O secretário adjunto de Gestão Operacional da Segup, coronel PM Hilton Benigno, defendeu a criação do gabinete de gestão municipal da segurança - Foto Agência Pará |
Cerca de 100 moradores de comunidades das quase 70 ilhas de Abaetetuba,
no nordeste do Pará, discutiram, em audiência pública, a problemática do
aumento de roubos praticados pelos chamados “piratas”. O evento ocorreu nesta
semana no centro social da igreja Sagrado Coração, na comunidade do rio
Maracapucu Sagrado, localizada a cerca de 20 minutos da sede da cidade.
Na audiência, à qual compareceram moradores e de representantes de
órgãos integrantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
(Segup), Prefeitura de Abaetetuba e Câmara Municipal, foram firmados onze
encaminhamentos. Na segunda-feira (16), as polícias Civil e Militar vão
intensificar as atuações na região insular da cidade.
A audiência foi aberta com a fala de sete moradores e representantes da
sociedade civil. “Não dormimos direito, não conseguimos sair cedo, nossa gente
está com medo”, disse Jonas Vilhena, 27. O conselheiro tutelar Juceli Souza
relatou a falta de alternativa aos adolescentes. “A segurança pública não é
feita somente com policiamento, mas também com políticas públicas. Os jovens
não têm espaço de cultura e quadras esportivas. Existem muitos bares com a
presença de menores”, afirmou.
Dentre os encaminhamentos, estão a criação de uma base policial na
comunidade, instalação de um gabinete municipal de segurança, aquisição de uma
lancha para a melhoria do aparato de segurança, reforço de efetivo da Polícia
Militar, criação do agente municipal de segurança e manutenção de audiências
públicas.
“Estivemos aqui para escutar a comunidade, sabendo que o trabalho deve
ser integrado, por isso a importância da criação do gabinete de gestão
municipal da segurança, que envolva os órgãos, os poderes executivo e
legislativo da cidade de Abaetetuba, além da sociedade civil”, disse o
secretário adjunto de Gestão Operacional da Segup, coronel PM Hilton Benigno.
Integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e do Centro de Perícias Científicas
Renato Chaves também estiveram na audiência.
O diretor do Grupamento Fluvial da Segup (Graesp) apontou algumas
limitações identificadas no trabalho das investigações. “Precisamos da presença
do judiciário e do Ministério Público, senão teremos dificuldade em
diligenciar. Não podemos entrar na casa de ninguém sem mandados”, alegou.
Apesar de convidados, representantes do judiciário e do MP não estiveram
presentes. “Esse é um momento histórico aqui nas ilhas. Estamos discutindo com
as forças de segurança uma forma de resolver ou minimizar nossos problemas”,
destacou o prefeito da cidade, Alcides Negrão.
Segundo a Polícia Civil, no comparativo entre os anos de 2015 e 2016, o
Baixo Tocantins registrou a queda de 20% e de 29%, respectivamente, nos números
de homicídio e latrocínio. Já o roubo se mantém em crescimento. Os dados da Segup
mostram que no ano passado, naquela região, mais de 500 pessoas foram presas
por envolvimento com algum tipo de delito e 127 veículos foram apreendidos por
alguma irregularidade.