Estação Bolonha passará por reparos em adutora - Foto Divulgação |
A adutora da Estação Bolonha, a
mais importante do sistema de distribuição de água da Companhia de Saneamento
do Pará (Cosanpa), está com um vazamento grave que só pode ser contido com a
substituição da parte danificada por uma nova peça. O vazamento decorre do
fenômeno de acomodação das terras alagadas sobre as quais a adutora está
assentada, no Parque do Utinga.
Com a estação desligada, das 21h de sexta às 21h de domingo, ficam sem água, total ou parcialmente, 21 bairros: Guamá, Condor e Cremação, São Brás, Canudos, Fátima, parte do Marco, Terra Firme, Jurunas, parte de Batista Campos, Pedreira, Telégrafo, Barreiro, Sacramenta, Marambaia, Castanheira, parte de Jaderlândia, Atalaia, Guanabara, parte do Coqueiro e parte da Cidade Nova.
O conserto é um serviço delicado, segundo a Cosanpa.
Se não for feito logo, o problema se agrava, com risco de rompimento da grande
tubulação, o que implica em enormes prejuízos, muitos danos para o sistema e
transtornos ainda maiores para a população. “A obra é inevitável e,
infelizmente, demorada. Mas sem ela corremos o risco de um colapso em parte da
distribuição”, explica Fernando José Martins, diretor de expansão e tecnologia
da Cosanpa.
O vazamento foi detectado na
segunda quinzena de dezembro. Imediatamente, a Cosanpa providenciou os reparos
de contenção. Mas uma análise técnica revelou que era preciso uma intervenção
maior para evitar o rompimento. “Não é como vedar o vazamento de uma tubulação
doméstica, ou trocar uma torneira que fica pingando o tempo todo”, compara
Fernando. “Estamos falando da maior adutora de Belém, por onde passam 13,5
milhões de litros d’água por hora”, adverte.
A adutora é o caminho das águas.
Leva o produto captado nos mananciais e tratado na Estação Bolonha até a
Estação São Brás, onde se conecta com os dutos que distribuem essa água para
seis setores, responsáveis pelo abastecimento de 168 mil pontos de consumo, em
18 bairros. “Essa adutora é a origem da distribuição de água para 850 mil
pessoas”, destaca Fernando Martins.
CRONOGRAMA - É a grandeza da
adutora, e sua importância no sistema, que torna a obra mais demorada. O prazo
foi encurtado o máximo possível com a adoção de um cronograma que prevê
serviços preliminares, que já estão sendo feitos sem interromper o fluxo da água,
e uma etapa intensiva, com trabalho ininterrupto, no período em que for
necessária a suspensão do sistema.
A obra começou com a preparação
do terreno onde está assentada a adutora, com a fabricação da peça reserva que
vai substituir a seção danificada e fazer a contenção preliminar do vazamento.
A partir das 21 horas de sexta-feira (20), os operários vão cortar a adutora em
dois pontos, retirar um trecho de 3 metros, colocar a peça substituta e
soldá-la, além de reforçar a estrutura remanescente.
“Este serviço tem de ser feito
com a área isolada e seca, e envolve cerca de 30 pessoas. Os operários vão
seccioná-la. Depois, vão operar de fora, com guindastes e monitoramento, para a
instalação da peça substituta, que tem três metros de extensão, um metro e meio
de diâmetro e pesa quase duas toneladas”, detalha o diretor.
“Em seguida, duas equipes com
quatro soldadores vão se revezar na soldagem pelo interior e por fora da
adutora para agilizar o serviço. Esse trabalho que precisa ser feito sem
interrupção, demora cerca de 20 horas”, revela. “Ainda é preciso reforçar a
estrutura por fora, com a instalação de cintas de proteção que a estabilizam,
para não haver rompimentos futuros. Só então a água será religada”, detalha.
Fernando esclarece que, mesmo
depois que o sistema for restaurado, é preciso controlar a vazão da água. “É
uma adutora de um metro e meio de diâmetro. A água tem que ser liberada aos
poucos, até preencher todo o tubo e ganhar a pressão necessária para a
distribuição ser recomposta. São pelo menos seis horas somente neste processo”,
calcula. “Por isso, alguns bairros acabam recebendo a água antes dos outros.
Mas, com certeza, na segunda-feira (23) pela manhã, todo o sistema estará
normalizado”, garante Fernando.
CARROS-PIPA - A Cosanpa reconhece
que o serviço provoca transtornos, mas lembra que a obra é necessária para
evitar o pior. A companhia recomenda que a população se previna, armazenando
água e reduzindo o consumo na sexta-feira.
Os locais onde a falta dágua pode
gerar riscos, como os hospitais, serão abastecidos por carros-pipa operados
pela Defesa Civil. Serviços como a hemodiálise, por exemplo, não serão
paralisados. Lugares de grande concentração de pessoas também entram na rota
alternativa, bem como conjuntos habitacionais a serem definidos pela companhia.
“A Cosanpa lamenta o transtorno,
mas pede a compreensão da população. Nosso objetivo é evitar um mal maior. Para
isso, estamos nos comunicando com a sociedade da forma mais transparente
possível, para que tudo volte rapidamente à normalidade”, acrescenta Fernando
Martins.