuação criminosa do grupo



O homem acusado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser o maior desmatador da Amazônia, Antônio José Junqueira Vilela Filho, utilizou diversas inovações que possibilitaram a devastação de proporções inéditas provocada por ele e seu grupo na região. Uma dessas novidades foi a possibilidade de monitorar em tempo real, em São Paulo, as queimadas que os seus liderados promoviam em Altamira, no Pará. O monitoramento era feito via satélite, conforme comprovaram interceptações telefônicas citadas pelo MPF em uma das cinco novas ações ajuizadas este mês contra o grupo.

A denúncia sobre o desmatamento provocado na Terra Indígena (TI) Menkragnoti e em outras áreas confirma, ainda, dados levantados na investigação sobre o uso de critérios científicos para camuflar a devastação. As árvores com copas mais altas eram preservadas para que as demais espécies fossem derrubadas sem que o crime pudesse ser identificado pelos satélites de detecção de desmatamento.

“É como se a floresta virasse um zumbi: mesmo protegida do corte raso, ela está funcionalmente morta e esvaziada de fauna e flora”, registra o MPF na denúncia, em que também é citada pesquisa sobre o tema feita pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e pelo Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA), com a participação de 18 outras instituições científicas.